
No século XX, quando Portugal atravessava o período cinzento da ditadura de Salazar, o empobrecimento e as guerras coloniais, surgia refulgente uma das mais belas vozes femininas do mundo: Amália Rodrigues. Dona de um carisma que conquistou não só o seu país, como o mundo, Amália Rodrigues traduziu a voz de Portugal nos quatro cantos do planeta. Do Estado Novo à Revolução dos Cravos, da perda do império colonial ao ingresso na União Européia, a figura de diva da Amália Rodrigues esteve presente. A voz que cantou Camões, que na sua beleza de tágide, representava tão bem a alma lusitana, a essência do povo que inventou a saudade e perpetuou este sentimento nas suas digitais.
Em Lisboa falava-se no mito da Amália nos bares, na câmara, no metropolitano, nas ruas, nas casas de fado de Alfama e do Bairro Alto, ela era unanimidade, o símbolo vivo daquela cidade que a viu nascer. Envelhecida, Amália Rodrigues era homenageada o todo momento, reverenciada, amada por todos. E aquela paixão do povo português era bem recebida por ela. Jamais recusou dar um autógrafo ou um sorriso a um fã, gostava de ser amada, precisava do carinho do seu público como precisava do ar para respirar.
Na década de noventa, Lisboa perdera um pouco da verve lusitana, tornando-se mais européia. Amália Rodrigues era o patrimônio vivo dessa verve, era o século XX português retratado em todas as décadas. Trazia uma boca excessivamente vermelha, como uma das cores da bandeira portuguesa, dona de uma voz que dilacerava os sentimentos por ela cantados, tudo nela era de um magnetismo que despertava a paixão incondicional do seu povo.
Quando Amália Rodrigues morreu em outubro de 1999, Portugal perdia o seu maior patrimônio artístico. Amália deixava de vez a vida que consagrara à arte e ao seu povo, para assumir a condição de mito, que jamais ofuscará a mulher que foi.
Amália Rodrigues está sepultada no Panteão Nacional, local onde estão sepultados muitos dos reis portugueses. Pela primeira vez na história daquele país, uma cantora de fado, vinda de Alcântara, um bairro popular de Lisboa, repousa os seus restos mortais ao lado da mais alta nobreza. Não é só uma cantora de fado que lá está, é a Amália Rodrigues.
De Alcântara Para o Mundo
Amália da Piedade Rebordão Rodrigues, nasceu em Alcântara, Lisboa, segundo o seu registro, em 23 de julho, mas ela afirmava que tinha nascido em 1 de julho, o ano era de 1920. Filha de uma família do Fundão, na Beira, foi criada em Lisboa pela avó materna, quando os pais retornaram para a Beira.
Amália cresceu pobre, em um bairro popular, repleto de costumes e tradições folclóricas. Participa das Marchas de Alcântara, onde canta pela primeira vez na vida. É em Alcântara que ela conhece o torneiro mecânico Francisco Cruz, por quem se apaixona, entregando-se a ele. Além da perda da virgindade, vem a perda da ilusão do primeiro amor, Chico, como era conhecido, nega-se à partida, a reparar a honra caprichosa e Amália, aos 18 anos, tenta o suicídio, ingerindo uma bola de veneno de rato que preparara. Foi salva por uma vizinha, que a fez ingerir azeite quente, fazendo-a vomitar durante três dias. Mais tarde, Chico casa-se com ela, é um casamento que serve apenas para salvar a honra ultrajada, já não há amor, o casamento duraria apenas três anos, a própria Amália tomou a iniciativa do divórcio.
Mas o destino de Amália Rodrigues já está traçado na mais alta das constelações das estrelas do mundo. Acompanhada pelo irmão pugilista Filipe Rebordão, ela começa a cantar nos retiros do fado. É no famoso Retiro da Severa que faz a sua estréia em 1939. Trazia no palco um porte novo de entrar em cena, com a cabeça deitada para trás, os olhos fechados, as mãos dramaticamente cruzadas. Quando soltava a voz, trazia um timbre que desafiava prantos sem cair no choradinho. A ascensão pelas casas de fado de Lisboa é imediata. A sua fama corre o Bairro Alto, a Mouraria. Torna-se estrela nos palcos do Luso, no Politeama e no Cassino do Estoril. E de Portugal, segue para o mundo.
O Fado de Amália Rodrigues e a Elite
Mas é através das mãos do banqueiro e aristocrata Ricardo Espírito Santo, que Amália Rodrigues
faz uma lapidação da sua pessoa. Apaixonado, o banqueiro apresenta a fadista já afamada, para os nobres, os ricos e poderosos de Lisboa, que não tinham o costume de freqüentar as casas de fado. Todos se renderam ao fascínio da Amália, e passou a ser sofisticado vê-la cantar. O fado da cantora deixa de ser voltado apenas para o público popular, para atingir a elite da sociedade portuguesa.
Amália Rodrigues torna-se um ícone do fado. Estréia-se no cinema, fazendo vários filmes que fazem parte da história do cinema português. Em 1954, faz o filme “Os Amantes do Tejo”, uma produção francesa, onde canta os clássicos “Barco Negro” e “Solidão”, uma versão de David Mourão-Ferreira da “Canção do Mar”. Com este filme abre as portas da França. Fará apresentações históricas no Olympia de Paris.
Em 1961, Amália Rodrigues casa-se no Brasil com o engenheiro César Seabra, um matrimônio que iria durar até a morte do marido, em 1997.
Reverenciada Pela Ditadura e Pela Democracia Portuguesas
Em plena ditadura salazarista, Amália Rodrigues era uma referência de Portugal, o que refletia o Estado português e o seu regime vigente. Já no fim do regime ditatorial, em 1969, ela é condecorada pelo novo presidente do conselho de ministros, Marcelo Caetano, na Exposição Mundial de Bruxelas.
Apesar de nunca ter tido uma militância política, seja de direita ou de esquerda, a perseguição ideológica fez os seus respingos na carreira da cantora, logo após a Revolução de 25 de Abril, em 1974. A revanche da esquerda logo nos primeiros anos que se seguiram à revolução condenava o fado, tido como um dos símbolos do Estado Novo, considerado portanto, fascista. A opinião pública, cansada de quase meio século de ditadura, deixa-se levar por este conceito. Mas Amália Rodrigues era um mito incontestável, além de qualquer ideologia, era o símbolo vivo de Portugal dentro e fora do país. Aos poucos se concilia com o povo e a sua nova visão diante de um estado democrático. Ao passar os ventos da instabilidade de um novo Portugal, a intolerância ao fado é esquecida, o gênero musical é incorporado à essência da alma portuguesa. Alguns anos após a Revolução dos Cravos, Amália Rodrigues é elevada à condição única de musa perpétua da música portuguesa.
Reconciliada com a história e com a sua gente, Amália Rodrigues é condecorada pelo então presidente Mário Soares, com o grau de oficial da Ordem do Infante Dom Henrique, em pleno estado democrático português.
Na velhice, Amália Rodrigues era reverenciada por todas as gerações como uma deusa. Era homenageada em todos os lugares onde estava. Agradecida pelo amor dos portugueses, ela sorria, cruzava as mãos ao peito e apenas dizia: “Obrigada!”.
No dia 6 de outubro de 1999, calava-se para sempre aquela mulher que arrepiava as multidões quando subia ao palco, a trajar longas vestes negras, a boca muito vermelha, a cabeça atirada para trás, os olhos fechados e as mãos entrelaçadas. Calava-se a maior voz da saudade lusitana. Lisboa jamais seria a mesma, a cidade perdia um dos seus maiores monumentos históricos, monumento não feito de pedra ou de concreto, mas de carne, sangue e voz. Com a morte de Amália Rodrigues, Portugal fechou o século XX , entrando um ano antes no século XXI.
BIBLIOGRAFIA
1920 - Nasce em Lisboa no Bairro de Alcântara a 1 de Julho (data escolhida por Amália porque
nos registros consta o dia 23).
1929 - Entra na Escola Oficial da Tapada da Ajuda, onde terminará a instrução primária.
1934 - Trabalha como bordadeira, engomadeira e tarefeira.
1935 - Desfila na Marcha de Alcântara e canta pela primeira vez, acompanhada à guitarra, numa festa de beneficência.
1938 - Representando o Bairro de Alcântara participa no Concurso da Primavera.
1939 - Estréia-se como fadista no Retiro da Severa.
1940 - É atração no Teatro Maria Vitória, na revista Ora Vai Tu!. Casa-se com Francisco Cruz.
1943 - Canta em Madrid, a convite do embaixador português. Divorcia-se de Francisco Cruz.
1944 - A estada no Brasil, prevista para seis semanas, estende-se por três meses. Atua no Cassino da Urca.
1945 - No Brasil grava os primeiros dos 170 discos (em 78 rotações) da sua carreira.
1947 - É protagonista no filme “Capas Negras”, batendo todos os recordes de exibição (22 semanas em cartaz no Cinema Condes).
1948 - Recebe o prêmio do SNI (Secretariado Nacional de Informação) para a melhor atriz, pelo seu papel em “Fado”, filme de Perdigão Queiroga.
1949 - Atua pela primeira vez em Paris e Londres.
1950 - Canta em Roma, Trieste e Berlim.
1951 - Digressão a África: Moçambique, Angola e Congo.
1952 - Atua pela primeira vez em Nova York no La Vie en Rose, ficando 4 meses em cartaz. Assina contrato com a Valentim de Carvalho, que passa a gravar todos os seus discos.
1953 - É a primeira artista portuguesa a cantar na televisão americana no programa Eddie Fisher Show.
1954 - Edita o primeiro LP nos Estados Unidos. Atua no Mocambo, em Hollywood.
1955 - Interpreta “Canção do Mar” e “Barco Negro” no filme de Henri Verneuil “Os Amantes do Tejo”. Filma no México “Música de Sempre” com Edith Piaf.
1957 - Estréia-se no Olympia em Paris e começa a cantar em francês. Charles Aznavour escreve para ela “Ai, Mourrir pour Toi”.
1961 - Casa no Rio de Janeiro com o engenheiro César Seabra.
1962 - Lança o disco “Asas Fechadas” e “Povo que Lavas no Rio” do poeta Pedro Homem de Mello.
1965 - Protagoniza o filme As Ilhas Encantadas.
1966 - Atua no Lincoln Center (Nova York) com uma orquestra sinfônica dirigida pelo maestro André Kostelanetz.
1967 - Recebe em Cannes, pelas mãos do ator Anthony Quinn, o prêmio MIDEM (Disco de Ouro) para o artista que mais discos vende no seu país, fato que se repete nos dois anos seguintes, proeza só igualada pelos Beatles.
1969 - É condecorada por Marcelo Caetano.
1970 - Atua em Tóquio, Nova Iorque e Roma e recebe uma alta condecoração francesa.
1975 - Regressa ao Olympia em Paris.
1976 - É editado pela UNESCO o disco “Le Cadeau de la Vie” em que figura ao lado de Maria Callas e de John Lennon.
1977 - Canta no Carnegie Hall de Nova York.
1985 - Volta a cantar no Olympia de Paris. Dá o primeiro concerto a solo no Coliseu dos Recreios de Lisboa.
1989 - Comemora os 50 anos de carreira com uma exposição no Museu do Teatro em Lisboa.
1990 - Dois grandes espetáculos: Coliseu dos Recreios e no São Carlos onde, pela primeira vez em 200 anos, se ouve cantar o fado.
1994 - Atua pela última vez em público no âmbito de Lisboa, Capital da Cultura.
1995 - É operada a um tumor no pulmão. Edita o seu último disco “Pela Primeira Vez”.
1997 - Morre César Seabra, seu marido.
1998 - É lançado o disco O Melhor de Amália, muito aclamado pela crítica internacional. É homenageada na Expo 98.
1999 - A 6 de Outubro morre em Lisboa, na sua casa na Rua de São Bento.
DISCOGRAFIA
1945 – Perseguição
1945 – Tendinha
1945 – Fado do Ciúme
1945 – Ai Mouraria
1945 – Maria da Cruz
1951/52 – Ai Mouraria
1951/52 – Sabe-se Lá
1953 – Novo Fado da Severa
1953 – Uma Casa Portuguesa
1954 – Primavera
1955 – Tudo Isto É Fado
1956 – Foi Deus
1957 – Amália no Olympia
1963 – Povo Que Lavas no Rio
1964 – Estranha Forma de Vida
1965 – Amália Canta Luís de Camões
1969 – Formiga Bossa Nova
1970 – Amália e Vinícius
1970 – Com Que Voz
1970 – Fado Português
1971 – Oiça Lá ó Senhor Vinho
1971 – Amália no Japão
1972 – Cheira a Lisboa
1973 – A Una Terra Che Amo
1976 – Amália no Canecão
1976 – Cantigas da Boa Gente
1983 – Lágrima
1984 – Amália na Broadway
1985 – O Melhor de Amália Rodrigues – Estranha Forma de Vida
1985 – O Melhor de Amália – Volume 2 – Tudo Isto É Fado
1990 – Obsessão
1992 – Abbey Road 1952
1997 – Segredo
Em Lisboa falava-se no mito da Amália nos bares, na câmara, no metropolitano, nas ruas, nas casas de fado de Alfama e do Bairro Alto, ela era unanimidade, o símbolo vivo daquela cidade que a viu nascer. Envelhecida, Amália Rodrigues era homenageada o todo momento, reverenciada, amada por todos. E aquela paixão do povo português era bem recebida por ela. Jamais recusou dar um autógrafo ou um sorriso a um fã, gostava de ser amada, precisava do carinho do seu público como precisava do ar para respirar.
Na década de noventa, Lisboa perdera um pouco da verve lusitana, tornando-se mais européia. Amália Rodrigues era o patrimônio vivo dessa verve, era o século XX português retratado em todas as décadas. Trazia uma boca excessivamente vermelha, como uma das cores da bandeira portuguesa, dona de uma voz que dilacerava os sentimentos por ela cantados, tudo nela era de um magnetismo que despertava a paixão incondicional do seu povo.
Quando Amália Rodrigues morreu em outubro de 1999, Portugal perdia o seu maior patrimônio artístico. Amália deixava de vez a vida que consagrara à arte e ao seu povo, para assumir a condição de mito, que jamais ofuscará a mulher que foi.
Amália Rodrigues está sepultada no Panteão Nacional, local onde estão sepultados muitos dos reis portugueses. Pela primeira vez na história daquele país, uma cantora de fado, vinda de Alcântara, um bairro popular de Lisboa, repousa os seus restos mortais ao lado da mais alta nobreza. Não é só uma cantora de fado que lá está, é a Amália Rodrigues.
De Alcântara Para o Mundo

Amália cresceu pobre, em um bairro popular, repleto de costumes e tradições folclóricas. Participa das Marchas de Alcântara, onde canta pela primeira vez na vida. É em Alcântara que ela conhece o torneiro mecânico Francisco Cruz, por quem se apaixona, entregando-se a ele. Além da perda da virgindade, vem a perda da ilusão do primeiro amor, Chico, como era conhecido, nega-se à partida, a reparar a honra caprichosa e Amália, aos 18 anos, tenta o suicídio, ingerindo uma bola de veneno de rato que preparara. Foi salva por uma vizinha, que a fez ingerir azeite quente, fazendo-a vomitar durante três dias. Mais tarde, Chico casa-se com ela, é um casamento que serve apenas para salvar a honra ultrajada, já não há amor, o casamento duraria apenas três anos, a própria Amália tomou a iniciativa do divórcio.
Mas o destino de Amália Rodrigues já está traçado na mais alta das constelações das estrelas do mundo. Acompanhada pelo irmão pugilista Filipe Rebordão, ela começa a cantar nos retiros do fado. É no famoso Retiro da Severa que faz a sua estréia em 1939. Trazia no palco um porte novo de entrar em cena, com a cabeça deitada para trás, os olhos fechados, as mãos dramaticamente cruzadas. Quando soltava a voz, trazia um timbre que desafiava prantos sem cair no choradinho. A ascensão pelas casas de fado de Lisboa é imediata. A sua fama corre o Bairro Alto, a Mouraria. Torna-se estrela nos palcos do Luso, no Politeama e no Cassino do Estoril. E de Portugal, segue para o mundo.
O Fado de Amália Rodrigues e a Elite
Mas é através das mãos do banqueiro e aristocrata Ricardo Espírito Santo, que Amália Rodrigues

Amália Rodrigues torna-se um ícone do fado. Estréia-se no cinema, fazendo vários filmes que fazem parte da história do cinema português. Em 1954, faz o filme “Os Amantes do Tejo”, uma produção francesa, onde canta os clássicos “Barco Negro” e “Solidão”, uma versão de David Mourão-Ferreira da “Canção do Mar”. Com este filme abre as portas da França. Fará apresentações históricas no Olympia de Paris.
Em 1961, Amália Rodrigues casa-se no Brasil com o engenheiro César Seabra, um matrimônio que iria durar até a morte do marido, em 1997.
Reverenciada Pela Ditadura e Pela Democracia Portuguesas

Apesar de nunca ter tido uma militância política, seja de direita ou de esquerda, a perseguição ideológica fez os seus respingos na carreira da cantora, logo após a Revolução de 25 de Abril, em 1974. A revanche da esquerda logo nos primeiros anos que se seguiram à revolução condenava o fado, tido como um dos símbolos do Estado Novo, considerado portanto, fascista. A opinião pública, cansada de quase meio século de ditadura, deixa-se levar por este conceito. Mas Amália Rodrigues era um mito incontestável, além de qualquer ideologia, era o símbolo vivo de Portugal dentro e fora do país. Aos poucos se concilia com o povo e a sua nova visão diante de um estado democrático. Ao passar os ventos da instabilidade de um novo Portugal, a intolerância ao fado é esquecida, o gênero musical é incorporado à essência da alma portuguesa. Alguns anos após a Revolução dos Cravos, Amália Rodrigues é elevada à condição única de musa perpétua da música portuguesa.
Reconciliada com a história e com a sua gente, Amália Rodrigues é condecorada pelo então presidente Mário Soares, com o grau de oficial da Ordem do Infante Dom Henrique, em pleno estado democrático português.
Na velhice, Amália Rodrigues era reverenciada por todas as gerações como uma deusa. Era homenageada em todos os lugares onde estava. Agradecida pelo amor dos portugueses, ela sorria, cruzava as mãos ao peito e apenas dizia: “Obrigada!”.
No dia 6 de outubro de 1999, calava-se para sempre aquela mulher que arrepiava as multidões quando subia ao palco, a trajar longas vestes negras, a boca muito vermelha, a cabeça atirada para trás, os olhos fechados e as mãos entrelaçadas. Calava-se a maior voz da saudade lusitana. Lisboa jamais seria a mesma, a cidade perdia um dos seus maiores monumentos históricos, monumento não feito de pedra ou de concreto, mas de carne, sangue e voz. Com a morte de Amália Rodrigues, Portugal fechou o século XX , entrando um ano antes no século XXI.
BIBLIOGRAFIA
1920 - Nasce em Lisboa no Bairro de Alcântara a 1 de Julho (data escolhida por Amália porque

1929 - Entra na Escola Oficial da Tapada da Ajuda, onde terminará a instrução primária.
1934 - Trabalha como bordadeira, engomadeira e tarefeira.
1935 - Desfila na Marcha de Alcântara e canta pela primeira vez, acompanhada à guitarra, numa festa de beneficência.
1938 - Representando o Bairro de Alcântara participa no Concurso da Primavera.
1939 - Estréia-se como fadista no Retiro da Severa.
1940 - É atração no Teatro Maria Vitória, na revista Ora Vai Tu!. Casa-se com Francisco Cruz.
1943 - Canta em Madrid, a convite do embaixador português. Divorcia-se de Francisco Cruz.
1944 - A estada no Brasil, prevista para seis semanas, estende-se por três meses. Atua no Cassino da Urca.
1945 - No Brasil grava os primeiros dos 170 discos (em 78 rotações) da sua carreira.
1947 - É protagonista no filme “Capas Negras”, batendo todos os recordes de exibição (22 semanas em cartaz no Cinema Condes).
1948 - Recebe o prêmio do SNI (Secretariado Nacional de Informação) para a melhor atriz, pelo seu papel em “Fado”, filme de Perdigão Queiroga.
1949 - Atua pela primeira vez em Paris e Londres.
1950 - Canta em Roma, Trieste e Berlim.
1951 - Digressão a África: Moçambique, Angola e Congo.
1952 - Atua pela primeira vez em Nova York no La Vie en Rose, ficando 4 meses em cartaz. Assina contrato com a Valentim de Carvalho, que passa a gravar todos os seus discos.
1953 - É a primeira artista portuguesa a cantar na televisão americana no programa Eddie Fisher Show.
1954 - Edita o primeiro LP nos Estados Unidos. Atua no Mocambo, em Hollywood.
1955 - Interpreta “Canção do Mar” e “Barco Negro” no filme de Henri Verneuil “Os Amantes do Tejo”. Filma no México “Música de Sempre” com Edith Piaf.
1957 - Estréia-se no Olympia em Paris e começa a cantar em francês. Charles Aznavour escreve para ela “Ai, Mourrir pour Toi”.
1961 - Casa no Rio de Janeiro com o engenheiro César Seabra.
1962 - Lança o disco “Asas Fechadas” e “Povo que Lavas no Rio” do poeta Pedro Homem de Mello.
1965 - Protagoniza o filme As Ilhas Encantadas.

1966 - Atua no Lincoln Center (Nova York) com uma orquestra sinfônica dirigida pelo maestro André Kostelanetz.
1967 - Recebe em Cannes, pelas mãos do ator Anthony Quinn, o prêmio MIDEM (Disco de Ouro) para o artista que mais discos vende no seu país, fato que se repete nos dois anos seguintes, proeza só igualada pelos Beatles.
1969 - É condecorada por Marcelo Caetano.
1970 - Atua em Tóquio, Nova Iorque e Roma e recebe uma alta condecoração francesa.
1975 - Regressa ao Olympia em Paris.
1976 - É editado pela UNESCO o disco “Le Cadeau de la Vie” em que figura ao lado de Maria Callas e de John Lennon.
1977 - Canta no Carnegie Hall de Nova York.
1985 - Volta a cantar no Olympia de Paris. Dá o primeiro concerto a solo no Coliseu dos Recreios de Lisboa.
1989 - Comemora os 50 anos de carreira com uma exposição no Museu do Teatro em Lisboa.
1990 - Dois grandes espetáculos: Coliseu dos Recreios e no São Carlos onde, pela primeira vez em 200 anos, se ouve cantar o fado.
1994 - Atua pela última vez em público no âmbito de Lisboa, Capital da Cultura.
1995 - É operada a um tumor no pulmão. Edita o seu último disco “Pela Primeira Vez”.
1997 - Morre César Seabra, seu marido.
1998 - É lançado o disco O Melhor de Amália, muito aclamado pela crítica internacional. É homenageada na Expo 98.
1999 - A 6 de Outubro morre em Lisboa, na sua casa na Rua de São Bento.
DISCOGRAFIA
1945 – Perseguição
1945 – Tendinha

1945 – Fado do Ciúme
1945 – Ai Mouraria
1945 – Maria da Cruz
1951/52 – Ai Mouraria
1951/52 – Sabe-se Lá
1953 – Novo Fado da Severa
1953 – Uma Casa Portuguesa
1954 – Primavera
1955 – Tudo Isto É Fado
1956 – Foi Deus
1957 – Amália no Olympia
1963 – Povo Que Lavas no Rio
1964 – Estranha Forma de Vida
1965 – Amália Canta Luís de Camões
1969 – Formiga Bossa Nova
1970 – Amália e Vinícius
1970 – Com Que Voz
1970 – Fado Português
1971 – Oiça Lá ó Senhor Vinho
1971 – Amália no Japão
1972 – Cheira a Lisboa
1973 – A Una Terra Che Amo
1976 – Amália no Canecão
1976 – Cantigas da Boa Gente
1983 – Lágrima
1984 – Amália na Broadway
1985 – O Melhor de Amália Rodrigues – Estranha Forma de Vida
1985 – O Melhor de Amália – Volume 2 – Tudo Isto É Fado
1990 – Obsessão
1992 – Abbey Road 1952
1997 – Segredo
