
No dia 20 de julho de 1969, a Apollo 11 cumpria a sua missão. Neil Armstrong, astronauta norte-americano, era o primeiro homem a pisar no satélite da Terra. Numa eloqüente e solene frase, ele sintetizou os seus passos no solo da Lua: “Foi um pequeno passo para o homem, mas um salto gigantesco para a Humanidade”.
A viagem à Lua, um velho sonho dos homens desde a mais remota antiguidade, representou um ápice na aventura humana no século XX. Depois da conquista dos pólos e das grandes altitudes do planeta, o homem estendia a sua saga pelo mítico satélite da Terra. Politicamente, era uma grande vitória da ideologia do ocidente contra a do oriente, dos capitalistas contra os comunistas, dos americanos contra os soviéticos. No momento em que os meios utilizados para manter tal ideologia eram contestados, com grandes manifestações nos Estados Unidos e no mundo contra a Guerra do Vietnã, chegar à Lua serviu para que o governo americano distraísse a atenção da nação, proporcionando-lhe um grande espetáculo, e, ao mesmo tempo, mantendo a supremacia tecnológica do poder, amenizando as críticas e contestações. Cientificamente, a ida do homem quase nada acrescentou à humanidade, sendo uma desolação absoluta, fazendo com que o projeto fosse encerrado, sem jamais ser retomado.
Enquanto Neil Armstrong e Edwin “Buzz” Aldrin fincavam a bandeira norte-americana em solo lunar, os terráqueos assistiam extasiados à grande aventura, transmitida pela televisão para todo o planeta. A emoção de ver o homem pisar no solo da Lua concretizava todas as lendas mitológicas, atingindo tanto o ocidente, como os países da Cortina de Ferro. Quatro décadas depois da conquista, a façanha continua a criar polêmicas, com correntes a declarar que tudo não passou de uma farsa. Mesmo assim, a chegada da missão Apollo 11 à Lua continua a ser a maior aventura do homem sobre a conquista das fronteiras do universo, sendo o lugar mais distante que ele já alcançou no tempo e no espaço.
O Sputnik é Lançado no Espaço

Oficialmente, a aventura que culminaria com o primeiro homem a passear pelo satélite da Terra, em 1969, iniciou-se em 1957. Em 4 de outubro daquele ano, cientistas e engenheiros soviéticos lançaram do Cosmódromo de Baikonur, em Tyuratam, na União Soviética (atual Cazaquistão), o satélite artificial Sputnik, que consistia numa bola de 84 quilos. Pela primeira vez um satélite artificial foi posto na órbita da Terra. Estava iniciado o período que passou para a história como a era espacial, demarcando a corrida ao céu.
Nikita Khrustchov, então líder da União Soviética, sob a colaboração do cientista Serguei Korolev, pôs o seu país à frente dos Estados Unidos na questão espacial. Para comprovar o êxito do Sputnik, era preciso esperar noventa minutos, tempo que o satélite levava para completar uma órbita em torno da Terra. Findos os noventa minutos, eram captados pelos cientistas sons emitidos por um transmissor do Sputnik, confirmando a missão. Ainda em 1957, em 3 de novembro, o Sputnik 2 levava ao espaço o primeiro ser vivo, a cadela Laika, da raça Kudriavka. Os soviéticos tornaram-se os donos do espaço, enviando várias missões não tripuladas à Lua.
Yuri Gagarin, o Primeiro Astronauta no Espaço

Ainda ofuscados pela União Soviética, os Estados Unidos criou o programa Mercury, que tinha como principais objetivos pôr em órbita um ser humano, estudar os seguimentos de controle de uma nave espacial e adquirir conhecimentos sobre a ausência de gravidade no corpo humano. Em abril de 1959, já se tinha selecionado os primeiros sete astronautas do programa Mercury.
A conquista espacial foi um dos temas que centralizou as eleições presidenciais norte-americanas, em 1960, que deram vitória a John F. Kennedy sobre Richard Nixon.
Em 12 de abril de 1961, mais uma vez os soviéticos saíram à frente dos seus rivais norte-americanos, pondo em órbita, pela primeira vez, um ser humano, o astronauta Yuri Gagarin, que se iria tornar um herói em todo o planeta, visitando vários países, levando consigo a propaganda do regime do seu país.
A resposta norte-americana veio em 5 de maio de 1961, com o vôo do projeto Mercury, que

John Kennedy, já como presidente dos Estados Unidos, não se deixou ir à deriva do sucesso espacial soviético, em 25 de maio de 1961, fez o célebre discurso na Universidade Rice, que conclamava aos americanos o desafio de enviar homens à Lua, trazendo-os de volta a salvo. O feito, segundo o discurso, teria que ser alcançado antes que a década de 1960 terminasse. Para viabilizar o projeto, John F. Kennedy pediu ao Congresso as verbas necessárias àquele, que se tornara o maior desafio da Guerra Fria, vencer a corrida espacial. Assassinado em novembro de 1963, o presidente Kennedy não assistiria à chegada do homem à Lua.
Os Projetos Gemini e Apollo

O programa Gemini, criado em março de 1965, realizou com êxito, dez missões tripuladas ao espaço. Suas naves comportavam dois astronautas por missão. O Gemini foi encerrado em 1966, conseguindo que os Estados Unidos alcançasse e ultrapasse a União Soviética na corrida ao espaço.
O sucessor do Gemini foi o programa Apollo, o mais complexo e desenvolvido de todos eles, que tinha como objetivo levar os primeiros seres humanos à Lua. Suas naves foram desenvolvidas para que pudessem transportar três passageiros. Três metas foram traçadas pela NASA para que se concretizasse o objetivo de chegar ao solo lunar: o número de passageiros, a forma da nave e o foguete que a iria propulsar ao espaço.
O projeto teve a genialidade do alemão Wernher von Braun, engenheiro famoso da época do regime nazista, que deserdou, fugindo do seu país, naturalizando-se norte-americano. Von Braun criou o foguete Saturno V, o maior até então, com potência suficiente para lançar uma nave ao espaço, levando três astronautas e, a partir daí, levá-la à Lua. Para a alunagem, Von Braun criou

A primeira nave do projeto, a Apollo 1, teve o espectro da tragédia a desenhar a sua história. Em 27 de janeiro de 1967, durante um treino em terra, um curto-circuito incendiou a cabine da Apollo 1, matando os astronautas Gus Grissom, Ed White e Roger Chaffee. A partir de então, os engenheiros da NASA modificaram por completo a cabine do módulo de comando.
A tragédia adiou o projeto, que só foi ter a sua primeira missão tripulada com a Apollo 7, lançando três tripulantes em órbita, Walter Schirra, Don Eisele e Walter Cunningham. Era o primeiro teste para que o homem pudesse chegar à Lua.
Em 21 de dezembro de 1968, foi lançada a Apollo 8, levando os astronautas Frank Borman, Jim Lovell e Bill Anders a bordo. A missão Apollo 8 foi a primeira a levar o homem à órbita da Lua. A nave apresentou graves defeitos, passou por uma tempestade solar e enfrentou um choque com um meteorito, o que impossibilitou que os tripulantes pousassem na Lua. Os astronautas da Apollo 8 foram os primeiros a contemplar a Terra a partira da Lua. Esta imagem, fotografada pelos tripulantes, correu o planeta.
A Apollo 11

No dia 20 de julho, às 16h05, o módulo de comando Columbia, onde estavam os três astronautas, separou-se do módulo lunar Eagle, levando Neil Armstrong e Edwin Aldrin a bordo. Michael Collins permaneceria no Columbia. Às 16h17 daquele dia histórico, Armstrong após manobrar o módulo, concretizava a alunagem. No módulo, restava combustível para mais vinte segundos. Armstrong entrava em contacto com a Terra, avisando que pousara na Lua.
O Homem Pisa na Lua

“Este é um pequeno passo para um homem, mas um salto gigantesco para a humanidade.”
A frase, segundo o astronauta, foi espontânea, mas a sua solenidade faz com que se desacredite numa suposta improvisação. Dezoito minutos depois, “Buzz” Aldrin juntou-se ao companheiro. Os dois caminharam com grande dificuldade pela superfície da Lua por duas horas e meia. No decorrer do tempo, promoveram o hasteamento da bandeira dos Estados Unidos, fincando-a em solo lunar, afirmando a supremacia norte-americana na Guerra Fria, fazendo com que as outras nações se prostrassem diante da sua ideologia. Além da bandeira, os astronautas descerraram uma placa comemorativa que trazia um mapa dos hemisférios da Terra, contendo gravada a legenda:
“Aqui os homens do planeta Terra pisaram pela primeira vez na Lua. Julho de 1969 d.C. Viemos em paz em nome de toda a humanidade.”
Paradoxalmente, aquela aventura dava-se no auge da Guerra Fria, que ao contrário do que afirmava a placa, promovia guerras sanguinárias na Terra em nome das ideologias vigentes. Armstrong e Aldrin recolheram amostras do solo lunar, instalaram um instrumento

O projeto Apollo enviaria ao espaço mais seis missões, cinco delas alunaram, tendo a Apollo 13 falhado em sua missão. A Apollo 17, lançada em dezembro de 1972, foi a última missão em que o homem pisou no solo lunar. A partir de então, as viagens à Lua ficaram suspensas, e só voltarão a ser retomadas caso haja interesse econômico e científico. O objetivo principal tinha sido atingido, os Estados Unidos venceram a corrida espacial, mostrando-se a nação mais potente nos meandros da Guerra Fria. A ciência ficaria para depois!
Anos mais tarde, teorias da conspiração tentam desacreditar que a Apollo 11 tenha pousado no solo lunar, fazendo com que algumas milhares de pessoas duvidem que um dia o homem pisou na Lua. Teorias à parte, a chegada do homem à Lua foi um dos maiores espetáculos da Terra, ainda hoje suscitando paixões e arroubos. A Lua, apesar de desvendada, continua a exercer um misterioso fascínio sobre a humanidade.