Quarta-feira, 24 de Junho de 2009

O DIA EM QUE SÃO PAULO PAROU

 

 

A cidade de São Paulo é um dos maiores centros urbanos do mundo. Maior cidade brasileira, responsável por 12,26% do PIB do país, abrigando 63% de todas as multinacionais estabelecidas no Brasil. Por todas estas razões e tantas outras, São Paulo recebeu no século passado, o estigma de que não pára, dando veracidade à célebre frase: “São Paulo não pode parar”.
Parar uma cidade como São Paulo parecia impossível sob todos os aspectos, tanto econômicos, quantos sociais, certeza traduzida pela dinâmica que conduz a cidade e os seus habitantes. Mas um país de contrastes como o Brasil, a ilicitude marginal gerada por uma justiça lenta e capenga, pelas diferenças sociais e pela certeza da impunidade, muitas vezes assume aspectos de um poder paralelo, desafiando as instituições públicas e as suas leis.
Numa sociedade formada por um governo pouco comprometido com os seus cidadãos e com a sua evolução educacional e a sua saúde física, ciclicamente marginais assumem-se como falsos justiceiros sociais, delegando para si poderes que se elevam aos da própria justiça. De Lampião, feroz assassino e bandoleiro nascido sob o sol da caatinga, ao Primeiro Comando da Capital (PCC), organização criminosa liderada das prisões de segurança máxima; o Brasil sofre com este poder paralelo que se estabelece à face da justiça, tendo como resultado a violência e o sangue derramado de inocentes. Foi justamente uma série de atos de violência provocados pelo poder paralelo do PCC para medir forças com a polícia do Estado, que levou ao colapso a capital paulistana. Contrariando a todas as previsões ou estatísticas, São Paulo, o coração financeiro do Brasil, literalmente parou no dia 15 de maio de 2006.

Breves Exemplos do Poder Paralelo no Brasil

A democracia de uma nação é garantida pela liberdade que o seu cidadão tem em poder exercer a sua cidadania, quer sob os aspectos do cumprimento dos direitos que ele tem, como do cumprimento dos seus deveres para com a sociedade. Mas os princípios éticos que constroem os elos morais de uma sociedade mostram uma ínfima diferença entre os direitos e os deveres de um cidadão, tão estreitos são eles, que ao se confundirem, esvaem-se literalmente, dando passagem para o chamado “poder paralelo”, totalmente desprovido de senso moral, mas travestido de uma linguagem popular que o confunde com a “justiça pelas mãos”, já que a justiça do Estado não satisfaz a sociedade.
O poder paralelo pode emanar de qualquer parte da sociedade, quer por organizações de criminosos e contraventores, como pela própria polícia criada para a defesa da sociedade, ou mesmo pelo Estado.
Em quase 190 anos da sua existência como nação, o Brasil exerceu poucas vezes a tão sonhada liberdade democrática. Desde a sua independência, em 1822, que se desenhou um estado pouco voltado para a democracia. Dom Pedro I, foi primeiro a dissolver a constituição e exercer o seu poder autoritário e absolutista. A República foi formada por um golpe contra a Monarquia e por muito tempo, sustentando-se com os contra-golpes, gerando os males da nação, como a República do Coronelismo (1889-1930), ou das oligarquias rurais; a ditadura do Estado Novo (oficialmente iniciada em 1937, mas nascida com a ascensão de Getúlio Vargas, em 1930); e a ditadura militar (1964-1985).
O Estado autoritário, por se manter aquém dos princípios democráticos e construído ilegitimamente, mas legitimado pela repressão e pela força bruta, gera um estado paralelo a ele mesmo. Nas duas fases de ditadura vividas pelo Brasil no século XX, este poder paralelo do Estado foi vergonhosamente exercido na forma de tortura e de assassínio clandestino dos opositores ao regime.
Se o próprio Estado, movido pelo autoritarismo, cria o seu poder paralelo, a sociedade reage, sentindo-se no direito de ela também fazer o mesmo. Foi assim com o cangaço, surgido durante a ditadura do Estado Novo, em que matadores profissionais (os jagunços), sustentados pelas oligarquias que se rivalizavam, ladrões e assassinos em nome da honra, uniram-se em bandos, saqueando e trazendo o terror para as cidades nordestinas. Protegidos pelos interesses dos coronéis, esses bandos de criminosos criaram verdadeiros mitos como o de Lampião, e quando o mito incomodou a própria oligarquia que dele se beneficiava, tornou-se necessário que o Estado demonstrasse ser mais forte, eliminando o bando. Assim aconteceu com Lampião e o seu bando, sendo morto pela polícia em 1938, tendo as cabeças cortadas e expostas em praça pública para que se evidenciasse o poder do Estado contra o poder paralelo.
Numa guerra ideológica, os princípios éticos, morais e de justiça, muitas vezes confundem-se tanto da parte dos opressores, como da parte dos oprimidos. O Partido Comunista Brasileiro (PCB), foi o partido que mais fez parte da história do Brasil no século XX, apesar de ter permanecido grande parte da sua existência na clandestinidade. Erigido sob a direção da extinta União Soviética, os seus militantes tomavam-se por revolucionários, tendo estatuto próprio, que além das ordens vindas de Moscou, não aceitavam o poder emanado do Brasil. Dentro do PCB vários “tribunais revolucionários” foram formados, algumas vezes condenando pessoas à morte. Foi o caso do “tribunal revolucionário” de 1936, realizado logo após o fracasso da Intentona Comunista de 1935, que condenou à morte Elvira Cupelo Coloni, militante conhecida como Elza Fernandes. Elza era namorada de Miranda, um dos membros do Comitê Central do PCB. Com a prisão de Miranda, Elza foi condenada a morte por seus companheiros, que entenderam que ela representava perigo para eles. Foi executada a machadadas. Outro tribunal famoso da esquerda foi o que decretou a morte do capitão estadunidense Charles Rodney Chandler, executado pelo grupo de Carlos Marighela (futura Aliança Libertadora Nacional – ALN) e pelo grupo de Onofre Pinto (futura Vanguarda Popular Revolucionária – VPR), em 1968. Bolsista no Brasil, o capitão Chandler foi condenado pela esquerda por suspeita de colaborar com os militares.
Dentro da polícia, de tempos em tempos surgem grupos de extermínios, conhecidos como “esquadrões da morte”. Geralmente apresentam-se como justiceiros e exterminadores de bandidos, o que lhes confere forte respaldo popular. Na maioria das vezes são grupos liderados por policiais corruptos, que usam de um poder paralelo para eliminar possíveis delatores e silenciar testemunhas. Os esquadrões da morte fazem parte do imaginário popular há várias décadas, tendo visibilidade maior ou menor em determinadas épocas.
As favelas e as periferias das grandes cidades brasileiras, principalmente as de São Paulo e do Rio de Janeiro, foram durante décadas esquecidas pelo Estado e legadas à miséria e ao ostracismo sócio-cultural. Esquecidas pelo poder público, as favelas foram tomadas pela marginalidade, pelo tráfico e pelo consumo de drogas. Tidas como terra de ninguém, muitas dessas favelas vivem sob a opressão e sob o poder de traficantes, que estabelecem as próprias regras e “leis” dentro dessas comunidades. Movidos pelo tráfego de drogas e por leis próprias, os marginais mais perigosos do Brasil criaram dentro das prisões ou fora delas, poderosas organizações criminosas, formando verdadeiras irmandades, como o Comando Vermelho no Rio de Janeiro e o PCC em São Paulo. Também estas organizações têm o seu próprio tribunal, definindo como deve viver ou morrer não só os seus membros, como também os integrantes da sociedade. Em 2002 o Comando Vermelho, liderado na época por Elias Maluco, condenou à morte o jornalista da Rede Globo, Tim Lopes, executando-o de forma cruel, enterrando-o em uma vala cheia de corpos também por ele sentenciados.

O Primeiro Comando da Capital

De todas as rebeliões e atrocidades cometidas pelo poder paralelo estabelecido por marginais no Brasil, o que mais causou constrangimento ao poder público e ao Estado, foi sem dúvida o que atingiu o Brasil em maio de 2006, que culminou com o colapso que parou a cidade de São Paulo.
O PCC, a maior facção criminosa do país, numa demonstração clara de medição de forças com o poder público, iniciou na noite de 12 de maio, uma série de ataques contra as forças de segurança e a alvos civis, causando a maior onda de violência urbana da história brasileira, que se iniciou no estado de São Paulo e em poucos dias, espalhou-se como um rastilho pelo Paraná, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia, deixando a população civil ilhada e aterrorizada.
O Primeiro Comando da Capital (PCC), surgiu como organização criminosa em 1993. Fundado no dia 31 de agosto daquele ano, no Anexo da Casa de Custódia de Taubaté, no estado de São Paulo, nasceu durante uma partida de futebol, onde vários presos brigaram, e temendo retaliações, punições e mortes como as acontecidas em 2 de outubro de 1992, no sangrento e histórico massacre do Carandiru; firmaram entre si um pacto de ajuda mútua.
Criado no rescaldo da tragédia do pavilhão 9 do Carandiru, no início era chamado de Partido do Crime, sendo formado por Misa (Misael Aparecido da Silva), Cesinha (César Augusto Roris da Silva), Geleião (José Márcio Felício), Eduardo Gordo (Wander Eduardo Ferreira), Paixão (Antonio Carlos Roberto da Paixão), Bicho Feio (Antonio Carlos dos Santos), Dafé (Ademar dos Santos) e Isaías (Isaías Moreira do Nascimento). No início a organização proclamava-se como defensora das injustiças e dos maus tratos carcerários. Usava como símbolo o yin-yang chinês. Para manter a organização, os membros do grupo pagam uma taxa de cerca de 50 reais se estiverem presos e 500 reais se estão em liberdade. Além do dinheiro arrecado com os membros, promovem o tráfego de drogas, seqüestros e assaltos a bancos; compram armas e executam o resgate de alguns prisioneiros membros do grupo. Cada membro tem que cumprir um estatuto de 16 itens, que estabelece entre outras coisas, a lealdade, o respeito e a solidariedade entre os membros, além de prever a “execução sem perdão” aos que não cumprirem o estatuto quando livres.
Desde que foi criado o PCC teve várias lideranças, entre as mais famosas estão a do Sombra (Idemir Carlos Ambrósio), que liderou de dentro de uma cela, em 2001, através de um celular, a rebelião em 29 presídios. Sombra foi morto dentro da prisão, cinco meses depois, sendo substituído por Geleião e Cesinha, que promoveram uma união provisória com o Comando Vermelho (CV) do Rio de Janeiro. Sanguinários e radicais, foram substituídos na direção do PCC em 2002, por Marcos Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola. Foi sob o comando do Marcola que as autoridades públicas sofreram a maior humilhação da sua história, em maio de 2006.

São Paulo, Maio de 2006

Com o objetivo de desarticular o PCC, no dia 11 de maio de 2006, o governo de São Paulo decidiu transferir 765 presos para presídios de segurança máxima. A operação foi desencadeada, quando os presos foram enviados para Presidente Venceslau, no interior de São Paulo. No dia 12, 8 líderes do PCC, entre eles o líder máximo, o Marcola, foram levados para a sede do DEIC (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), localizada na zona norte da capital paulista. No dia anterior, Marcola havia reivindicado 60 aparelhos de televisão para que os prisioneiros assistissem aos jogos da copa de futebol daquele ano, o que lhe foi veementemente negado.
No dia 13 de maio, Marcola foi transferido para a penitenciária de Presidente Bernardes, no interior paulista, sendo esta considerada uma das mais seguras prisões do Brasil. Como represália à transferência dos líderes, principalmente a de Marcola, o PCC decidiu intervir, intimidando a polícia, organizando uma onda de violência que aterrorizaria o país, tirando toda a beleza do dia das mães daquele ano, expondo a fragilidade da segurança no país diante do mundo.
Os ataques começaram a tomar forma justamente durante a realização dos benefícios que os prisioneiros tinham pela comemoração ao dia das mães. Nesta data é costume os prisioneiros receberem visitas nas celas ou indulto. Os que visitaram seus presos saíram com a missão de organizar ataques à polícia, e os que receberam indultos do dia das mães, a de comandar esses ataques.
Na noite de 12 de maio, sexta-feira, começaram os ataques, sendo os primeiros alvos o 55º DP , no Parque São Rafael, e um policial civil atingido próximo à sua casa em Guaianazes. Estava estabelecido o objetivo principal dos ataques, delegacias e policiais tornam-se os alvos. Os primeiros atentados não ficam esclarecidos a quem pertence à sua autoria, suspeitando-se que sejam promovidos pelo PCC. Até a meia-noite a cidade de São Paulo registraria 8 policiais feridos e outros 7 mortos.
Já no dia 13, vários presídios de São Paulo rebelam-se. Os ataques, que desde o dia anterior tornaram-se contínuos, são finalmente atribuídos ao PCC. No domingo, 14, dia das mães, a onda sucessiva da violência intensifica-se, começando a tomar conta da mídia sensacionalista, gerando o pânico geral na população. Fala-se dos ataques e das mortes, mas a imprensa não relata à população a ofensiva da polícia, e que vários dos mortos já fazem parte de integrantes do próprio PCC. Para a população assustada, apenas os policiais estão a morrer. O governo cala-se diante da mídia e da população.

O Dia em que São Paulo Parou

No dia 15 de maio, segunda-feira, a falta de uma resposta imediata e contundente do governo do estado de São Paulo e da polícia, torna a população paulistana refém dos ataques criminosos e da imprensa sensacionalista.
Começam a correr boatos de que as estações do metropolitano de São Paulo seriam os próximos alvos. Tiros atingem a estação de Artur Alvim, na zona leste. Ônibus são incendiados, deixando a população sem condução em plena segunda-feira. As limitações de carros em São Paulo, conhecidas como rodízio, são suspensas, o que causa um dos maiores congestionamentos de automóveis registrados na cidade.
À tarde, para completar o caos, sem informar a fonte e deixando-se conduzir pelo sensacionalismo, a Rede Record anuncia que haveria um toque de recolher às 20 horas. Estava lançado o pânico. O que se viu a seguir foi a maior cidade da América do Sul entrar em colapso. As empresas liberaram, na parte da tarde, os seus funcionários; metropolitano e ônibus foram retirados de circulação; os shoppings foram fechados. Acossadas e sem transporte, milhares de pessoas transitavam a pé pelas ruas da metrópole, tentando desesperadamente chegar em casa e, principalmente, evitar passarem próximas às delegacias, que se tornaram alvos do PCC. Temendo retaliações, os policiais andavam pelas ruas da cidade em comboios, evitando assim, que se tornassem alvos fáceis dos bandidos.
São Paulo viveu, naquela segunda-feira, um clima de terrorismo comparável aos de uma guerra. No fim da tarde, a maioria da população está presa dentro de casa, a ouvir, finalmente as explicações do então governador Cláudio Lembo e dos chefes de segurança do estado, a revelar que estavam reagindo aos ataques, desmentindo o toque de recolher e acusando a imprensa de promover e acirrar o pânico entre a população.
Às 20 horas da noite de 15 de maio, as ruas de São Paulo ficaram desertas, como jamais acontecera na sua história. Ninguém ousou a sair de casa naquela triste segunda-feira. Reféns do medo e do poder paralelo, os paulistanos preferiram ficar em casa, a esperar o desfecho da impotência do estado e da sua polícia. Naquele dia, São Paulo parou.

Após o Fim dos Ataques

No dia 16 de maio, incitada pelo governo, a população voltou às ruas e ao trabalho, decidida a não mais ficar refém do poder paralelo dos bandidos. Naquele dia, o saldo era 128 mortos e 59 feridos. Entre os mortos estavam: 23 policiais militares, 6 policiais civis, 3 guardas municipais, 8 agentes penitenciários, 4 civis, 71 suspeitos e 13 presos. No balanço da tragédia, alguns dos suspeitos foram inocentemente mortos pela polícia. Aos poucos o estado controlava e dissipava a rebelião, que tornara o mês de maio de 2006, ano de eleições presidenciais e para governadores de estado, em um dos mais sangrentos e negros da história da violência e do poder paralelo no Brasil.
Em agosto daquele ano, o PCC ensaiou um novo ataque de pânico à população, desta vez divulgando a sua mensagem através da maior emissora de televisão do Brasil, a Rede Globo. Na manhã do dia 12 de agosto dois funcionários da emissora, o repórter Guilherme Portanova e o técnico Alexandre Coelho Calado, foram seqüestrados pelo PCC. A organização criminosa exigiu que a Rede Globo divulgasse um DVD, levado aos estúdios por Alexandre, enquanto Guilherme era mantido refém. Para não pôr em risco a vida do repórter, após consultar organizações jornalísticas internacionais, a emissora transmitiu o vídeo, que trazia uma mensagem pronunciada por um integrante do PCC, a pedir revisão de penas e melhorias carcerárias. Era obvio que mais uma vez, o PCC queria medir forças, disseminar o pânico. O repórter foi libertado 40 horas após a transmissão do vídeo, que não atingiu às massas, a tentativa de pressionar a população falhara. O que não falhou foi o registro histórico feito a 15 de maio de 2006, o dia que São Paulo parou.
publicado por virtualia às 07:33
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