
Uma das mais belas obras produzidas pela humanidade, a estátua renascentista de David, do genial Michelangelo, completou 500 anos em 2004. Atraído emocionalmente e esteticamente pela perfeição da beleza masculina, Michelangelo nos contempla com uma das mais perfeitas concepções do corpo do homem e a sua incansável ambição de encontrar o ideal grego da beleza, traz um realismo anatômico que parece dar vida à estátua, saltando do mármore uma nudez edênica diluída em veias latejantes, curvas e músculos que quebram a sua frieza de pedra. Nos seus 5,17 m de altura, a juventude e perfeição humana registram aqui um momento de eternidade, como se a degeneração do corpo e do físico estivesse esquecida, muito além do Éden e das suas portas fechadas para a perfeição da obra contestada de Deus.
Genialidade e Perfeição
Inspirada na figura histórica do rei David, conquistador de Jerusalém e responsável pelas promessas messiânicas que atravessariam os séculos e as religiões, a estátua de Michelangelo traz um David momentos antes de enfrentar o gigante Golias. Michelangelo começou a esculpi-la em Florença, em 1501, a partir de um gigantesco bloco de mármore abandonado há quarenta anos em um local pertencente à catedral da cidade. O bloco tinha sido entregue ao escultor Duccio, para que esculpisse nele a estátua de um profeta, mas Duccio morreu logo a seguir. Do imenso bloco de mármore surgiu a colossal estátua de David, apresentada três anos mais tarde, em setembro de 1504.
Por causa da sua realista genialidade anatômica, a criação de Michelangelo sofreu vários ataques numa Europa que deixava aos poucos os pudores da Idade Média, assustando-se com a sua nudez perfeita. Exposta em frente ao Palazzo Vecchio (Palácio Velho), na Piazza Della Signoria (Praça da Senhoria), em Florença, foi recebida com muitos protestos e tentativas de cobri-la com uma tanga, naquele ano de 1504, os florentinos receberam-na com pedradas e, em outra ocasião, um banco foi arremessado contra ela por desordeiros.
Mas a obra resistiu aos protestos e às agressões, e com o passar dos anos passou a ser admirada e venerada, sendo
feita símbolo máximo daquela cidade da Toscana. A estátua esteve em frente ao Palazzo Vecchio até 1873, quando foi transferida para o interior da Galleria dell’Accademia (Galeria da Academia), para protegê-la dos desgastes externos. Em 1910 foi feita uma réplica para marcar a entrada do palácio, e as proporções humanas quase perfeitas do original podem ser admiradas na Accademia, que recebe milhares de visitantes todos os anos.
Na comemoração dos seus 500 anos a estátua ganhou o direito a um conturbado e delicado processo de restauração, após um estudo de 11 anos de qual seria a melhor forma de fazer essa restauração sem danificar muito a obra, que sofreu degradação durante os séculos que esteve exposta ao relento.
Vista de todos os ângulos, a estátua revela um homem no esplendor da sua nudez, da sua virilidade anatômica saltitante e pulsativa, da sua juventude inatingível e perene, como se o mármore fosse a vida, e a vida o mármore. Da vasta cabeleira encaracolada, aos pêlos limiares a desvendar o sexo em repouso, dos dedos perfeitos e das veias que das mãos saltam, vamos nos perdendo nos labirintos da perfeição da obra. Momento único da genialidade criativa de Michelangelo. David é a volta ao clássico grego, sem perder a sua identidade e fascínio que seduziu através dos séculos, transformando-se numas das obras mais contempladas do planeta. David é o exemplo de quando a obra transcende ao criador e cria a sua própria história.
Genialidade e Perfeição

Por causa da sua realista genialidade anatômica, a criação de Michelangelo sofreu vários ataques numa Europa que deixava aos poucos os pudores da Idade Média, assustando-se com a sua nudez perfeita. Exposta em frente ao Palazzo Vecchio (Palácio Velho), na Piazza Della Signoria (Praça da Senhoria), em Florença, foi recebida com muitos protestos e tentativas de cobri-la com uma tanga, naquele ano de 1504, os florentinos receberam-na com pedradas e, em outra ocasião, um banco foi arremessado contra ela por desordeiros.
Mas a obra resistiu aos protestos e às agressões, e com o passar dos anos passou a ser admirada e venerada, sendo

Na comemoração dos seus 500 anos a estátua ganhou o direito a um conturbado e delicado processo de restauração, após um estudo de 11 anos de qual seria a melhor forma de fazer essa restauração sem danificar muito a obra, que sofreu degradação durante os séculos que esteve exposta ao relento.
Vista de todos os ângulos, a estátua revela um homem no esplendor da sua nudez, da sua virilidade anatômica saltitante e pulsativa, da sua juventude inatingível e perene, como se o mármore fosse a vida, e a vida o mármore. Da vasta cabeleira encaracolada, aos pêlos limiares a desvendar o sexo em repouso, dos dedos perfeitos e das veias que das mãos saltam, vamos nos perdendo nos labirintos da perfeição da obra. Momento único da genialidade criativa de Michelangelo. David é a volta ao clássico grego, sem perder a sua identidade e fascínio que seduziu através dos séculos, transformando-se numas das obras mais contempladas do planeta. David é o exemplo de quando a obra transcende ao criador e cria a sua própria história.





