Cronologicamente a Idade Média teve seu fim com a tomada de Constantinopla pelo Império Otomano, em 1453. O que viria depois ainda seria chamado pelos historiadores do crepúsculo da Baixa Idade Média. A partir da última década da centúria quatrocentista dar-se-ia no sul da Europa um rompimento com as crendices medievais e um renascimento nas artes e na ciência, inspiradas nos clássicos gregos. Esta tendência é vista principalmente nas obras de Leonardo da Vinci e do então incipiente Michelangelo e nos estudos de Copérnico.
Mas a aproximação de 1500 trouxe a idéia de que o fim dos tempos estava próximo. E o homem europeu passou a conviver com a idéia de que o Apocalipse dar-se-ia muito em breve. Cristóvão Colombo previa a data do Juízo Final para o ano de 1650. Na contramão do jubileu de Roma de 1500 e das grandes descobertas marítimas, os velhos mitos medievais atormentavam a população do continente. É neste contexto místico que surge a mais apocalíptica de todas as obras de arte : o famoso tríptico do pintor Hieronymus Bosch, As Tentações de Santo Antão.
Bosch e Santo Antão
Jeroen van Aeken, que se tornou um pintor famoso com o pseudônimo de Hieronymus Bosch, nasceu na Holanda, em 1450, e faleceu em 1516. O pseudônimo de Bosch veio das últimas letras do nome da sua cidade natal: Hertogenbosch. Contemporâneo de Jan van Eyck, Bosch traz um estilo totalmente diferente dos artistas da sua época. A sua obra é marcada pelo fantástico , com figuras simbólicas, complexas, caricaturais, algumas figuras desconhecidas para a sua época. Traz para o século XVI características do que seria o surrealismo do século XX , inspirando gênios como Salvador Dali.
As obras de Bosch foram muito apreciadas por Filipe II, da Espanha, daí ter um grande acervo delas em terras ibéricas, principalmente no Museu do Prado, em Madri. Da sua vida há poucos registros. Alguns rumores tornam-se lendários dentro da sua biografia, como o suposto envolvimento com a alquimia e o ocultismo, que teria gerado uma perseguição da inquisição. Não há documentos que comprovem tais fatos, o que fazem deles lendas.
As Tentações de Santo Antão, descreve as tentações vividas por Santo Antão, que nasceu no Egito em 251, vivendo grande parte da sua vida no deserto, aonde sofreu terríveis tentações como sofrera Cristo no período de jejum, nos seus quarenta dias no deserto. Conta-se que Santo Antão morreu com 105 anos, em 356. Tem o nome confundido com Santo Antônio de Lisboa (ou de Pádua, na tradição italiana). Para evitar tal confusão, em língua portuguesa é usado o seu nome arcaico: Antão. É conhecido como o Padre do Deserto, e um dos padres mais conhecido e venerado da igreja. Em 1095 foi fundada uma ordem com o seu nome, a ordem dos Antonianos (Canonici Regulares Sancti Antonii).
A Obra do Apocalipse
As Tentações de Santo Antão (1500), é uma obra que se encontra atualmente no Museu Nacional de Arte Antiga de Lisboa.
Na obra apocalíptica de Bosch as visões do fim do mundo são materializadas em desenhos e pinturas que nos faz ter a idéia do que nos aguarda as profecias, a fustigação do homem por demônios irados e vingativos. Traz um clima sombrio de um homem que traduz em sua obra todos os tormentos da sua época, todas as crenças de uma formação religiosa rígida, nos moldes da igreja medieval vigente em seu país, a Holanda, que brevemente seria abalada pelo surgimento da Reforma. São painéis que pintam em efeitos desconcertantes o definhar dos homens diante da maldição das profecias. Aqui o mundo é grotesco e sente-se ao seu redor o ar putrefato e corrupto.
A inspiração com certeza veio com a grande crença que assolou a Europa e o mundo cristão naqueles últimos anos que precederam 1500, a certeza da vinda do anticristo e do Juízo Final.
No centro do quadro a figura de Santo Antão, ajoelhado, tranqüilo e impassível diante da fealdade ao redor, olhar confiante nas promessas que irão vencer o mundo satânico que o ladeia, dominado pela essência destrutiva das tentações e das figuras demoníacas e entregues ao pecado e à culpa.
O cenário é do fantástico, do mágico, vislumbra o macabro, traz incêndios e monstros imaginários. Há um demônio com crânio de cavalo a tocar alaúde; um peixe metade gôndola, a engolir um homem; uma mulher com calda de lagarto a cavalgar uma ratazana.
Numa época em que o Renascimento traduzia corpos perfeitos e nos contemplava com imagens do belo, as imagens das pinceladas de Bosch causam asco e o fascínio do homem diante das profecias, da expiação e da culpa. O belo dá passagem para o bizarro. O homem espera o Juízo Final. Não veio em 1500, será aguardado para 2000. Nas imagens de As Tentações de Santo Antão o presságio daquela que seria a obra do Apocalipse.
ALGUMAS OBRAS “FANTÁSTICAS”
O Carro de Feno (Museu do Prado, Madri)
O Jardim das Delícias (Museu do Prado, Madri)
O Juízo Final (Akademie de Bildenden Künste, Viena)
As Tentações de Santo Antão – primeira versão (Museu de Arte de São Paulo, São Paulo)
As Tentações de Santo Antão – versão definitiva (Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa)
Os Sete Pecados Mortais (Museu do Prado, Madri)
Navio dos Loucos ou A Nau dos Insensatos (Museu do Louvre, Paris - foto ao lado)
Morte e o Avarento (Galeria Nacional de Washington, Washington D.C.)
Mas a aproximação de 1500 trouxe a idéia de que o fim dos tempos estava próximo. E o homem europeu passou a conviver com a idéia de que o Apocalipse dar-se-ia muito em breve. Cristóvão Colombo previa a data do Juízo Final para o ano de 1650. Na contramão do jubileu de Roma de 1500 e das grandes descobertas marítimas, os velhos mitos medievais atormentavam a população do continente. É neste contexto místico que surge a mais apocalíptica de todas as obras de arte : o famoso tríptico do pintor Hieronymus Bosch, As Tentações de Santo Antão.
Bosch e Santo Antão
Jeroen van Aeken, que se tornou um pintor famoso com o pseudônimo de Hieronymus Bosch, nasceu na Holanda, em 1450, e faleceu em 1516. O pseudônimo de Bosch veio das últimas letras do nome da sua cidade natal: Hertogenbosch. Contemporâneo de Jan van Eyck, Bosch traz um estilo totalmente diferente dos artistas da sua época. A sua obra é marcada pelo fantástico , com figuras simbólicas, complexas, caricaturais, algumas figuras desconhecidas para a sua época. Traz para o século XVI características do que seria o surrealismo do século XX , inspirando gênios como Salvador Dali.
As obras de Bosch foram muito apreciadas por Filipe II, da Espanha, daí ter um grande acervo delas em terras ibéricas, principalmente no Museu do Prado, em Madri. Da sua vida há poucos registros. Alguns rumores tornam-se lendários dentro da sua biografia, como o suposto envolvimento com a alquimia e o ocultismo, que teria gerado uma perseguição da inquisição. Não há documentos que comprovem tais fatos, o que fazem deles lendas.
As Tentações de Santo Antão, descreve as tentações vividas por Santo Antão, que nasceu no Egito em 251, vivendo grande parte da sua vida no deserto, aonde sofreu terríveis tentações como sofrera Cristo no período de jejum, nos seus quarenta dias no deserto. Conta-se que Santo Antão morreu com 105 anos, em 356. Tem o nome confundido com Santo Antônio de Lisboa (ou de Pádua, na tradição italiana). Para evitar tal confusão, em língua portuguesa é usado o seu nome arcaico: Antão. É conhecido como o Padre do Deserto, e um dos padres mais conhecido e venerado da igreja. Em 1095 foi fundada uma ordem com o seu nome, a ordem dos Antonianos (Canonici Regulares Sancti Antonii).
A Obra do Apocalipse
As Tentações de Santo Antão (1500), é uma obra que se encontra atualmente no Museu Nacional de Arte Antiga de Lisboa.
Na obra apocalíptica de Bosch as visões do fim do mundo são materializadas em desenhos e pinturas que nos faz ter a idéia do que nos aguarda as profecias, a fustigação do homem por demônios irados e vingativos. Traz um clima sombrio de um homem que traduz em sua obra todos os tormentos da sua época, todas as crenças de uma formação religiosa rígida, nos moldes da igreja medieval vigente em seu país, a Holanda, que brevemente seria abalada pelo surgimento da Reforma. São painéis que pintam em efeitos desconcertantes o definhar dos homens diante da maldição das profecias. Aqui o mundo é grotesco e sente-se ao seu redor o ar putrefato e corrupto.
A inspiração com certeza veio com a grande crença que assolou a Europa e o mundo cristão naqueles últimos anos que precederam 1500, a certeza da vinda do anticristo e do Juízo Final.
No centro do quadro a figura de Santo Antão, ajoelhado, tranqüilo e impassível diante da fealdade ao redor, olhar confiante nas promessas que irão vencer o mundo satânico que o ladeia, dominado pela essência destrutiva das tentações e das figuras demoníacas e entregues ao pecado e à culpa.
O cenário é do fantástico, do mágico, vislumbra o macabro, traz incêndios e monstros imaginários. Há um demônio com crânio de cavalo a tocar alaúde; um peixe metade gôndola, a engolir um homem; uma mulher com calda de lagarto a cavalgar uma ratazana.
Numa época em que o Renascimento traduzia corpos perfeitos e nos contemplava com imagens do belo, as imagens das pinceladas de Bosch causam asco e o fascínio do homem diante das profecias, da expiação e da culpa. O belo dá passagem para o bizarro. O homem espera o Juízo Final. Não veio em 1500, será aguardado para 2000. Nas imagens de As Tentações de Santo Antão o presságio daquela que seria a obra do Apocalipse.
ALGUMAS OBRAS “FANTÁSTICAS”
O Carro de Feno (Museu do Prado, Madri)
O Jardim das Delícias (Museu do Prado, Madri)
O Juízo Final (Akademie de Bildenden Künste, Viena)
As Tentações de Santo Antão – primeira versão (Museu de Arte de São Paulo, São Paulo)
As Tentações de Santo Antão – versão definitiva (Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa)
Os Sete Pecados Mortais (Museu do Prado, Madri)
Navio dos Loucos ou A Nau dos Insensatos (Museu do Louvre, Paris - foto ao lado)
Morte e o Avarento (Galeria Nacional de Washington, Washington D.C.)