Terça-feira, 31 de Março de 2009

LENDAS SERTANEJAS

 

 

Quando os portugueses colonizaram o Brasil, encontraram um imenso território para ser desbravado. Adentraram no interior, penetrando o sertão agreste e selvagem. Longe do litoral, a população sertaneja dependia da mata, do rio que corria pelas terras secas. Nos povoados que se formaram, várias lendas ibéricas foram adaptadas pelo sertanejo, tomando a forma e o conteúdo da realidade do imenso sertão brasileiro.
Um país rico em diversidades culturais, também é rico em lendas. As lendas sertanejas buscaram inspiração não só nas tradições orais dos colonizadores europeus, como assimilaram lendas trazidas da África pelos negros e as contadas pelos índios.
Aqui serão contadas três lendas sertanejas:
Caipora, uma espécie de duende tropical, protetor dos animais silvestres, que toma a forma de um menino negro e peludo, atravessa as matas nu, a montar em um porco selvagem, empunhando um ferrão. Também chamado de Caapora, ele assume várias formas em diferentes regiões do Brasil, como a de um homem ou a de uma velha.
Famaliá é uma lenda portuguesa, nas crônicas de São Cipriano ele surgia do ovo de uma galinha preta, e de umas palavras dirigidas a Lúcifer. No sertão mineiro e da Bahia, ele surge do ovo de um galo. Desde o século XVI que a lenda foi transportada para o Brasil. Com o passar dos anos, ele deixou de ser o Familiar das crônicas ibéricas, para ser o Famaliá do caboclo sertanejo.
O Sono do Rio vem das crenças dos barqueiros das regiões ribeirinhas do São Francisco. Se na Europa existe a lenda da Hora Azul, um momento de transição entre o dia e a noite, que dura um segundo, e que há um silêncio entre os seres do dia e os seres da noite, o sono do rio dá-se também, em um único segundo, à meia-noite. Durante o segundo, o mar, o rio e todas as águas adormecem, para um breve descanso. Não se pode acordar o ressonar das águas, para que não insultemos a natureza.
Três belas lendas que trazem um retrato de um Brasil cada vez mais distante no mundo virtual e conectado pela tecnologia. Um Brasil rico em narrativas e imaginação, formando um povo ímpar, de uma cultura plural e inesgotável.

Caipora

Pelas caatingas, pelas matas do sertão, a vida corre solta para os animais silvestres, que diante da maldade dos homens, conta com o espírito indomável do Caipora, sempre atento aos caçadores. O Caipora caça as galinhas nas capoeiras, assusta os cães e os cavalos domésticos, sempre protegendo os animais selvagens.
João sempre ouvira falar do Caipora, mas nunca acreditou que ele existisse. Tornara-se um exímio caçador de porco do mato. O destemido João decidiu, numa sexta-feira, caçar alguns porcos selvagens para salgar a carne e abastecer a sua dispensa. Tomou da sua espingarda e, à tardinha, quando o sol começava a cair no crepúsculo, pôs-se de tocaia atrás de uma pedra na beira do rio. Atento aos movimentos, João ouviu quando uma vara de queixadas aproximava-se. Quando as queixadas puseram-se a beber água, mais do que depressa João deu três tiros certeiros. Viu cair um a um os porcos do mato que caçara, enquanto os outros fugiam assustados. João estava satisfeito. Aqueles animais eram-lhe suficientes. Orgulhou-se de como estava com uma pontaria cada vez mais precisa, sem errar um tiro.
O João já se preparava para retalhar a carne das caças, deixando-lhes só as carcaças, quando se formou um grande remoinho de poeira à sua volta, que lhe cobriu os olhos de terra. No meio do remoinho, o caçador ouviu um barulho de animal a cavalgar. Ouviu gritos e palavras em uma língua estranha. João limpou os olhos, podendo ver que do centro do remoinho surgia um moleque peludo, totalmente nu, sentado em cima de um gigante porco do mato. O moleque trazia uma lança com um grande ferrão na ponta. João ficou quedo, sem poder mover as pernas, paralisadas pelo medo. Aquele estranho moleque só poderia ser o Caipora.
O caçador não ousou a olhar de frente tão temida criatura. O Caipora, ao ver os animais mortos, deu um grito ensurdecedor, lançando na mata toda a sua ira. Em seguida tocou com o ferrão uma das queixadas mortas, dizendo-lhe:
– Levante! Embrenhe-se na mata!
O animal levantou-se e saiu correndo. Repetiu o gesto com outro animal, sucedendo-lhe o mesmo. No terceiro e último porco do mato morto, o Caipora tocou com tanta força o seu ferrão, que este quebrou. A queixada saiu correndo. Irritado, o Caipora olhou para o caçador, dizendo-lhe:
– Por sua causa quebrei o ferrão da minha lança. Sorte a sua, pois o próximo que iria tocar com a lança era você, e ao contrário das queixadas, você nunca mais se iria levantar do chão, cairia morto na mata! Não queira estar aqui quando eu consertar o ferrão!
Dizendo isto, ele deu um imenso grito, fazendo com que disparasse o porco do mato que ele montava, seguido de outros tantos, por fim, desapareceu dentro da mata. João respirou aliviado. Pegou sua espingarda e partiu.
No dia seguinte, João foi visitar o ferreiro do lugar. Antes de começar a relatar a sua história ao amigo, ambos foram surpreendidos por um estranho caboclo, de olhar esgueiro, que despertava pouca confiança. O caboclo dirigiu-se ao ferreiro:
– Preciso que conserte este ferrão. – Ordenou. – Tenho muita pressa.
João olhou para o ferreiro, como se perguntasse quem era o caboclo. Ao olhar para o ferrão, reconheceu que era o mesmo que o Caipora empunhava na mata. O caboclo era o próprio Caipora, que desencantara. João fez um gesto para ajudar o ferreiro a acender a forja e consertar o ferrão. Então ouviu a voz áspera e irritada do estranho caboclo, que lhe disse:
-Não toque no ferrão! Não se esqueça que quando ele estiver consertado, irá disparar sobre aquele que não disparou antes. Quer esperar para ver o ferrão consertado? Então vá embora e nunca mais mate um porco do mato. E nunca conte para ninguém o que você viu!
João largou o ferrão quebrado. Não esperou segunda ordem, fugiu dali antes que o caboclo voltasse a ser o Caipora. Desde então, João nunca mais se embrenhou na mata sertaneja atrás das queixadas.

Famaliá

Com muita tristeza, o fazendeiro enterrou a sua mulher. Após beber a morta com os vizinhos, o infeliz homem voltou para a sua fazenda. Sentou-se em uma cadeira no meio da sala, de frente para o oratório. Ali, dentro do oratório, ele guardava a sua relíquia mais preciosa, dona do seu segredo.
A sala da casa parecia enorme. Dono da maior fazenda do sertão mineiro, o fazendeiro sentia-se sozinho, velho e infeliz. Os filhos migraram para as grandes cidades. Morrera-lhe a mulher. Com os olhos marejados, o fazendeiro repassou a sua vida, impregnada de memórias em cada canto daquela sala. Na distância do tempo, ele encontrou o rapaz pobre e humilde que um dia tinha sido. Na juventude fora um capataz dedicado da fazenda do Mané Lourenço. O patrão, avançado na idade, grato pela dedicação do capataz, no leito de morte revelou a ele o segredo da sua imensa fortuna: era por causa do Famaliá. Mané Lourenço contou ao jovem capataz como conseguir o seu Famaliá.
Tão logo o Mané Lourenço foi enterrado, o capataz foi até o seu galinheiro atrás de um ovo de galo. Procurou, procurou, e não achou a preciosidade. Mas o capataz não desistiu. Todos os dias, durante meses, ele ia ao galinheiro do finado Mané Lourenço atrás do ovo de galo. Já começava a pensar que o patrão zombara da sua fé e ambição. Um dia, lá encontrou um ovo pequenino, do tamanho do ovo de uma pomba. Sorriu vitorioso. Finalmente encontrara um ovo de galo. Pegou o tão precioso ovo e o levou para casa. Seguindo o que lhe ensinara o Mané Lourenço, esperou até a quaresma. Na noite alta da primeira sexta-feira da quaresma, levou o ovo até uma encruzilhada escura, esperou pela viração das horas, pôs o ovo debaixo do braço esquerdo, na axila, pronunciou as palavras secretas que lhe revelara o patrão morto. Assim, com o ovo debaixo do braço, voltou para casa. Estava consumado!
O jovem capataz foi acometido de uma imensa febre, que o fez prostrar-se na cama, ali permanecendo por quarenta dias. A febre parecia queimar o seu corpo. Ao final daqueles dias, sentiu quando o ovo começou a eclodir. De dentro dele surgiu um diabinho de um palmo de tamanho. O jovem pegou o diabinho e o meteu em uma garrafa preta, arrolhou-a com cuidado, guardando-a em segredo, em um velho oratório que recebera de herança da avó.
Com o seu Famaliá na palma da mão, o jovem pediu-lhe riquezas, poder e sedução sobre as pessoas. Não tardou a ser atendido, pois tudo que se lhe tocava, tornava-se próspero. O ex-capataz tornou-se um grande fazendeiro, ainda mais rico e mais importante do que fora o Mané Lourenço. Casou-se, teve filhos, dinheiro, poder, fama, mas nunca a felicidade.
Velho, viúvo e sozinho, o fazendeiro olhava para o oratório. Caminhou até ele, abriu-o. Lá estava o seu segredo. O Famaliá. Nunca ninguém mexera naquela garrafa a não ser ele. Era o seu grande segredo. Pegou a garrafa na palma da mão. Angustiado e triste, olhou para o Famaliá e perguntou-lhe:
– Você me deu tudo, falta a felicidade. Onde está?
– Dei o que você me pediu. Dinheiro, riqueza, poder, êxito. Tudo isto não traz felicidade?
– Não, não traz.
– E o que você queria? Para se ter um Famaliá você fez um pacto com o diabo, não com os santos. Você ganhou, mas o diabo foi o vencedor.
Amargurado, o fazendeiro pôs o Famaliá dentro do oratório. Por quê Mané Lourenço não o advertira sobre a felicidade? Saiu da sala, cabisbaixo, triste e infeliz. Já nenhum poder ou riqueza varria a solidão do seu coração. Guardou o oratório em um porão. Nunca mais o abriu.

O Sono do Rio

Numa noite estrelada, Serafim deslizava o seu barco pelas águas do rio São Francisco. Exibia orgulhosamente a sua nova carranca. Serafim afastara-se dos outros barqueiros. Através das águas do velho Chico adentrava o sertão. Guiava-se pelas estrelas, que lhe revelavam as horas. O silêncio da noite era cortado pelo barulho, ao longe, da cachoeira que estava próxima. Cada estrela iluminava o rosto do barqueiro, tornando-o luminoso.
Já quase próximo da meia-noite, Serafim foi, de repente, acometido por um cansaço extenuante, que trazia uma lassidão ao seu corpo, quase que em forma de encantamento. Vendo as forças a faltar-lhe, o barqueiro deitou-se na barca. Sentiu que uma força magnética conduzia-o pelo rio. Cada vez mais sentia o barulho da cachoeira aproximar-se. Imóvel, viu a barca parar. No céu a estrela guia indicava-lhe que era meia-noite. Quanto mais brilhava a estrela, mais claras ficavam as águas do rio São Francisco.
Serafim continuava imóvel, deitado sobre a barca. Então um silêncio absoluto reinou ao seu redor. A cachoeira cessou o barulho das suas águas. Diante da calmaria silenciosa, o barqueiro lembrou-se que aquele era o dia do Sono do Rio, e que nenhum movimento poderia interromper o momento único, pois ele se dava apenas uma vez no ano. Bem devagar, para não perturbar o Sono do Rio, Serafim tirou dos bolsos um pedaço de fumo cortado. Estendeu as mãos e o pôs sobre a popa. Continuou imóvel. Foi quando viu a imensa mão do Negro d’Água fazer uma grande sombra sobre a barca. Ao ver o fumo cortado sobre a popa, o estranho visitante desistiu de atacar Serafim, apossou-se do fumo e partiu.
O São Francisco continuava a dormir. Serafim permanecia em silêncio, olhando fixamente para o céu estrelado. De repente surgiu a Mãe d’Água, metade peixe, metade mulher. Sentou-se sobre a proa da barca, a pentear os belos e longos cabelos verdes, como se fizesse uma oração ao Sono do Rio.
Serafim sabia que o Sono do Rio durava apenas um segundo, mas tudo parecia eterno durante aquele segundo. As cobras perdiam a sua peçonha, os peixes ficavam imóveis no fundo do rio. De repente o belo canto da Mãe d’Água ecoou, como se velasse o Sono do Rio. Diante do seu canto, o São Francisco abriu o seu abismo hiante, devolvendo todos os homens que em suas águas morreram afogados. Serafim viu os mortos retomando a forma dos seus corpos, flutuando no ar, indo para o céu, guiados pelo clarão das estrelas.
Quando o último homem desapareceu no céu, também a Mãe d’Água sumiu. A cachoeira voltou a correr normalmente. Serafim apercebeu-se que a beleza que vira há pouco tinha findado. Sentiu-se o mais feliz dos sertanejos. As forças voltaram ao seu corpo. Pensou em levantar-se, mas continuou inerte, deitado sobre a barca por mais um minuto, para ter a certeza de que não iria atrapalhar o Sono do Rio.

Ilustrações: José Lanzellotti
Adaptação livre de Jeocaz Lee-Meddi para textos de Brasil, Histórias, Costumes e Lendas
publicado por virtualia às 18:11
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Domingo, 29 de Março de 2009

OS MESES DO ANO - NOVEMBRO

 

 
Novembro é o décimo primeiro mês do ano do Calendário Gregoriano, possui 30 dias. O mês inicia no mesmo dia da semana que Fevereiro, com exceção para os anos bissextos, e no mesmo dia da semana que Março.
Novembro tem o seu nome derivado do latim Novem (significa nove), no antigo Calendário Romano Novembro era o nono mês do ano, que se iniciava em Março. Com a reforma do Calendário Juliano, Janeiro passou a ser o primeiro mês do ano. Originalmente Novembro tinha 31 dias, com a transformação do mês de Sextilis em Agosto e este passar a ter 31 dias, Setembro e Novembro mudaram a disposição que alternavam os dias dos meses, passando ambos a ter 30 dias.
Novembro é um mês do outono no hemisfério boreal e da primavera no hemisfério austral. Para as culturas antigas, em especial a Celta, 1 de Novembro era a data oficial do início do inverno. Em outras partes da Europa, as velhas tradições pagãs assimilaram os dias quentes do mês, chamados de “Verão de São Martinho”, marcando o início do inverno a 11 de Novembro, dia dedicado ao santo. É o mês da colheita das azeitonas no hemisfério norte, tendo como simbolismo a frutificação das oliveiras e a produção do azeite. No hemisfério sul Novembro é o caminho para o verão, com dias quentes e chuvosos.
Novembro inicia-se astrologicamente com o Sol no signo de Escorpião e termina no signo de Sagitário. Astronomicamente, o Sol inicia-se na constelação de Libra (Balança) e termina na constelação de Escorpião.

Novembros na História do Mundo

01 de Novembro
1512 – Exibido pela primeira vez ao público, o teto da Capela Sistina (foto), pintado por Michelangelo.
1755 – Grande terremoto destrói Lisboa, deixando mais de 50 mil mortos.
1993 – O Tratado de Maastricht, que estabelece união monetária, econômica e política na União Européia, entra em vigor.

02 de Novembro
1721 – Pedro I, o Grande, é proclamado imperador da Rússia.
1917 – Publicada a declaração Balfour sobre a Palestina, em que a Grã-Bretanha declara-se favorável ao estabelecimento de um Estado Judaico naquela região.
1975 – Assassinado em Ostia, arredores de Roma, o diretor de cinema e escritor italiano, Pier Paolo Pasolini.

03 de Novembro
1957 – Lançado no espaço, pela União Soviética, o satélite artificial Sputnik, com a cadela Laika a bordo.
1970 – Salvador Allende assume a presidência do Chile.
1992 – Bill Clinton é eleito presidente dos Estados Unidos.

04 de Novembro
1307 – A Confederação Suíça declara-se independente da Áustria.
1979 – Estudantes iranianos, instigados pelo governo, invadem a embaixada norte-americana em Teerã, fazendo 90 reféns.
1995 – Assassinado o primeiro ministro de Israel, Yitzhak Rabin.

05 de Novembro
1911 – A Itália anexa Trípoli e a Cirenaica, atual Líbia.
1914 – Após declarar guerra ao Império Otomano, ao lado da França, a Grã-Bretanha ocupa a ilha de Chipre.
2006 – Saddam Hussein é condenado à morte na forca.

6 de Novembro
1860 – Abraham Lincoln é eleito presidente dos Estados Unidos.
1921 – Um grande incêndio destrói o Teatro Ginásio em Lisboa.
1943 – A cidade de Kiev é recapturada pelos soviéticos, após dois anos de ocupação alemã.

07 de Novembro
1659 – Espanha e França assinam o tratado de paz dos Pirineus, pondo fim a uma guerra entre os dois países.
1917 – O partido bolchevique, chefiado por Lênin, derruba o governo de Kerensky, conclamando a Revolução de Outubro (calendário Juliano) na Rússia (na fotografia, cartaz de propaganda com Lênin).
1989 – Manifestações populares pela democracia na República Democrática Alemã (RDA), faz com que o governo se demita.

08 de Novembro
1793 – O museu do Louvre, em Paris, é aberto ao público.
1895 – Descoberto, acidentalmente, os raios X, pelo físico alemão Wilhelm Conrad Rontgen.
1960 – John F. Kennedy é eleito presidente dos Estados Unidos.

09 de Novembro
1938 – Deflagrada a “Noite de Cristal” na Alemanha, em que os nazistas incendeiam sinagogas e saqueiam lojas pertencentes aos judeus.
1970 – Morre o estadista francês Charles de Gaulle.
1989 – Queda do muro de Berlim, pondo simbolicamente, fim à Guerra Fria.

10 de Novembro
1625 – Os holandeses cedem a cidade de Nova Amsterdã, atual Nova York, para a Inglaterra.
1864 – O arquiduque da Áustria, Maximiliano I, torna-se imperador do México.
1928 – Hirohito é coroado imperador do Japão.

11 de Novembro
1836 – O Chile declara guerra à Confederação formada pelo Peru e a Bolívia.
1918 – Assinado o Armistício de Compiegne, entre a Alemanha e os países aliados, pondo fim à Primeira Guerra Mundial.
1975 – Angola declara a sua independência de Portugal.

12 de Novembro
1936 – Inauguração da ponte Golden Gate, em São Francisco, nos Estados Unidos.
1948 – Condenado à morte, em Tóquio, por crimes de guerra cometidos durante a Segunda Guerra Mundial, o ex-primeiro ministro Hideki Tojo.
1982 – Após onze meses encarcerado, o líder sindicalista polonês Lech Walesa é libertado.

13 de Novembro
1460 – Morre na Vila do Infante, sem Sagres, Portugal, o infante dom Henrique, o Navegador, um dos maiores instigadores das grandes descobertas marítimas (fotografia, retrato do Infante).
1945 – O general Charles de Gaulle é nomeado presidente provisório da França.
1994 – Votado plebiscito na Suécia que decide a entrada do país na União Européia.

14 de Novembro
1501 – Realizado o casamento de Henrique VIII da Inglaterra, com Catarina de Aragão.
1900 – Landsteiner, um cientista austríaco, descobre a existência de tipos diferentes de sangue, classificando-os com A, B e C.
1940 – Bombardeios alemães destroem a cidade de Coventry, na Inglaterra.

15 de Novembro
1920 – Realizada pela primeira vez, em Genebra, na Suíça, a reunião da Assembléia da Liga das Nações.
1940 – O gueto de Varsóvia é fechado, com 350 mil judeus reclusos.
1987 – Os romenos saem às ruas para protestar contra a miséria do país no regime ditatorial comunista.

16 de Novembro
1532 – O conquistador espanhol Francisco Pizarro, derrota os incas, no Peru, aprisionando o imperador Atahualpa.
1918 – Dissolvido oficialmente o Império Austro-Húngaro, e a Hungria torna-se uma República.
1988 – Benazir Bhutto vence as eleições diretas no Paquistão, tornando-se a primeira mulher a governar um país islâmico.

17 de Novembro
1525 – Morre, em Portugal, a rainha dona Leonor, viúva do rei dom João II, fundadora das Misericórdias.
1558 – Sobe ao trono da Inglaterra a rainha Elizabeth I, última representante da dinastia Tudor.
1869 – Inaugurado oficialmente o canal de Suez, ligando o Mar Vermelho ao Mediterrâneo.

18 de Novembro
1095 – Iniciado o Concílio de Clermont, convocado pelo papa Urbano II, para debater o envio da primeira cruzada à Terra Santa.
1936 – A Itália e a Alemanha reconhecem o governo ditatorial espanhol do general Francisco Franco.
1978 – O líder espiritual Jim Jones induz 900 fiéis ao suicídio, na selva da Guiana.

19 de Novembro
1969 – Charles Conrad e Alan Bean, astronautas norte-americanos da missão Apollo 12, aterram na superfície da Lua.
1988 – Morre, aos 36 anos, Cristina Onassis, filha do armador e magnata grego Aristóteles Onassis.
1996 – O papa João Paulo II recebe no Vaticano, o presidente e líder revolucionário cubano, Fidel Castro.

20 de Novembro
1917 – A batalha de Cambai, travada entre a Inglaterra e a Alemanha em campos franceses, durante a Primeira Guerra Mundial, envolve, pela primeira vez, o uso de tanques blindados.
1959 – Publicada a declaração dos Direitos da Criança, pela Organização das Nações Unidas (ONU).
1975 – Morre o general Francisco Franco, ditador espanhol que governou a Espanha desde 1939, quando venceu a guerra civil.

21 de Novembro
1783 – Jean François Pilatre de Rozier e o marquês François Laurent d’Arlandes, realizam sobre Paris, o primeiro vôo num balão de ar quente (na fotografia, desenho do balão).
1913 – A justiça de São Petersburgo queima manuscritos do escritor Leon Tolstoi.
2000 – O Congresso do Peru destitui Alberto Fujimori do cargo de presidente do país.

22 de Novembro
1497 – Vasco da Gama navega pelo Cabo da Boa Esperança, na sua viagem a caminho da Índia.
1963 – Assassinado em Dallas, no Texas, o presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy.
1975 – Juan Carlos é proclamado rei da Espanha.

23 de Novembro
1775 – Aberto ao público o mercado da Praça da Figueira, ao lado do Rossio, em Lisboa.
1890 – O grão-ducado do Luxemburgo separa-se da Holanda.
1971 – A China é admitida como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.

24 de Novembro
1642 – Abel Janzoon Tasman descobre a ilha que seria batizada com o seu nome, a Tasmânia.
1859 – O naturalista Charles Darwin publica “A Origem das Espécies”, defendendo que todas as criaturas vivas descendem de um antepassado comum.
1963 – Lee Harvey Oswald, acusado de ter assassinado o presidente Kennedy, é abatido por um tiro quando estava sendo transferido da prisão para a sala de interrogatório.

25 de Novembro
1991 – Morre, aos 45 anos, vítima da aids, Freddie Mercury, vocalista da banda britânica Queen.
1992 – O Parlamento da Tchecoslováquia aprova a separação do país em duas repúblicas distintas, a República Tcheca e a Eslováquia.
1998 – A Câmara dos Lordes da Grã-Bretanha anula a decisão que reconhecia a imunidade do ex-ditador chileno Augusto Pinochet.

26 de Novembro
1924 – Proclamada a República Popular da Mongólia.
1942 – Estréia do filme “Casablanca”, no Hollywood Theather de Nova York.
1993 – Primeira greve geral na Bélgica, em quase meio século.

27 de Novembro
1868 – O imperador do Japão muda sua residência de Kyoto para Yedo, que passaria a ser chamada de Tóquio.
1985 – Cruza no céu, pela segunda vez no século XX, o cometa Halley.
1992 – A Alemanha proíbe atividades neonazistas no país.

28 de Novembro
1520 – A frota de Fernão de Magalhães, vinda do Atlântico, atravessa o estreito que levaria o seu nome e chega ao Pacífico (na fotografia, Fernão de Magalhães em pintura de Tomasz Kostecki).
1905 – Fundado, em Dublin, o Sinn Fein, partido pela independência da Irlanda, por Arthur Griffith.
1919 – Lady Astor torna-se a primeira mulher a ser eleita para a Câmara dos Comuns, na Inglaterra.

29 de Novembro
1926 – Nomeado o general Oscar Carmona para presidente de Portugal.
1945 – A monarquia é abolida na Iugoslávia, proclamando-se a República Federal.
1947 – A Assembléia Geral da ONU decide dividir a Palestina em dois Estados, um judeu e um árabe.

30 de Novembro
1935 – Morre em Lisboa, o poeta português Fernando Pessoa.
1966 – O Barbados torna-se um país independente da Inglaterra.
1997 – Israel anuncia a retirada parcial dos territórios da Cisjordânia, ocupados por três décadas.

Novembros na História do Brasil

01 de Novembro
1501 – Descoberta por André Gonçalves, em viagem de exploração, a baía de Todos os Santos. A viagem contou com o auxílio do florentino Américo Vespúcio.
1549 – Fundada oficialmente, pelo governador-geral Tomé de Souza, a cidade de Salvador, na Bahia (foto, marco da fundação de Salvador).
1755 – Um grande terremoto assola Lisboa, destruindo grande parte da cidade e matando milhares de pessoas.

02 de Novembro
1685 – Enforcados Manuel Beckman e Jorge Sampaio, líderes da Revolta de Beckman, organizada por proprietários de terra contra o monopólio comercial português no Maranhão e os jesuítas, que se opunham à escravização dos índios.
1978 – Criado o Comitê Brasileiro pela Anistia, em São Paulo.

03 de Novembro
1615 – Os franceses, instalados no Maranhão, capitulam frente às tropas portuguesas.
1891 – Dissolvido o Congresso Nacional pelo presidente Deodoro da Fonseca. Foi inaugurado um estilo republicano que seria imitado na história do Brasil do século XX.

04 de Novembro
1786 – Publicada a carta régia de dona Maria I, ordenando a criação de um jardim botânico em Belém do Pará.
1896 – Primeira expedição militar enviada a Canudos é rechaçada pelos seguidores de Antonio Conselheiro.

05 de Novembro
1826 – Inaugurada solenemente a Academia Imperial de Belas-Artes, no Rio de Janeiro.
1849 – Nasce Rui Barbosa, em Salvador, Bahia.

06 de Novembro
1836 – Proclamada a República de Piratini no Rio Grande do Sul, Bento Gonçalves da Silva é eleito presidente.
1964 – Morre Anita Malfatti, pintora do movimento modernista, em São Paulo.

07 de Novembro
1837 – Inicia-se em Salvador a Sabinada, revolta contra as péssimas condições econômicas e o centralismo do Império.
1848 – Em Olinda começa a Revolução Praieira.

08 de Novembro
1767 – Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, futura Marília de Dirceu, musa do poeta e inconfidente Tomás Antonio Gonzaga, é batizada.
1799 – Enforcados em Salvador, quatro implicados na Conjuração dos Alfaiates, sedição que se inspirava na Revolução Francesa.

09 de Novembro
1709 – Criadas as capitanias de São Paulo e das Minas do Ouro.
1889 – Realiza-se na Ilha Fiscal, no Rio de Janeiro, o último baile do Império, oferecido a oficiais da marinha chilena.
1904 – É preso um dos estudantes que protestava no Largo de São Francisco, junto à estátua de José Bonifácio, contra a lei que tornava a vacinação contra a varíola obrigatória, inicia-se um grande motim, começando a maior revolta urbana no Rio de Janeiro, dizendo não à vacina.

10 de Novembro
1555 – Esquadra comandada por Villegaignon chega à baia de Guanabara, no Rio de Janeiro, dando início à França Antártica.
1975 – O Brasil reconhece a independência de Angola, sendo o primeiro país a fazê-lo.

11 de Novembro
1823 – No episódio “Noite da Agonia”, a primeira Assembléia Constituinte do Brasil sustenta uma sessão permanente, confrontando-se com dom Pedro I e o Partido Português.
1930 – Estabelecido por decreto, governo provisório que chancelava Getúlio Vargas como presidente, após a Revolução de 30.

12 de Novembro
1746 – Joaquim José da Silva Xavier, mais tarde conhecido como o alferes Tiradentes, personagem principal da Conjuração Mineira em 1789, é batizado na fazenda do Pombal, em Minas Gerais.
1823 – Dom Pedro I dissolve a Constituinte e cria um conselho de dez pessoas para elaborar uma Carta que mantivesse seus poderes.

13 de Novembro
1711 – Após quase dois meses de pilhagens, o corsário francês Duguay-Trouin deixa o Rio de Janeiro.
1864 – O Paraguai declara guerra ao Brasil.

14 de Novembro
1921 – Morre no Castelo d’Eu, próximo a Paris, a princesa Isabel.
1975 – Governo Geisel cria o Programa Nacional do Álcool, em resposta à crise no abastecimento de petróleo que vinha desde 1973.

15 de Novembro
1889 – Deodoro da Fonseca lidera grupo de militares que invade o QG do Exército, no Rio de Janeiro, proclamando a República.
1895 – Fundado no Rio de Janeiro, o Clube de Regatas do Flamengo. Ocorreu na verdade dois dias depois, mas a ata de fundação registra este dia como o oficial.

16 de Novembro
1862 – Exumados os restos mortais de Estácio de Sá, fundador da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
1921 – É lançado A Menina do Narizinho Arrebitado (foto), de Monteiro Lobato, marco na literatura brasileira.

17 de Novembro
1903 –
A disputa entre Brasil e Bolívia por parte da Amazônia é encerrada pelo Tratado de Petrópolis. Por 2 milhões de libras esterlinas, a Bolívia entrega 190.00 Km2 de território, que forma o atual estado do Acre.
1959 – Morre o gênio da música erudita Heitor Villa-Lobos, no Rio de Janeiro.

18 de Novembro
1814 – Morre o escultor Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, em Vila Rica.
1930 – O Decreto nº 19.408 do governo Vargas, cria a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

19 de Novembro
1724 – Morre na Espanha Bartolomeu de Gusmão, criador da “Passarola”, tido como o primeiro inventor das Américas.
1967 – Morre no Rio de Janeiro, o escritor Guimarães Rosa, autor de clássicos como Grande Sertão: Veredas.

20 de Novembro
1530 – Carta Régia concede a Martim Afonso de Souza plenos poderes para colonizar o Brasil.
1971 – Desaba no Rio de Janeiro o viaduto Paulo de Frontin, matando 29 pessoas.

21 de Novembro
1962 – A Bossa Nova é apresentada aos americanos no Carneggie Hall, em Nova York, em um concerto histórico de Tom Jobim, João Gilberto e Carlos Lyra.
1986 – A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulga dados que revelam que o Brasil é o 4º país do mundo em caso de AIDS.

22 de Novembro
1910 – O marinheiro João Cândido, lidera a Revolta da Chibata, que eclode no “Almirante Negro”, na Baía de Guanabara. A revolta era contra os castigos físicos na Marinha.
1968 – Criado pelo regime militar, o Conselho Superior de Censura.

23 de Novembro
1891 – Pressionado por militares após dissolver o Congresso, Deodoro da Fonseca renuncia à presidência, passando o cargo para Floriano Peixoto.
1935 – Militares de baixa patente rebelam-se contra o governo Vargas no quartel do 21º Batalhão de Caçadores, em Natal.

24 de Novembro
1935 – Políticos do Partido Comunista do Nordeste e militares de Olinda e Recife iniciam a Intentona Comunista (na foto, rebeldes do 3º RI, a caminho do presídio de Ilha Grande, Rio de Janeiro).

25 de Novembro
1641 – Chega a São Luís a esquadra do vice-almirante Lichthardt, conhecido como “o terrível Lichthardt”. Começa o domínio holandês no Maranhão.
1695 – Rei dom Pedro II de Portugal, autoriza a remessa de cachaça do Brasil para Angola, a fim de facilitar o comércio de escravos e aumentar as rendas aduaneiras.

26 de Novembro
1807 – Decidida a transferência da corte portuguesa para o Brasil.
1930 – Criado o Ministério do Trabalho pelo governo de Getúlio Vargas.

27 de Novembro
1971 – Morre no Rio de Janeiro, Aparício Torelly, o célebre barão de Itararé, que inaugurou um novo estilo de humorismo no Brasil.
1983 – Realiza-se no vale do Anhangabaú, em São Paulo, o primeiro comício pelas eleições diretas em 20 anos de ditadura militar.

28 de Novembro
1678 – Sepultado na Holanda, Willem Piso, autor da Historia Naturalis Brasiliae, livro que apresentou ao mundo a fauna e a flora brasileiras.
1975 – Morre o escritor Érico Veríssimo, em Porto Alegre.

29 de Novembro
1807 – Parte de Lisboa a frota conduzindo a família real ao Brasil, acontecimento que mudaria os destinos da antiga colônia portuguesa.
1877 – A primeira estação telefônica do Brasil é inaugurada no Rio de Janeiro, alguns meses depois da primeira do mundo ter sido instalada nos EUA.

30 de Novembro
1807 – Um dia após a família real portuguesa partir para o Brasil, tropas francesas lideradas por Junot, general de Napoleão Bonaparte, entram em Lisboa (na imagem, “Batalha das Guerras Peninsulares”, de Joaquim Gregório da Silva Rato).
1847 – Nasce em Minas Gerais, o futuro presidente Afonso Pena, que governaria o Brasil entre 1906 e 1909.

Nascidos em Novembro

01 de Novembro
Gilberto Braga, novelista brasileiro
Jeocaz Lee-Meddi (foto), escritor brasileiro
Lázaro Ramos, ator brasileiro
Thiago Fragoso, ator brasileiro

02 de Novembro
Bibi Vogel, atriz e cantora brasileira
Burt Lancaster, ator norte-americano
Jorge de Sena, escritor português
Luchino Visconti, cineasta italiano
Maria Antonieta da Áustria, princesa austríaca que foi rainha da França
Marieta Severo, atriz brasileira
Stefanie Powers, atriz norte-americana

03 de Novembro
Charles Bronson, ator norte-americano
Dolph Lundgren, ator sueco
Hal Hartley, cineasta norte-americano
Herbert José de Sousa (Betinho), sociólogo e ativista dos direitos humanos brasileiro
Lulu, cantora e atriz escocesa

04 de Novembro
Art Carney, ator norte-americano
Cameron Mitchell, ator norte-americano
Luís Figo, jogador de futebol português
Martin Balsam, ator norte-americano
Matthew McConaughey, ator norte-americano
Roberto Bataglin, ator brasileiro

05 de Novembro
Art Garfunkel, cantor e ator norte-americano
Bryan Adams, cantor e compositor canadense
Elke Sommer, atriz alemã
Joel McCrea, ator norte-americano
Martins Pena, dramaturgo brasileiro
Roy Rogers, ator e cantor norte-americano
Rui Barbosa, político e jurista brasileiro
Sam Shepard, ator norte-americano
Tatum O’Neal, atriz norte-americana
Vivien Leigh (foto), atriz britânica nascida na Índia

06 de Novembro
Brad Davis, ator norte-americano
Ethan Hawke, ator norte-americano
Ray Conniff, músico norte-americano
Sally Field, atriz norte-americana
Sophia de Mello Breyner, escritora portuguesa

07 de Novembro
Albert Camus, escritor francês nascido na Argélia
Ary Barroso, compositor brasileiro
Cecília Meireles, poetisa brasileira
Leon Trotsky, revolucionário bolchevique ucraniano
Maria Alves, atriz brasileira
Marie Curie, cientista francesa nascida na Polônia

08 de Novembro
Alain Delon (foto), ator francês
Antonio Marcos, cantor, compositor e ator brasileiro
Bram Stoker, escritor irlandês
Herson Capri, ator brasileiro

09 de Novembro
Carl Sagan, astrônomo e cientista norte-americano
Fernando Meirelles, cineasta brasileiro
Hedy Lamarr (foto), atriz austríaca
Torquato Neto, poeta e letrista de música brasileiro

10 de Novembro
Álvaro Cunhal, político português
Ângelo Paes Leme, ator brasileiro
Claude Rains, ator inglês
Friedrich Schiller, escritor e filósofo alemão
Martinho Lutero, teólogo alemão
Myrian Rios, atriz brasileira
Richard Burton (foto), ator britânico
Roy Scheider, ator norte-americano

11 de Novembro
Bibi Andersson, atriz sueca
Demi Moore, atriz norte-americana
Fiódor Dostoievski, escritor russo
Leonardo DiCaprio, ator norte-americano
Robert Ryan, ator norte-americano

12 de Novembro
Auguste Rodin, escultor francês
Grace Kelly (foto), princesa de Mônaco e atriz norte-americana
João Nogueira, cantor e compositor brasileiro
Paulinho da Viola, cantor e compositor brasileiro
Reynaldo Gianecchini, ator brasileiro

13 de Novembro
Jean Seberg, atriz norte-americana
Luís Mello, ator brasileiro
Robert Louis Stevenson, escritor britânico
Whoopi Goldberg, atriz norte-americana

14 de Novembro
Charles de Gales, príncipe herdeiro britânico
Claude Monet, pintor francês
Cleyde Yáconis, atriz brasileira
Dick Farney, cantor e compositor brasileiro
Dick Powell, ator norte-americano
Fernando Torres, ator, diretor e produtor de teatro brasileiro
Glauce Graieb, atriz brasileira
Veronica Lake, atriz norte-americana

15 de Novembro
Ana Bustorff, atriz portuguesa
Ed Asner, ator norte-americano
Ilva Niño, atriz brasileira
Marcelo Faria, ator brasileiro
Petula Clark, cantora britânica
Vanja Orico, atriz e cantora brasileira

16 de Novembro
Burgess Meredith, ator norte-americano
José Lewgoy, ator brasileiro
José Saramago, escritor português
Ricardo Blat, ator brasileiro
William Bonner, jornalista e apresentador brasileiro

17 de Novembro
Danny DeVito, ator norte-americano
Lauren Hutton, modelo e atriz norte-americana
Martin Scorsese, cineasta norte-americano
Mary Elizabeth Mastrantonio, atriz e cantora norte-americana
Rachel de Queiroz, escritora brasileira
Rock Hudson (foto), ator norte-americano
Sophie Marceau, atriz francesa

18 de Novembro
Brenda Vaccaro, atriz norte-americana
Cláudia Jimenez, atriz brasileira
Cleide Blota, atriz brasileira

19 de Novembro
Calvin Klein, estilista norte-americano
Carmen Monegal, atriz brasileira nascida no Uruguai
Clifton Webb, ator norte-americano
Fábio Sabag, ator e diretor brasileiro
Francisco Milani, ator brasileiro
Gene Tierney (foto), atriz norte-americana
Indira Gandhi, política indiana
Jodie Foster, atriz norte-americana
Meg Ryan, atriz norte-americana

20 de Novembro
Bo Derek, atriz norte-americana
Cláudio Heinrich, ator brasileiro
Leonardo Medeiros, ator brasileiro
Luiz Fernando Guimarães, ator brasileiro
Robert Kennedy, político norte-americano
Sean Young, atriz norte-americana

21 de Novembro
Alcione, cantora brasileira
Björk, cantora islandesa
Fábio Jr, ator e cantor brasileiro
Goldie Hawn, atriz norte-americana
Irma Alvarez, atriz argentina
Juliet Mills, atriz britânica
Voltaire, escritor e filósofo francês

22 de Novembro
Arthur Hiller, cineasta canadense
Charles de Gaulle, estadista francês
Jamie Lee Curtis, atriz norte-americana
Mariel Hemingway, atriz norte-americana
Marlene, cantora e atriz brasileira
Robert Vaughn, ator norte-americano

23 de Novembro
Boris Karloff, ator britânico
Elizabeth Savalla, atriz brasileira
Vincent Cassel, ator francês

24 de Novembro
Cássia Linhares, atriz brasileira
Carlos Imperial, ator, compositor e cineasta brasileiro
Libertad Lamarque, atriz e cantora de tango argentina
Tolouse-Lautrec, pintor francês

25 de Novembro
Ana Paula Padrão, jornalista brasileira
Eça de Queiroz, escritor português
João XXIII, papa italiano
Ricardo Montalban, ator mexicano
Taís Araújo, atriz brasileira
Virgínia Cavendish, atriz brasileira
Zé Rodrix, cantor e compositor brasileiro

26 de Novembro
Deborah Secco, atriz brasileira
Eugene Ionesco, dramaturgo romeno
Mário Lago, ator e compositor brasileiro
Otello Zeloni, ator ítalo-brasileiro
Tina Turner, cantora norte-americana
Vanessa Lóes, atriz brasileira
Walter Lima Junior, cineasta brasileiro

27 de Novembro
Adonias Filho, escritor brasileiro
Afonso Arinos, jurista e político brasileiro
Bruce Lee, ator sino-americano
Jimi Hendrix, cantor, guitarrista e compositor norte-americano
Vera Fischer, atriz brasileira

28 de Novembro
Ed Harris, ator norte-americano
Marco Ricca, ator brasileiro
Regina Braga, atriz brasileira
Soraya Ravenle, atriz brasileira
Stefan Zweig, escritor austríaco

29 de Novembro
Bruno Garcia, ator brasileiro
Egas Moniz, médico português
Francisco Cuoco, ator brasileiro
Henriette Morineau, atriz francesa
Jacques Chirac, político francês

30 de Novembro
Angélica, apresentadora, atriz e cantora brasileira
Ben Stiller, ator norte-americano
David Mamet, dramaturgo, ensaísta e romancista norte-americano
Jonathan Swift, escritor irlandês
Mark Twain, ator norte-americano
Miúcha, cantora brasileira
Richard Crenna, ator norte-americano
Ridley Scott, cineasta britânico
Virginia Mayo, atriz norte-americana
Winston Churchill, estadista britânico

Datas Comemorativas

01 de Novembro – Dia de Todos os Santos
02 de Novembro – Dia de Finados
03 de Novembro – Dia do Cabeleireiro
03 de Novembro – Dia da Instituição do Direito e Voto da Mulher
04 de Novembro – Dia do Inventor
05 de Novembro – Dia da Ciência e Cultura
05 de Novembro – Dia do Cinema Brasileiro
05 de Novembro – Dia do Radioamador
05 de Novembro – Dia do Técnico Eletrônica
07 de Novembro – Dia do Radialista
08 de Novembro – Dia Mundial do Urbanismo
08 de Novembro – Dia do Radiologista
09 de Novembro – Dia do Hoteleiro
10 de Novembro – Dia do Trigo (foto)
11 de Novembro – Dia do Soldado Desconhecido
11 de Novembro – Dia de São Martinho (antigamente era considerado o começo do inverno na Europa)
12 de Novembro – Dia do Diretor de Escola
12 de Novembro – Dia do Supermercado
14 de Novembro – Dia Nacional da Alfabetização
15 de Novembro – Dia da Proclamação da República (Brasil)
16 de Novembro – Semana da Música
17 de Novembro – Dia da Criatividade
19 de Novembro – Dia da Bandeira Brasileira
20 de Novembro – Dia do Auditor Interno
20 de Novembro – Dia Nacional da Consciência Negra no Brasil
20 de Novembro – Dia da Revolução no México
21 de Novembro – Dia da Homeopatia
21 de Novembro – Dia das Saudações
22 de Novembro – Dia do Músico
23 de Novembro – Dia Internacional do Livro
25 de Novembro – Dia Nacional do Doador de Sangue
27 de Novembro – Dia do Técnico da Segurança do Trabalho
28 de Novembro – Dia Mundial de Ação de Graças
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Sexta-feira, 27 de Março de 2009

PIAZZA NAVONA - TEATRO DE BERNINI E BORROMINI

 

 

Roma é uma das cidades mais míticas do mundo. Dona de uma história glamorosa, que reflete na herança religiosa e cultural dos países cristãos ocidentais, a cidade é um convite para que descubramos as suas ruas, os seus monumentos, a sua história. Conhecida como a Cidade Eterna, na sua paisagem mesclam-se monumentos da Idade Antiga, da época do poderoso Império Romano, com monumentos medievais, renascentistas e barrocos, da época que a cidade estava sob o domínio dos papas e da igreja, antes da reunificação da Itália, e que formavam os Estados Pontifícios.
Na faustosa Roma barroca, encontramos a mítica Piazza Navona (Praça Navona), um dos locais mais visitados do mundo. Sua estrutura barroca é ornamentada por três fontes: a Fontana Dei Quattro Fiumi (Fonte dos Quatro Rios), de Bernini ao centro, a Fontana Del Moro (Fonte do Mouro) e a Fontana Del Nettuno (Fonte de Netuno), nas extremidades. No lado ocidental da praça, ao centro, encontra-se a igreja barroca Santa Agnese in Agone, de Borromini e a seu lado, o belo palácio Pamphili, sede da embaixada brasileira em Roma.
Na Piazza Navona, vislumbra-se um dos pontos mais pulsantes de Roma, percebendo-se o poder que a cidade exerceu sobre o resto do mundo. Vê-se a marca inconfundível de Bernini sobre a cidade; as igrejas e os palácios que a circundam, além dos cafés, nos quais se pode sentar calmamente e sentir-se no centro do charme da história. Descobrir a Piazza Navona é deixar-se seduzir por uma Roma que se mantém eterna no imaginário dos povos há mais de 2000 anos.

Origens da Piazza Navona

A Piazza Navona teve as suas origens quando Tito Flávio Domiciano, imperador de Roma de 81 a 96, mandou que se construísse um estádio para corrida e jogos de competições. O local foi palco de lutas contra animais e entre gladiadores. Os combates de animais puderam ser assistidos até por volta de 1500, quando o local começou a ser visto de fato como uma praça e não um estádio.
Por causa das suas origens, a Piazza Navona preservou as formas de um estádio, com extensão longa e retangular de 240m x 65m, de extremidades estreitas ao norte da praça. As cavea antigas podiam receber 30 mil espectadores, que ali se sentavam para assistir aos combates. Atualmente, os edifícios ao redor da praça foram erguidos nos terraços ou nos alicerces dessas cavea.
O Estádio de Domiciano, com o tempo passou a ser chamado por outro nome. O nome atual teria derivado do fato de ali os romanos assistirem os jogos (agone), ou seja, “in agone” (local de combate), juntamente com “navis” (navio), por causa da forma de sua extremidade arredondada, o que formaria a corruptela posterior de nagone e navone, que em italiano significa “grande navio”.
No século XV, durante o pontificado de Sisto IV (1471-1484), em 1477, o mercado do Capitólio foi transferido para a Piazza Navona, fazendo com que se tornasse um bairro povoado. Diversos palácios foram construídos na área, como o Pallazo Madama, de Sinulfo, tesoureiro de Sisto IV, que seria arrendado ao então cardeal Giovanni de Médici, futuro papa Leão X, e, futuramente, residência da família Médici em Roma.

As Intervenções Arquitetônicas

No século XVI o local já era a área residencial favorita dos nobres que habitavam Roma. Neste século surgem os esboços das duas fontes que hoje fazem parte das extremidades da praça: a Fontana Del Nettuno e a Fontana Del Moro. As fontes foram instaladas no pontificado do papa Gregório XIII (1572-1585).
É no século XVII, durante o pontificado de Inocêncio X (1644-1655), que a Piazza Navona atinge o ápice do seu desenvolvimento arquitetônico e urbano. Em 1645 o papa começa a remodelar a praça. O desenvolvimento arquitetural culminou durante o pontificado de Inocêncio X (1644-1655) que começou a remodelá-la em 1645. Para isto convocou Gian Lorenzo Bernini (1598-1680), autor das colunas da praça São Pedro, no Vaticano, e Francesco Borromini (1599-1667), de origem suíça e responsável por alguns dos maiores exemplos do barroco romano. A Bernini coube restaurar as fontes instaladas por ordem de Gregório XIII, e, construir no centro da praça, a enorme Fontana Dei Quattro Fiumi. A Borromini coube a igreja de Santa Agnese in Agone. Inocêncio X renovaria ainda, o palácio de sua família. É desta época a imponente estrutura barroca que eternizou a arquitetura da Piazza Navona.

As Três Fontes

Três fontes traduzem a beleza barroca da Piazza Navona: a Fontana Dei Quattro Fiumi, a Fontana Del Nettuno e a Fontana Del Moro. Entre elas há uma harmonia arquitetônica que foi formada por um planejamento urbano bem sucedido através dos séculos.
A Fontana Dei Quattro Fiumi, é maior das três fontes, localizada no centro da praça. Na fonte dos rios, Bernini projetou quatro estátuas representando os rios dos quatro continentes: o Nilo, o Danúbio, o rio da Prata e o Ganges. As estátuas estão montadas sobre um obelisco egípcio, sendo circundadas por leões e outros animais fantásticos, tendo no cume uma pomba em bronze, símbolo da paz no mundo e da família Pamphili. Para realçar a rivalidade entre Bernini e Borromini, que fez a igreja de Santa Agnese, os romanos criaram uma lenda em torno da fonte dos rios, que fica em frente a esta igreja. Segundo os romanos, as estátuas duvidam da solidez do projeto de Borromini. A que retrata o rio da Prata, tem a mão erguida, a proteger o corpo do desabamento da igreja; a que retrata o Nilo, traz a cabeça coberta por um véu, a recusar a ver a obra de Borromini.
A Fontana del Nettuno, também conhecida como Chafariz de Calderai, foi construída em 1574, com projetos e desenhos de Giacomo Della Porta. Está situada na parte norte da praça. Em 1878 foi lançado um concurso para que se criasse estátuas que harmonizassem esta fonte com a de Bernini. Venceram o concurso Gregory Zappala e Antonio Della Bitta. Zapalla criou a escultura “A Nereida com Querubins e Cavalos Marinhos”, e, Bitta criou a escultura “Netuno Luta Contra um Polvo”, que traz como tema um confronto físico, já existente na estátua da Fontana Del Moro. Criou-se assim, uma consonância estilística entre as estátuas desta fonte e às das outras duas. Depois das intervenções de Zapalla e Bitta, a fonte passou a chamar-se Fonte de Netuno.
A Fontana del Moro está localizada ao sul da Piazza Navona. Tem este nome devido à representação de um etíope (mouro) a lutar com um golfinho. A obra foi projetada por Bernini, para dar conclusão à fonte de Giacomo Della Porta, construída em 1576, e esculpida por Giovanni Antonio Mari, em 1654. A estátua do etíope é acompanhada por tritões e máscaras, que são cópias das originais hoje postas em algumas fontes dos jardins da Villa Borghese.

A Igreja de Santa Agnese

Além das fontes, a igreja de Santa Agnese faz da Piazza Navona um dos pontos emblemáticos de Roma. Nas linhas barrocas da sua arquitetura, a tradução de um desafio arquitetônico ímpar entre Bernini e Francesco Borromini, artistas imprescindíveis na história da capital italiana, que na primeira metade do século XVII redesenharam lugares míticos de Roma.
Borromini trabalhou sobre um projeto inicial de Carlo Rainaldi, fazendo uma intervenção decisiva e singular no que é igreja de Santa Agnese in Agone, entre 1653 e 1657. Ao construir a fachada da igreja de forma côncava para criar um efeito óptico que ampliasse o desenho da cúpula, gerou-se uma controversa na ocasião, que por ser uma novidade arquitetônica, desencadeou críticas mordazes, e a suspeita popular de que a fachada da igreja não se sustentasse diante do peso. O tempo provou o contrário, quase quatro séculos depois de construída, Santa Agnese in Agone continua imponentemente de pé. Emblemática, a Piazza Navona, é visitada por turistas de todo o mundo. Além das fontes e monumentos, vendedores ambulantes, pintores, artistas de entretenimento, compõem a paisagem do local. A Piazza Navona continua a ser um grande teatro fulgente da Cidade Eterna.
 
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Segunda-feira, 23 de Março de 2009

GAL CANTA CAYMMI - O ENCONTRO DE DOIS BAIANOS

 


O Brasil perdeu Dorival Caymmi em 16 de agosto de 2008, aos 94 anos, vítima de um câncer com o qual lutou durante nove anos. No momento de dor e tristeza que a partida de um cantador do Brasil e, particularmente, da Bahia, deixa em nós, é tempo de revisitarmos a sua imensa obra, um acervo com mais de 100 canções. Nada mais agradável do que começar pelo álbum “Gal Canta Caymmi”, de 1976, um dos mais belos e definitivos registros da obra do grande compositor baiano. O universo de Dorival Caymmi traduzido no canto de Gal Costa revela-nos a pluralidade da Bahia, que presenteou o Brasil com tão soberba e talentosa dupla. Gal Costa e Dorival Caymmi, duas vezes Bahia, duas vezes emoção, mil vezes Brasil.
Em 1975 a Rede Globo decidiu adaptar o romance “Gabriela, Cravo e Canela”, de Jorge Amado, para uma das suas telenovelas. Começava uma grande corrida das atrizes para conseguir o papel de Gabriela. O todo poderoso da emissora carioca, Daniel Filho, tinha em mente um nome, Gal Costa. Mas a cantora, mesmo diante da insistência de Daniel Filho, declinou do convite, por não se achar uma atriz. Após intensa seleção, Sonia Braga, então atriz de papéis secundários na emissora, foi a escolhida para protagonista de “Gabriela”. Dorival Caymmi compôs o tema de abertura da novela, “Modinha Para Gabriela”. A canção foi dada a Gal Costa, que com uma interpretação sensual e mítica, fincaria de vez a sua voz na personagem de Jorge Amado.
Apesar de conhecer a obra de Caymmi do avesso e cantar suas canções nos seus shows, até então, Gal Costa só tinha gravado do compositor a música “Oração de Mãe Menininha”, em 1973, e mesmo assim em dois registros de shows, lançados em 1973, nos álbuns “Phono 73 - O Canto de Um Povo”, dueto com Maria Bethânia, e “O Banquete dos Mendigos”, numa interpretação a solo.
Com o grande sucesso da novela “Gabriela”, a Bahia ficou em grande evidência, tornando-se moda no país inteiro. Jorge Amado, Gal Costa e Dorival Caymmi tornaram-se os grandes protagonistas desse modismo. O resultado deste momento, foi um show histórico de Gal Costa e Dorival Caymmi, que percorreria apenas quatro cidades do país. O suficiente para que a química musical entre ambos contagiasse o Brasil. Estava lançada a semente para um encontro entre Gal Costa e Dorival Caymmi em um disco. Ainda no calor do sucesso de “Modinha Para Gabriela”, e do show que teve gosto de pouco, em dezembro de 1975, Gal Costa entrou em estúdio para gravar um disco só com canções de Dorival Caymmi. Em março de 1976 era lançado o mítico “Gal Canta Caymmi”, um dos mais belos registros musicais da essência baiana no cenário da MPB.

Gal Canta Caymmi, o Álbum

Gal Canta Caymmi”, álbum de 1976, trazia na sua capa uma Gal Costa fotografada por Tereza Eugênia, com cabelos e bocas sensuais, a lembrar uma Gabriela de todos nós. Na contra-capa, Gal Costa e Dorival Caymmi estão abraçados, ambos com um sorriso luminoso, a mostrar a admiração recíproca e o carinho que sentiam um pelo outro. O álbum foi produzido por Perinho Albuquerque. Trouxe músicos como João Donato, Roberto Menescal e Dominguinhos, com quem a cantora já trabalhara anteriormente.
Gal Canta Caymmi” nasce do grito da Bahia milenar, folclórica, com sua eterna pulsação geradora de arte e de artistas. Começa com uma vinheta trazendo o toque dos tambores (infelizmente cortados da versão do LP para o CD). O show vai começar. O tempero baiano está no ar, apimentado e pincelado pela receita de “Vatapá”. É a simplicidade de Caymmi na voz de Gal Costa, que de pequenos momentos, como fazer um vatapá, gera uma poesia com cheiro do Brasil africano que há em todos nós. Se alguém procurava uma nega baiana que soubesse mexer esse vatapá, encontrou-o no tempero certo da voz de Gal Costa.
Depois de saborearmos o vatapá, o violão traz a voz de Gal Costa, quase em capela, a introduzir “Festa de Rua”, que nos transporta para o sincretismo religioso da Bahia, retratado na tradicional procissão marítima pela Baía de Todos os Santos, levando a imagem de Bom Jesus, que sai da Conceição da Praia no primeiro dia do ano. A voz de Gal Costa começa doce, lenta, explodindo em agudos, como uma festa de rua.
Nem Eu” mostra a maturidade no cantar de Gal Costa, o controle da voz, que transforma um intimismo velado em uma apoteótica canção de amor. Nesta faixa a cantora cresce como intérprete, distanciando-se da época que cantava o amor para a geração do desbunde. Aqui ela canta o amor para toda a MPB, levando-nos a compará-la com uma Dalva de Oliveira ou Ângela Maria. Gal Costa já não era a menina rebelde dos gritos da Tropicália, era senhora do seu canto e sabia onde poderia chegar.
Pescaria (Canoeiro) mostra o mar da Bahia, os pescadores de “Mar Morto” de Jorge Amado, a gente simples que vive do peixe pescado no recôncavo baiano. Gal Costa usa de seus agudos como nunca. O final é belíssimo, como o chamado de uma sereia. Os agudos da cantora contrastam com as ondas do mar baiano. Nesta canção Gal Costa mostra porque é uma das maiores vozes do Brasil. Técnica e emoção fundem-se, perdendo-se em agudos embriagantes.
O Vento” chega manso, é chamado pela cantora e pelo violão. Soltam-se as velas, içam-se os arranjos, e viajamos atrás do curimã para a moqueca baiana, atrás da voz cada vez mais embriagante da cantora, que com “O Vento” encerrava o lado A do vinil, dando-nos fôlego para o que viria a seguir.
O álbum, feito nos moldes dos LPs, começava o lado B (a lógica bem trabalhada dos lados A e B foi eliminada pelos CDs) com “Rainha do Mar”. O eterno casamento entre a poesia de Dorival Caymmi e o mar imenso, folclórico, repleto de lendas. O canto da sereia, temido e admirado por todos os pescadores:

“Minha sereia, rainha do mar
Minha sereia, rainha do mar
O canto dela faz admirar”

E se o temido canto que enfeitiçou os pescadores era de Iemanjá, aqui ele é de Gal Costa, que vai, faixa a faixa, quase sem esforço, transformando o repertório de Dorival Caymmi em uma extensão da sua obra.
O clímax do álbum é atingido em “Só Louco”. Gal Costa faz uma interpretação intimista, solitária, lírica e definitiva, repleta de armadilhas sedutoras que prendem os ouvintes. A música foi escolhida pela Rede Globo para ser tema da abertura da novela “O Casarão”, de Lauro César Muniz. Devido ao sucesso da telenovela, torna-se a canção mais tocada nas rádios de todo o álbum, e também a mais conhecida, ganhando um clipe histórico no programa “Fantástico”.
São Salvador” é a homenagem de Dorival Caymmi e Gal Costa à cidade que os viu nascer. Com simplicidade, é a canção dentro da MPB, que melhor retrata a geografia humana de Salvador nos versos “a terra do branco, mulato” e “a terra do preto doutor”. Na voz de Gal Costa a canção torna-se doce, quase um sussurro.

“São Salvador
Bahia de São Salvador
A terra do Nosso Senhor
Pedaço de terra que é meu”

Dois de Fevereiro” fecha o álbum com a grande homenagem à maior festa de Salvador e, conseqüentemente, da Bahia. É a homenagem à Bahia eclética, de várias cores e sons, traduzida na devoção a Iemanjá. A força baiana de Gal Costa supera o piano bossa nova de João Donato e a canção encerra a homenagem da cantora ao mestre e pai de todos os cantores baianos.
Resta falar sobre a penúltima canção, “Peguei um Ita no Norte”. É a história do próprio Dorival Caymmi, que quando jovem veio da Bahia em um navio a vapor pertencente à Companhia Nacional de Navegação Costeira, designados por Itas, devido aos nomes que tinham: Itapagé, Itanagé, Itapé... É a história comum de várias gerações de baianos, nordestinos, nortistas do Pará, que diante da miséria da sua região, eram obrigados a migrar para São Paulo e Rio de Janeiro em busca de melhores condições de vida. Caymmi veio de Ita para o sudeste e jamais voltaria à Bahia para viver. Gal Costa e a sua geração de baianos vieram da Bahia, para conquistar o Brasil. A canção canta a saudade da terra natal, não importa se de Salvador ou de Belém, a saudade de quem venceu nos grandes centros do sudeste, mas nunca esqueceu as origens. Caymmi jamais esqueceu a Bahia. Retratou-a por toda a sua obra. Gal Costa, ao gravar este álbum, voltava às origens, trazendo a sua essência baiana à flor do canto.
Dez canções depois, os tambores dos terreiros voltam a tocar em vinheta, encerrando o encontro mágico de Gal Costa e Dorival Caymmi, deixando uma emoção perene e o completo fascínio de todo o Brasil pela Bahia aqui cantada.
Gal Canta Caymmi” anulava a proposta cool de interpretação do álbum anterior, “Cantar”, para mostrar uma cantora que sabia mesclar emoção e técnica, dosar os agudos, ampliando as extensões de voz. Neste álbum, a interpretação intimista de “Domingo”, indomável na época da Tropicália e do desbunde, cool e elegante em “Cantar”, dá passagem para o domínio perfeito e maduro no canto de Gal Costa, pronta, finalmente, para interpretar qualquer fase ou estilo da MPB.

Ficha Técnica:

Gal Canta Caymmi
Philips
1976

Direção de produção: Perinho de Albuquerque
Arranjos: João Donato e Perinho Albuquerque
Técnicos de gravação: João Moreira, Ary Carvalhaes, Luigi Hoffer e Luiz Cláudio
Assistente de produção: Luciano Maia Bartholo
Assistentes de gravação: Paulo “Chocolate” Sérgio, José Guilherme e Rafael Isaac
Montagem: Jairo Gualberto
Estúdio: Phonogram
Mixagem: Luigi Hoffer
Capa: Lobianco
Fotos: Tereza Eugênia

Músicos Participantes:
Piano: João Donato e Antonio Adolfo
Violão: Chiquito Braga, Roberto Menescal e Perinho Albuquerque
Órgão: Zé Roberto
Viola e Guitarra: Chiquito Braga
Bateria: Enéas Costa e Paulinho Braga
Baixo: Fernando Leporace, Luizão, Novelli, Gabriel e Perinho Albuquerque
Acordeom: Dominguinhos
Percussão: Bira da Silva e Aladim

Faixas:

1 Vatapá (Dorival Caymmi), 2 Festa de rua (Dorival Caymmi), 3 Nem eu (Dorival Caymmi), 4 Pescaria (Canoeiro) (Dorival Caymmi), 5 O vento (Dorival Caymmi), 6 Rainha do mar (Dorival Caymmi), 7 Só louco (Dorival Caymmi), 8 São Salvador (Dorival Caymmi), 9 Peguei um ita no norte(Dorival Caymmi), 10 Dois de fevereiro(Dorival Caymmi)

Adeus a Dorival Caymmi

O Brasil ficou mais triste em agosto de 2008. Morreu Dorival Caymmi. O mestre de voz grave, sorriso bonachão, ar indolente, figura doce e sensível, calou-se.
Dorival Caymmi era o último representante dos desbravadores da nova Bahia que se deslumbra nos dias atuais. Nasceu em 1914, em uma Salvador negra na cor e na população, branca no preconceito e nas minorias, mas pulsante nos seus sons e imagens. A Bahia do jovem Dorival Caymmi era aquela que proibia os tambores dos terreiros, chegando mesmo a prender quem ousasse a praticar ou professar as religiões africanas. Foi das letras de Jorge Amado e do canto de Dorival Caymmi que a Bahia negra emergiu, que a Bahia e o candomblé tornaram-se moda, e hoje são conhecidos em todo o país.
Dorival Caymmi foi buscar no mar a inspiração para a sua poesia. Porque o mar é de uma imensidão aparentemente simples, mas é nele que se reflete a promessa de uma alma e de que não estamos sós, que deuses de um Deus acenam na quebrada das ondas na praia. A MPB deve muito a este homem, que percorreu com a sua música décadas da nossa história, foi cantado por Carmem Miranda, esteve presente no primeiro disco de João Gilberto, no arremate da carreira de Gal Costa, na voz de Maria Creuza, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Caetano Veloso, e tantos outros baianos. Ele era o pai de todos eles, o senhor das melodias da sua Bahia. Traduziu o mar de Jorge Amado nas notas da sua música. Rimou “Gabriela, Cravo e Canela” com a MPB. Mesmo longe, era na sua Bahia que encontrava a inspiração.

“Ai, ai que saudade eu tenho da Bahia
Ai, se eu escutasse o que mamãe dizia
Bem, não vá deixar a sua mãe aflita
A gente faz o que o coração dita
Mas esse mundo é feito de maldade e ilusão"

Mas a Bahia inspiradora tornou-se pequena para este homem, estava escrito que ele conquistaria o Brasil. E foi o que fez, desceu do nordeste para o Brasil. Conquistou com as suas canções do mar, as suas mulheres sensuais e a cheirar a um universo colorido, quem não se apaixonou por sua “Marina” de rosto pintado? Ou pela sua “Dora” a deslumbrar quando passava e acendia os clarins de todos nós. Voz grave, de uma época em que o cantor precisava ter mais do que conhecimentos vocais e produção de marketing para vingar na MPB. Voz poderosa, quase agreste, olhar sorridente, homem gentil, Caymmi era mais que um cantor, era um cantador, que nos deixa, tal qual Elvis Presley, em um 16 de agosto.

Minha jangada vai sair pro mar
Vou trabalhar meu bem querer
Se Deus quiser quando eu voltar do mar
Um peixe bom eu vou trazer
Meus companheiros também vão voltar
E a Deus do céu vamos agradecer

Caymmi foi enterrado longe da sua Bahia, no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, o cemitério das estrelas do Brasil. Estará ao lado de Carmem Miranda. Com certeza no céu já fazem, juntos, uma grande roda de samba, pois doente do pé é que não eram. Foram 94 anos por aqui. Muito pouco para um homem da grandeza artística de Dorival Caymmi, quase nada no vão da existência. Sua música está para sempre cravada na MPB, no imaginário do brasileiro, registrada em mais de 100 canções.
Espreguiça-se Caymmi, segue a imensa lua que se fazia no céu no dia que você partiu, iluminando o mar da sua poesia. Nós só temos a agradecer e aplaudi-lo. Que toquem todos os tambores dos terreiros!
Palmas para Dorival Caymmi!

Se a noite é de lua
A vontade é contar mentira
É se espreguiçar
Deitar na areia da praia
Que acaba onde a vista não pode alcançar
E assim adormece esse homem
Que nunca precisa dormir pra sonhar
Porque não há sonho mais lindo do que sua terra.
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Quinta-feira, 19 de Março de 2009

OBJECTO QUASE & O CONTO DA ILHA DESCONHECIDA - JOSÉ SARAMAGO

 

 

Quando, em 1997, foi posta a hipótese do Prêmio Nobel de Literatura ser dado pela primeira vez a um escritor de língua portuguesa, apenas dois nomes foram mencionados como reais candidatos: o do brasileiro Jorge Amado e o do português José Saramago. Jorge Amado acima de ser visto como escritor de língua portuguesa, era tido como latino americano, e o prêmio Nobel já tinha contemplado vários autores da América Latina, como Gabriel Garcia Márquez. Considerando que Portugal encerrava o milênio com grande prestígio político internacional, caberia ao escritor lusitano arrebatar tão cobiçado e inédito prêmio na língua de Camões.
Considerado um dos maiores romancistas português da atualidade, José Saramago é autor das obras: “Memorial do Convento” (1982), “O Ano da Morte de Ricardo Reis” (1984), “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” (1992) e “Todos os Nomes” (1997), dentre outros.
Apesar de ser o romance a sua obra maior, é como contista que vamos analisá-lo aqui. Tomaremos como base os livros “Objecto Quase” (3ª edição - Editorial Caminho - 1986) e “O Conto da Ilha Desconhecida” (1ª edição - Pavilhão de Portugal Expo’98/ Assírio & Alvim - 1997). As incursões de José Saramago através do conto não deixam de ser tão brilhantes quanto às feitas ao romance. José Saramago é o retrato da literatura portuguesa no final de século XX e início do século XXI. Compreender a sua obra é também compreender a história mais recente de Portugal.

Transição de Portugal no Decorrer da Produção da Obra de Saramago

A primeira edição do livro de contos, “Objecto Quase”, data de 1978. Tendo publicado os seus primeiros livros na segunda metade da década de sessenta, será na década seguinte que a carreira do escritor tomará um novo fôlego, e, o reconhecimento maior, de público e crítica, virá na década de oitenta.
A obra de José Saramago faz-se imprescindível no fim da ditadura de Salazar, atravessa a Revolução dos Cravos, em 25 de Abril de 1974, passando pelo período de transição dos primeiros anos da restauração da democracia aos anos da adesão de Portugal à Comunidade Européia. Em 1968 o estado de saúde de António Salazar era grave. Uma queda afastaria o ditador do poder até a sua morte, dois anos depois. O regime estava podre e esgotado. Surgia Marcelo Caetano como o homem que deveria fazer a transição do regime. Mas por medo ou por vontade da história, não o fez. Serão os militares a restituírem a democracia e a enterrar de vez antigo regime, em 1974.
A década de setenta foi profundamente abalada pela crise do petróleo, pelo domínio árabe do ouro negro. Também a Guerra do Vietnã chegava ao fim de uma maneira humilhante para os Estados Unidos, longe de alcançar os resultados da Guerra da Coréia. A Guerra Fria assumia outras batalhas, a chamada “Guerra das Estrelas” dos anos oitenta. Portugal deixava a África e encerrava a Guerra Colonial, procurando um caminho para a Europa. Em 1986 é feita a adesão à Comunidade Econômica Européia (CEE), atual União Européia. Em 1985 o arquiteto Tomás Taveira dá a Lisboa as famosas Torres das Amoreiras, a paisagem da cidade muda, dando os primeiros passos para a invasão dos hipermercados do fim dos anos oitenta. Portugal estava pronto para entrar de vez na Europa, concretizando a adesão às normas e aos moldes da economia do oeste europeu nos anos noventa.

A Metonímia de Salazar

Objecto Quase” é uma síntese crítica e bem elaborada que descreve a transição do Estado Novo e os primeiros tempos pós 25 de Abril. Aqui José Saramago revela-se um crítico social mordaz, com um teor político acentuado, quase a indagar a história do país. O primeiro conto do livro, “Cadeira”, é o reflexo do fim de um ciclo. No conto, através da descrição lenta, elaborada, quase científica da queda de uma cadeira que, por ter sido indolentemente corroída pelos bichos da madeira (representação simbólica da corrupção do sistema antigo), faz com que o velho ditador (Salazar) caia e frature o crânio. O ditador é socorrido por sua fiel governanta Eva (outra coincidência histórica? Não, era a própria Maria, que acompanhara e servira Salazar nas décadas que esteve no poder). A análise de José Saramago é, como já disse, mordaz, irônica, quase sarcástica, quase que a cobrar as dívidas da história:

O corpo ainda aqui está, e estaria por todo o tempo que quiséssemos. Aqui, na cabeça, neste sítio onde o cabelo aparece despenteado, é que foi a pancada. À vista, não tem importância. Uma ligeiríssima equimose, como de unha impaciente, que a raiz do cabelo quase esconde, não parece que por aqui a morte possa entrar. Em verdade, já lá está dentro. Que é isto? Iremos nós apiedar-nos do inimigo vencido? É a morte uma desculpa, um perdão, uma esponja, uma lixívia para lavar crimes? O velho abriu agora os olhos e não consegue reconhecer-nos, o que só a ele espanta, mas a nós não, que nos não conhece. Treme-lhe o queixo, quer falar, inquieta-se como ali chegámos, julga-nos autores do atentado. Nada dirá. Pelo canto da boca entreaberta corre-lhe para o queixo um fio de saliva. Que faria a irmã Lúcia neste caso, que faria se aqui estivesse, de joelhos, envolta no seu triplo cheiro de bafio, saias e incenso? Enxugaria reverente a saliva, ou, mais reverente ainda, se inclinaria toda para diante, prosternada, e com a língua apararia a santa secreção, a relíquia, para guardar numa ampola? Não o dirá a história sacra, não o dirá, sabemos, a profana, nem Eva doméstica reparará, coração aflito, na injúria que o velho pratica babando sobre o velho.”

Nota-se no parágrafo a alusão, ainda que simbólica e muito sutil, a personagens ligadas a igreja e à política portuguesa. É o momento de crítica à história, do acerto de contas entre o ditador e o povo submisso, resumidos numa queda de cadeira. Percebe-se neste conto o estilo de narração de José Saramago, a presença do narrador na narração, onde é projetada a sua subjetividade de uma forma objetiva, ou seja, o texto não escapa às intrusões do narrador, as situações narrativas vão das circunstâncias ideológico-culturais que inspiram uma introspecção quase científica. Há uma situação narrativa de relação do autor com a história, José Saramago relata as histórias de uma forma que é estranho a ela, porque não a integra nem integrou como personagem, sendo um narrador heterodiegético. Para melhor explicar o que digo, sito a definição de Carlos Reis em “O Conhecimento da Literatura - Introdução aos Estudos Literários” (Livraria Almedina - 1995), que diz sobre o narrador heterodiegético:

Estrutura-se uma situação narrativa cujas as linhas de forças são as seguintes: polaridade entre narrador e universo diegético, acentuando-se entre ambos uma alteridade em princípio irredutível; por força dessa polaridade, o narrador heterodiegético tende a adotar uma atitude demiúrgica em relação a história que conta, surgindo dotado de uma autoridade que normalmente não é posta em causa; predominantemente, o narrador heterodiegético exprime-se na terceira pessoa, traduzindo esse registro a alteridade mencionada.”

Realidades Contemporâneas

Compreendendo melhor a forma narrativa, voltamos ao universo de José Saramago, através do seu conto “Embargo”. Nele encontramos a preocupação social dos anos setenta com a maior crise da década, a do petróleo. A personagem principal é um homem que ao sair de casa, tem uma obsessão: pôr gasolina no carro, pois esta poderia faltar devido a um embargo. A sua obsessão pelo carro é tamanha que se torna uma espécie de fábula paranóica. O homem passa toda a manhã nas filas das bombas de gasolina, para que não lhe falte o precioso combustível. No meio da obsessão torna-se prisioneiro do próprio carro, como uma Juno presa ao trono de Vulcano, ele não consegue sair do automóvel. Está preso pela gabardina, pela roupa, pela pele. Começa a andar por estradas desesperadamente, a tentar libertar-se, até acabar a gasolina. Só a morte liberta-o do automóvel:

Hora e meia mais tarde estava a atestar, e três minutos depois arrancava. Um pouco preocupado porque o empregado lhe dissera, sem qualquer expressão particular na voz, de tão repetida a informação, que não haveria ali gasolina antes de quinze dias. No banco, ao lado, o jornal anunciava as restrições rigorosas. Enfim; do mal o menos, o depósito estava cheio. Que faria? Ir directamente ao escritório, ou passar primeiro por casa de um cliente, a ver se apanharia a encomenda? Escolheu o cliente. Era preferível justificar o atraso com a visita, a ter de dizer que passara hora e meia na fila da gasolina quando lhe restava meio depósito. O carro estava óptimo. Nunca se sentira tão bem a conduzi-lo. Ligou a rádio e apanhou um noticiário. Notícias cada vez piores. Estes árabes. Este estúpido embargo.”

Talvez a narrativa que mais descreve a mudança dos tempos, os jogos de poder, a política como centralização dos meios econômicos, as grandes obras e as cidades que giram em torno delas, seja a do conto “Refluxo”. Neste texto deparamos-nos com um rei louco, que quer construir um único e mega cemitério no seu reino. Quando o faz, transporta para lá todos os cadáveres dos outros cemitérios. Depois parte à procura desesperada de todos os corpos enterrados pelo país, em quintais, em valas, em capelas, em montanhas. Terminada a grande obra, toda a economia do país gira em torno do cemitério. À sua volta desenvolve-se quatro cidades. Aqui a ironia ao progresso desenfreado, ao comércio ao redor dos grandes santuários. Talvez o mais irônico e sarcástico dos contos de José Saramago, mas de um humor mórbido irresistível. Ao ler este conto é como se estivéssemos a retratar a nova sociedade de consumo que viria com os anos noventa e a tudo esmagaria, sem nenhum escrúpulo:

“(..) A fiscalização andava então muito menos activa e abundavam funcionários que consentiam em deixar-se subornar. O serviço geral de estatística informou, de acordo com os registos oficiais, que estava a verificar-se uma acentuada baixa da mortalidade, o que, logicamente, começou por ser levado a crédito da política sanitária do governo, sob a suprema autoridade do rei. As quatro cidades do cemitério sentiram as consequências do menor fluxo de mortos. Certos negócios sofreram prejuízos, houve não poucas falências, algumas fraudulentas, e quando enfim se reconheceu que a real política de saúde, por excelente que fosse, não ia a caminho de conceder a imortalidade, foi baixado um decreto ferocíssimo para reconduzir as populações à obediência. Não serviu de muito: após um breve fogacho de animação, as cidades estagnaram e decaíram. Devagar, tão devagar, o reino começou a repovoar-se de mortos. O grande cemitério central, por fim, recebia apenas cadáveres das quatro cidades circundantes, cada vez mais abandonadas, mais silenciosas. A isto, porém, já o rei não assistiu.”

Menos interessante é o conto “Coisas”. A narrativa mais parece um filme de Stanley Kubrik, ou um conto mal elaborado de George Orwell. Uma ficção pobre e pouco convincente, futurista, mas que não revela o escritor engenhoso e talentoso que é José Saramago, limita-se a escrever um filme que já se viu. Ainda encontramos outros contos como “Centauro” e “Desforra”, este último mostra-nos a repressão sexual transposta para o ato milenar da castração de animais, aqui representado por um porco. Chegamos ao fim do livro com uma estranheza de idéias, mas com a sensação de que foram poucas as páginas, que leríamos quantas mais fossem.

Um Conto Feito Para a Expo’98

Com a realização da Feira Internacional da Expo’98 em Lisboa, em 1998, que trazia a temática dos oceanos, e as comemorações dos 500 anos dos descobrimentos marítimos portugueses, José Saramago presenteou-nos com “O Conto da Ilha Desconhecida”.
Novamente vamos mergulhar no seu universo fantástico, crítico aguçado do sistema em que estamos inseridos. Surge-nos retratado um reino burocrático e de fantasia, onde um homem persegue o seu sonho e o seu ideal: encontrar a Ilha Desconhecida. Num discurso brilhante, mais amadurecido em relação a “Objecto Quase”, a personagem convence o governo a dar-lhe um barco. Também convence algumas pessoas, entre elas a mulher da limpeza do reino, a acompanhá-lo nessa aventura quase utópica e sem destino:

“(...) Então o homem trancou a roda do leme e desceu ao campo com a foice na mão, e foi quando tinha cortado as primeiras espigas que viu uma sombra ao lado da sua sombra. Acordou abraçado à mulher da limpeza, e ela a ele, confundidos os corpos, confundidos os beliches, que não se sabe se este é o de bombordo ou o de estibordo. Depois, mal o sol acabou de nascer, o homem e a mulher foram pintar a proa do barco, de um lado e do outro, em letras brancas, o nome que ainda faltava dar à caravela. Pela hora do meio-dia, com a maré, A Ilha Desconhecida fez-se enfim ao mar, à procura de si mesma.”

Mas como todo sonho tem o seu preço, aos poucos o homem é abandonado por todos, só lhe fica a mulher. O autor revela-nos uma história não só de sonhos utópicos, mas também de amor. Com o homem parte a mulher da limpeza, os dois seguem na busca dos sonhos, o amor já o têm. A ilha desconhecida era o grande sonho português do fim do segundo milênio: o mergulho na Expo’98. Um sonho que fechava o século XX no universo histórico lusitano de uma forma espetacular, que rumava para o terceiro milênio a refletir um futuro que trouxesse de volta a época da grande aventura, a época dos descobrimentos, época que a nação sonhava com o Quinto Império. Com a Expo’98 vinha a segurança do reencontro de Portugal com a Europa. A esperança de um mercado único, de uma moeda única, de um futuro que espelhasse pouco o passado mais recente, do qual voltaram cidadãos desfeitos pela guerra colonial, física e mentalmente. É justamente o não esquecimento de uma história recente, nem sempre gloriosa, porque a história também é feita de erros e humilhações, que a obra de José Saramago muitas vezes atira-nos à cara. José Saramago conduziu neste conto os nossos sonhos rumo à ficção do século XXI.

José Saramago

Um dos maiores escritores de língua portuguesa, José de Sousa Saramago tem no seu registro de nascimento a data de 18 de novembro de 1922, apesar de ter nascido no dia 16 daquele mês, na aldeia da Azinhaga, concelho da Golegã. Ainda criança, aos três anos, mudou com a família para Lisboa, onde viveu a maior parte da sua vida.
Por dificuldades econômicas, Saramago interrompeu os estudos na capital portuguesa, exercendo, durante a vida, várias profissões, entre elas: serralheiro mecânico, funcionário da saúde, desenhista, editor, tradutor e jornalista.
Apesar de ter publicado o seu primeiro livro, o romance "Terra do Pecado", em 1947, só voltaria a publicar outra obra em 1966. Seu reconhecimento como escritor viria com o romance “Memorial do Convento”, de 1982.
José Saramago ficou conhecido por suas posições de esquerda, militante histórico do Partido Comunista Português, por seu ateísmo declarado, convicções que sempre refletiram na sua obra.
Dono de uma literatura muitas vezes polêmica, foi o primeiro e único escritor de língua portuguesa a ser galardoado com o Prêmio Nobel de Literatura, em 1998. Atualmente José Saramago vive em Lanzarote, Ilhas Canárias, casado com a espanhola Pilar Del Rio.

OBRA:

Poesia:

1966 – Os Poemas Possíveis
1970 – Provavelmente Alegria
1975 – O Ano de 1993

Romance:

1947 – Terra do Pecado
1977 – Manual de Pintura e Caligrafia
1980 – Levantado do Chão
1982 – Memorial do Convento
1984 – O Ano da Morte de Ricardo Reis
1986 – A Jangada de Pedra
1989 – História do Cerco de Lisboa
1991 – O Evangelho Segundo Jesus Cristo
1995 – Ensaio Sobre a Cegueira
1996 – A Bagagem do Viajante
1997 – Cadernos de Lanzarote
1997 – Todos os Nomes
2000 – A Caverna
2002 – O Homem Duplicado
2004 – Ensaio Sobre a Lucidez
2005 – As Intermitências da Morte
2006 – As Pequenas Memórias

Contos:

1978 – Objecto Quase
1979 – Poética dos Cinco Sentidos – O Ouvido
1997 – O Conto da Ilha Desconhecida

Crônicas:

1971 – Deste Mundo e do Outro
1973 – A Bagagem do Viajante
1974 – As Opiniões Que o DL Teve
1976 – Os Apontamentos

Peças de Teatro:

1979 – A Noite
1980 – Que Farei Com Este Livro?
1987 – A Segunda Vida de Francisco de Assis
1993 – In Nomine Dei
2005 – Don Giovanni ou O Dissoluto Absolvido

Viagens:

1981 – Viagem a Portugal

CRONOLOGIA:

1922 – Nasce a 16 ou 18 de novembro, na Azinhaga, Golegã, Portugal, José Saramago.
1924 – Muda-se com a família para Lisboa.
1944 – Casa-se com Ilda Reis.
1947 – Nasce-lhe a filha Violante. Publica o seu primeiro livro, o romance “Terra do Pecado”.
1955 – Para aumentar os rendimentos, faz traduções de Hegel, Tolstoi e Baudelaire.
1966 – Publica o segundo livro, “Os Poemas Possíveis”.
1970 – Separa-se de Ilda Reis.
1972 – Faz parte da redação do jornal Diário de Lisboa, como comentarista político.
1975 – Torna-se, de abril a novembro, diretor-adjunto do jornal Diário de Notícias.
1976 – Passa a viver exclusivamente do seu trabalho literário.
1982 – Publica o romance “Memorial do Convento”, conquistando definitivamente a crítica e os leitores.
1988 – Casa-se com a jornalista e tradutora espanhola María Del Pilar Del Río Sánchez.
1995 – Galardoado com o Prêmio Camões pelo conjunto da sua obra.
1998 – Galardoado com o Prêmio Nobel de Literatura.
2003 – Em visita ao Brasil, declara ao jornal O Globo, que os judeus não mereciam simpatia pelo que passaram na época do Holocausto.
2007 – Defende, em entrevista ao Diário de Notícias, que Portugal deveria integrar-se à Espanha.
 
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Quarta-feira, 18 de Março de 2009

AS PONTES DE MADISON COUNTY

 

 

A cinematografia de Clint Eastwood como diretor de filmes é densa, rica e repleta de surpresas agradáveis. Seus filmes normalmente trazem uma realidade pungente, crua, coberta de paradoxos, onde transitam personagens vulneráveis às fatalidades da vida e à condição social que faz do homem um ser menor diante de uma sociedade de heróis, que quando confrontado com a subversão dos costumes, consegue ser sempre maior do que o sistema onde está inserido. Em “As Pontes de Madison County” (“The Bridges of Madison County”), de 1995, Clint Eastwood deixa o seu universo amargo e de moral intrínseca, para contar, atrás e na frente das câmeras, uma sensível história de amor. Baseado no romance homônimo de Robert James Waller, o filme retrata de forma delicada, o amor na maturidade da vida. É daquelas histórias que, se já não aconteceu a todos que assistem ao filme, pelo menos desperta o desejo e a esperança de que um dia acontecerá. É o amor marcando de forma indelével a vida do ser humano. O amor envolvido pela paixão, que depois de realizado, deixa as suas lembranças para os que sobreviveram a ele.
Clint Eastwood já tinha visitado esta temática antes, em 1973, quando dirigiu o belíssimo filme “Breezy”, com William Holden a viver um homem que se vê surpreendido na maturidade da vida, com a chegada do amor intenso por uma jovem, a inquieta Breezy (Kay Lenz). Entre “Breezy” e “As Pontes de Madison County” passaram-se 22 anos, o que lhe deu uma maturidade e sensibilidade para desta vez, trazer o amor na maturidade do casal principal.
Meryl Streep, ao viver a dona de casa Francesca Johnson, tem o seu melhor papel no cinema na década de 1990, trazendo a performance dramática que nos acostumamos a ver nas personagens míticas que ela viveu na década anterior. Por esta interpretação, a atriz recebeu a sua décima indicação ao Oscar.
As Pontes de Madison County” é essencialmente, o trabalho de dois grandes atores. Clint Eastwood e Meryl Streep emocionam com interpretações definitivas, eles conduzem, através de gestos, olhares, diálogos e emoções à flor da pele, quase toda a trama, não dando espaço para outras personagens. Conseguem arrancar a emoção exata da platéia, transformando o filme em um elogio ao amor e à vida, nem sempre duas coisas conciliáveis.

Um Encontro de Amor na Maturidade da Vida

O casal de filhos de Francesca Johnson (Meryl Streep), volta à casa da mãe para enterrá-la. Após a cerimônia fúnebre, descobrem um baú onde Francesca guardava os seus “detalhes” de vida. Encontram anotações que vão desvendar a eles uma mulher completamente diferente daquela que acostumaram a ver como mãe.
A partir dos pertences e do manuscrito de Francesca, a história começa a ser contada em flashbacks. Somos transportados para uma tarde quente do verão de 1965. Francesca, uma dona de casa do Iowa, despede-se do marido e dos dois filhos, ainda crianças, que partem para uma feira, que duraria todo o fim de semana.
Sozinha em sua fazenda, Francesca é surpreendida pela chegada de Robert Kincaid (Clint Eastwood), um jornalista fotográfico da revista National Geographic, que bate à sua porta à procura de informações sobre o caminho para as pontes de Madison County. Entre ambos surge uma cordialidade, que diante da formalidade, não revela a eles, de imediato, o emaranhado de emoções que a vida lhes reservava. Robert só quer uma informação, Francesca só quer ser hospitaleira como costumam ser as pessoas do campo. Mas a vida quer bem mais para os dois. No meio da sua gentileza de mulher bucólica, Francesca oferece-se para mostrar o caminho a Robert. Ao entrar na caminhonete do fotógrafo, ela embarcará no verdadeiro sentido da sua vida, muito além da maternidade e da simplicidade de uma mulher casada com um homem do comum.
Francesca e Robert já tinham passado dos 50 anos, já tinham uma vida estruturada e presumivelmente definida. O momento das surpresas já se tinha acabado para eles. Sonhos juvenis davam passagem para a segurança da maturidade, tanto financeira, como emocional. Nenhum deles procurava uma aventura.
Francesca acompanhou Robert mais de uma vez às pontes. Assistiu ao seu trabalho atrás das câmeras. Aquele mundo tão diferente do seu despertou-lhe a curiosidade. Surpreendentemente, ela foi descobrindo mais afinidades com o mundo incerto de Robert, do que com a sua bucólica vida sem brilho, ao lado do marido e dos filhos, supostamente feliz.
Aos poucos Francesca interessa-se pelo mundo de Robert, ouve a sua história de andarilho sem raízes, sem amarras. Assim como ela, o fotógrafo já abraçava o crepúsculo das ilusões de juventude, como se a vida fosse linear, e as expectativas pertencessem ao passado. Mas quanto mais são gentis e cordiais um com o outro, uma atração inexplicável vai tomando conta de ambos, trazendo uma atmosfera agradável e um brilho novo no olhar dos dois.
Quanto mais sabe da vida de Robert, mais Francesca recupera a sua. De repente quem fala ao estranho não é a mulher mãe de dois filhos, casada e isolada na sua pacata vida rural; é Francesca italiana, nascida em Bari, que sofrera os preconceitos de ser imigrante. Esta Francesca está além das limitações do seu cotidiano simplório. Ela aos poucos, compartilha com Robert o amor pela beleza e pela aventura. Ela vê através das andanças do fotógrafo pelo mundo, reflexos dos do que imaginara em seus sonhos.
Se no primeiro dia Robert vai dormir na cidade, no segundo Francesca, após ajudá-lo a fotografar as pontes cobertas, especialmente a Ponte Roseman, convida-o para jantar em sua casa. No limiar dos acontecimentos, Robert conhece em um bar da pequena cidade, uma mulher triste, isolada por toda a comunidade. Fica a saber que ninguém lhe dirige a palavra por ter sido adúltera com o marido. Preocupado que as pessoas possam vir a falar o mesmo de Francesca, Robert telefona para ela, disposto a recusar o convite, caso ela assim ache melhor. Francesca conhece a história da mulher. Não se intimida. Confirma o convite. A atração intelectual que ambos sentem um pelo outro já se tornara irresistível, emocional e física. Francesca compra um vestido novo e ousado para jantar com Robert. O Amor parecia chegar, quando a vida parecia terminar as aventuras.

Quatro Dias de Amor

Um dos momentos mais sublimes e delicados do filme, é quando o diretor conduz a nudez tênue dos apaixonados, mostrando a beleza madura dos corpos dos dois atores, sob uma luz suave, de um erotismo romântico, revelando o amor que transcende das personagens, fazendo com que se esqueçam, por uma noite, todas as barreiras da moralidade e do convencional. Do jantar à luz de duas velas à dança de rosto colado, do primeiro toque de Francesca em Robert, quando fala ao telefone com a sua realidade ao momento de ludismo sensual do banho, é desenhada no cinema uma das mais belas histórias de amor, tão arrebatadora quanto à interpretação dos atores.
Após a entrega à felicidade efêmera da paixão, vem o momento em que Francesca volta a ser a mãe, agarrando-se ao medo do fim daquela felicidade, ela transborda a dor do amor que chegou tão tarde e arrebatador, mas que já tem que ir embora. Movida pelo medo da perda, Francesca provoca uma grande discussão. É a dor da separação que já toma conta do seu ser. Pergunta, amargurada, a Robert, se foi mais uma de suas aventuras, ao que ele responde que percorrera todos os caminhos do mundo para um dia estar ali, diante dela. Propõe-lhe que fuja com ele. Mas Francesca sabe que tem dois filhos pequenos e um marido fiel. Diz a Robert que vive dos seus “detalhes” de vida, dos objetos, dos filhos, e que o amor lhe chegara finalmente, mas chegara tarde demais.
Passaram-se apenas quatro dias desde que se conheceram. Mas Francesca conseguira revelar em Robert a sua verdadeira face, escondida na força que o fazia um andarilho solitário, sem nunca enxergar alguém. Também ele revelara em Francesca uma mulher sensual, amante, sonhadora, pronta para viver um grande amor, pronta para ir além da libido apagada pela condição de mãe.
Robert parte. Hospeda-se em um hotel, à espera de Francesca. A família retorna, trazendo os “detalhes” e o cotidiano daquela mulher que ousou a sonhar com o amor e, encontrou-o finalmente. Com o marido de volta, Francesca acompanha-o da fazenda até a cidade. Uma grande tempestade apagava os dias quentes daquele verão. Dentro da caminhonete do marido, Francesca avista Robert. Ele, debaixo da chuva, olha profundamente para Francesca, a esperar que ela parta com ele. Francesca toca na maçaneta do carro do marido, há um momento de tensão, por um instante, ela pensa em sair do carro e correr para os braços de Robert. Não o faz. Robert desaparece entre a chuva. Francesca chora desesperada. O marido nada pergunta. Prefere deixar a mulher envolta em seus segredos. Robert e Francesca jamais se encontrarão outra vez. Teriam a vida inteira para lembrarem dos quatro dias que viveram, ligando-se um ao outro por toda vida.

Cinzas Sobre as Pontes

Francesca renunciou ao amor da sua vida, dedicando-se à família. Mas sua vida jamais foi a mesma. Surpreendentemente, quando Robert partiu, ela procurou a mulher que todos hostilizavam na cidade por causa do adultério, tornando-se para sempre a sua melhor amiga.
Passados os anos, Francesca já velha, torna-se viúva. Acompanhara Robert Kinkaid de longe, através das suas reportagens fotográficas. Um dia recebe em casa uma encomenda de Robert, que morto, deixara-lhe em testamento, as suas máquinas fotográficas, um medalhão que nunca tirou do pescoço, um livro de fotografias intitulado “Quatro Dias”, dedicado a ela. A velha mulher abraça-se àqueles objetos, como se recuperasse um pouco do amor perdido. Nas lágrimas de Francesca (momento sublime da interpretação de Meryl Streep), sente-se que também Robert renunciara a uma vida ao lado de qualquer outra pessoa, para trazê-la definitivamente dentro dele. Francesca chora, abraçada às lembranças e aos seus “detalhes” de vida.
O tempo passou. Também Francesca morreu. Os filhos encontram no baú os objetos de Robert Kinkaid, o vestido que Francesca usara na sua noite de amor e o manuscrito que revelava a sua verdadeira história, a sua verdadeira essência. Francesca explica aos filhos que dedicara a sua vida a eles, que depois de morta, deixasse que ela se presenteasse a Robert. Quer que o seu corpo seja cremado e as suas cinzas sejam jogadas nas pontes de Madison, onde foram jogadas as cinzas do fotógrafo.
Ao descobrir a verdadeira face da mãe, que deixa clara a sua insatisfação diante da vida medíocre que levou no campo, os filhos tomam decisões importantes e corajosas em suas vidas, entre elas, a da filha ter coragem de divorciar-se. Por fim, eles cumprem o último desejo da mãe. Juntos, atiram as cinzas de Francesca de uma das pontes de Madison, a Ponte Roseman. É o momento etéreo que a presença do amor nos faz crer que, um dia aconteceu ou acontecerá na vida de todos nós. Encerra-se esta história de um amor poderoso, que nos afeta em todos os seus detalhes. Mesmo quando este amor vem tão tarde, como veio para Robert e Francesca.

Ficha Técnica:

As Pontes de Madison County

Direção: Clint Eastwood
Ano: 1995
País: Estados Unidos
Gênero: Drama
Duração: 135 minutos / cor
Título Original: The Bridges of Madison County
Roteiro: Richard LaGravanese, baseado no livro de Robert James Waller
Produção: Clint Eastwood e Kathleen Kennedy
Música: Clint Eastwood e Lennie Niehaus
Direção de Fotografia: Jack N. Green
Desenho de Produção: Jeannine Claudia Oppewall
Direção de Arte: Jay Hart
Figurino: Colleen Kelsall
Edição: Joel Cox
Estúdio: Warner Bros. / Amblin Entertainment / Malpaso Productions
Elenco: Clint Eastwood, Meryl Streep, Annie Corley, Victor Slezak, Jim Haynie, Sarah Kathryn Schmitt, Christopher Kroon, Phyllis Lyons, Debra Monk, Richard Lage, Michelle Benes
Sinopse: Após a morte de Francesca Johnson (Meryl Streep), uma proprietária rural do interior do Iowa, seus filhos descobrem, através de cartas que a mãe deixou, do forte envolvimento que ela teve com um fotógrafo (Clint Eastwood) da National Geographic, quando a família se ausentou de casa por quatro dias. Estas revelações fazem os filhos questionarem seus próprios casamentos.

Clint Eastwood

Clint Eastwood nasceu em 31 de maio de 1930, em São Francisco, EUA. É um ator-diretor que galgou por muitos anos, uma imagem de intérprete monossilábico e de poucas expressões faciais, em filmes de western feitos na Itália, ou na pele do inspetor de polícia Harry Callahan, de Dirty Harry. A sua carreira parecia condenada a ser de sucessos fáceis e filmes superficiais de ação e pouca verve dramática, como os filmes de Sylvester Stallone ou Arnold Schwarzenegger. Mas o tempo e o talento provaram o contrário.
Se nos anos sessenta e setenta Clint Eastwood rendeu-se às limitações de uma imagem comprometida com os filmes de ação, já na década de oitenta vieram as transformações e o reconhecimento, tanto como ator, como diretor de cinema, com grandes filmes como “Bird” e “White Hunter Black Heart”.
Mas o respeito e a consagração final vieram na década de noventa. Em 1993 conquistou o Oscar de melhor diretor, com filme Unforgiven (Imperdoável), que também ganhou a estatueta de melhor filme daquele. Neste filme Clint Eastwood voltava a cavalgar em um western, só que desta vez rompia com a imagem dos westerns italianos que participara no início da carreira. Aparecia como um cowboy envelhecido e quase aposentado, rompendo de vez com a imagem de galã inexpressivo. É desta década um outro grande filme dirigido e interpretado por ele: “A Perfect World”. Em 2004 Clint Eastwood teve outro filme de sucesso, que arrebatou 4 Oscars, incluindo o de melhor diretor e o de melhor filme: “Million Dollar Baby
Clint Eastwood costuma ser discreto em sua vida pessoal, apesar de já se ter casado por cinco vezes. Quando jovem chegou a tocar piano em bares, é famoso por apreciar música e ter uma grande paixão pelo jazz. Chegou a compor a música de “As Pontes de Madison County” em parceria com Lennie Niehaus. Seu amor pelo jazz motivou seu filho Kyle, a ser músico de jazz.
Clint Eastwood tornou-se um diretor respeitável, um dos mais conceituados dentro do cinema norte-americano, responsável por grandes filmes de sucessos e de forte dramaticidade.

Filmografia de Clint Eastwood:

Ator:

1955 – Revenge of the Creature (A Revanche do Monstro)
1955 – Francis in the Navy
1955 – Lady Godiva
1955 – Tarantula
1956 – Never Say Goodbye
1956 – Star in the Dust
1956 – Away All Boats (Barcos ao Mar)
1956 – The First Traveling Saleslady
1957 – Escapade in Japan
1958 – Lafayette Escadrille
1958 – Ambush at Cimarron Pass
1959 – Rawhide
1964 – Per Un Pugno di Dollari (Por Um Punhado de Dólares)
1965 – Per Qualche Dollaro in Più (Por Qualquer Dólar a Mais)
1966 – Il Buono, Il Brutto, Il Cattivo (O Bom, O Mau e o Vilão ou Três Homens em Conflito)
1967 – The Witches
1968 – Hang ‘Em High – (Território Sem Lei)
1968 – Coogan’s Bluff (Meu Nome é Coogan)
1968 – Where Eagles Dare (Desafio das Águas)
1969 – Paint Your Wagon (Os Aventureiros do Ouro)
1970 – Two Mules For Sister Sara (Os Abutres Têm Nome)
1970 – Kelly’s Heroes (Os Guerreiros Pilantras)
1971 – The Beguiled (O Estranho Que Nós Amamos)
1971 – Play Misty For Me (Perversa Paixão)
1971 – Dirty Harry (Perseguidor Implacável)
1972 – Joe Kidd
1973 – High Plains Drifter (O Estranho Sem Nome)
1973 – Magnum Force (Magnum 44)
1974 – Thunderbolt and Lighfoot
1975 – The Eiger Sanction (Escalado Para Morrer)
1976 – The Outlaw Josey Wales (Josey Wales – O Fora da Lei)
1976 – The Enforcer
1977 – The Gauntlet (Rota Suicida)
1978 – Every Which Way But Loose (Doido Para Brigar.. Louco Para Amar)
1979 – Escape From Alcatraz (Alcatraz – Fuga Impossível)
1980 – Bronco Billy
1980 – Any Which Way You Can (Punhos de Aço – Um Lutador de Rua)
1982 – Firefox (Raposa de Fogo)
1982 – Honkytonk Man
1983 – Sudden Impact (Impacto Fulminante)
1984 – Tightrope
1984 – City Heat
1985 – Pale Rider (O Cavaleiro Solitário)
1986 – Heartbreak Ridge (O Destemido Senhor da Guerra)
1988 – The Dead Pool (Dirty Harry na Lista Negra)
1989 – Pink Cadillac (O Cadillac Cor-de-Rosa)
1990 – White Hunter Black Heart (Caçador Branco Coração Negro)
1990 – The Rookie
1992 – Unforgiven (Imperdoável)
1993 – In the Line of Fire (Na Linha de Fogo)
1993 – A Perfect World (Um Mundo Perfeito)
1995 – The Bridges of Madison County (As Pontes de Madison County)
1997 – Absolute Power (Poder Absoluto)
1999 – True Crime (Crime Verdadeiro)
2000 – Space Cowboys (Cowboys do Espaço)
2002 – Blood Work (Dívida de Sangue)
2004 – Million Dollar Baby (Menina de Ouro)
2008 – Gran Torino

Diretor:

1971 – Play Misty For Me (Perversa Paixão)
1973 – High Plains Drifter (O Estranho Sem Nome)
1973 – Breezy
1975 – The Eiger Sanction (Escalado Para Morrer)
1976 – The Outlaw Josey Wales (Josey Wales – O For a da Lei)
1977 – The Gauntlet (Rota Suicida)
1980 – Bronco Billy
1982 – Firefox (Raposa de Fogo)
1982 – Honkytonk Man
1983 – Sudden Impact (Impacto Fulminante)
1985 – Pale Rider (O Cavaleiro Solitário)
1986 – Heartbreak Ridge (O Destemido Senhor da Guerra)
1988 – Bird
1990 – White Hunter Black Heart (Caçador Branco Coração Negro)
1990 – The Rookie
1992 – Unforgiven (Imperdoável)
1993 – A Perfect World (Um Mundo Perfeito)
1995 – The Bridges of Madison County (As Pontes de Madison County)
1997 – Midnight in the Garden of Good and Evil (Meia-Noite no Jardim do Bem e do Mal)
1997 – Absolute Power (Poder Absoluto)
1999 – True Crime (Crime Verdadeiro)
2000 – Space Cowboys (Cowboys do Espaço)
2002 – Blood Work (Dívida de Sangue)
2003 – Mystic River (Sobre Meninos e Lobos)
2004 – Million Dollar Baby (Menina de Ouro)
2006 – Flags of Our Fathers (A Conquista da Honra)
2006 – Letters From Iwo Jima (Cartas de Iwo Jima)
2008 – Changeling
2008 – Gran Torino

 
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Sexta-feira, 13 de Março de 2009

O ASSALTO À CAIXINHA DO ADHEMAR DE BARROS

 

 

Adhemar de Barros foi um dos políticos que escreveu de forma indelével o seu nome na história de São Paulo e, conseqüentemente, do Brasil. Foi prefeito da capital paulista e governador do estado por duas vezes. Da sua forma carismática, folclórica e populista de fazer política, nasceu o bem-amado dos paulistas e paulistanos durante algumas décadas do século XX.
Do bem-amado, ficaram para a posteridade as mazelas da corrupção ativa de um político e a participação passiva da população, que o via como “um fazedor de obras”, cujo lema era “Rouba, mas faz!”.
Adhemar de Barros apresentava-se ao povo com o seu jeito de pai bonachão, populista, travestido de um moralismo incondicional, que nos comícios chamava a mulher de “aquela santa”, e no escritório recebia telefonemas de um certo “Doutor Rui”, codinome da amante.
A partir da década de 1950, durante as campanhas eleitorais, começou a surgir boatos e lendas em torno de uma certa “caixinha do Adhemar”. Estes boatos tornaram-se famosos, ainda hoje fazem parte do anedotário da política nacional. Mas o que era a caixinha do Adhemar? Lenda política? Maledicência? Intriga da oposição? A prova viva da corrupção de um político?
A caixinha seria uma forma de arrecadação de dinheiro e de troca de favores, com transações espúrias que envolveriam empresários, bicheiros, empreiteiros, fornecedores, enfim, todos aqueles que almejavam favores e benefícios políticos.
Segundo relatos históricos, a caixinha do Adhemar permitiu ao político paulista uma fortuna não declarada, convertida em dólares, guardada em cofres particulares espalhados pelas residências dele e da amante. Dizia que a caixinha do Adhemar, guardada em sua casa, tinha cerca de 2,5 milhões de dólares para os seus gastos pessoais. Num dos episódios mais inusitados da história brasileira, a caixinha do Adhemar iria parar, em 1969, nas mãos de guerrilheiros que resistiam e combatiam à ditadura militar. Numa operação espetacular, a Vanguarda Popular Revolucionária, de Carlos Lamarca, assaltaria a caixinha do Adhemar.

A Caixinha do Adhemar Vira Tema de Música da MPB

Adhemar de Barros, no auge da sua popularidade como político, era abertamente chamado de corrupto e ladrão por todas a vertentes sociais. A história sobre a caixinha do Adhemar nunca foi desmentida por ele. Nesta época chegou a ter a alcunha de “Promessão”, uma alusão clara a um bandido alcunhado “Promessinha”, que assustava a população com seus crimes de roubos a mão armada.
Duas vezes governador de São Paulo (1947-1951 e 1963-1966), Adhemar de Barros já no seu primeiro governo inspirou o lema “Rouba, mas faz”. Com o seu jeito populista de ser, ele enfrentava os boatos de peito aberto, sem constrangimentos, mesmo quando o seu nome ficou para sempre atrelado às evidências de financiamentos clandestinos de campanhas. Para ficar livre do estigma da história da caixinha, Adhemar de Barros usou-a em seu benefício, encomendando aos compositores Herivelto Martins e Benedito Lacerda uma música a contar uma história diferente da que os adversários propagavam. Surgiria um sucesso musical popular: “A Caixinha do Adhemar”, que em vez de criticar o político, exaltava-o:

Quem não conhece
Não ouviu falar,
Na famosa “caixinha do Ademar”,
Que deu livro, deu remédio, deu estrada,
Caixinha abençoada (…)
Deixa falar toda essa gente, maldizente,
Deixa quem quiser falar (…)
Enquanto eles engordam tubarões,
A caixinha defende o bem-estar de milhões


Atraiçoado Pelos Militares Que Apoiou

Na época do golpe militar de 1964, Adhemar de Barros era governador de São Paulo. Juntamente com os governadores Carlos Lacerda, da Guanabara, e Magalhães Pinto de Minas Gerais, conspirou contra o governo do presidente João Goulart e ajudou a provocar o golpe, apoiando-o de imediato. Todos os três governadores golpistas tinham uma grande ambição, a presidência da República. Esta pretensão dissipou-se tão logo os militares chegaram ao poder, dispostos a por lá permanecerem por muitos anos.
Adhemar de Barros, era aspirante à presidência da República desde 1955, quando sofreu um grande fracassado eleitoral. Mesmo sendo um dos pilares do golpe militar (chegou a apoiar a indicação do general Humberto Castelo Branco à presidência, em 5 de abril de 1964), o velho político foi mantido à distância pelos militares no poder. Sem nunca deixar de lado a pretensão de vir a ser presidente da República, em 11 de março de 1966, Adhemar de Barros exigiu publicamente, a renúncia do então presidente Castelo Branco. A resposta do presidente veio em 5 de junho daquele ano: a velha raposa teve o seu mandato de governador cassado e os direitos políticos suspensos por dez anos. Para evitar vir a ser preso, Adhemar de Barros deixa o Brasil em 7 de junho de 1966, exilando-se em Paris, na França. Acabava-se aqui, uma das carreiras políticas mais bem-sucedidas da história brasileira, também uma das mais corruptas.

Morte e o Constrangimento da Família

Adhemar de Barros viria a morrer em Paris, em 12 de março de 1969. Não fora somente um político eminente, acumulou atividades empresariais bem-sucedidas, sendo o dono da fábrica de chocolates Lacta (a mesma que produzia o famoso bombom “Sonho de Valsa” e outros chocolates famosos) e sócio da Rádio Bandeirantes, entre os seus muitos negócios.
A morte do político causou constrangimentos à família durante o enterro, que se deu no cemitério da Consolação, em São Paulo. Publicamente veio à tona o seu relacionamento com Ana Gimol Capriglione. A amante, na época que o falecido era governador, era conhecida pelos amigos e funcionários do Palácio do Governo, pelo codinome de “Doutor Rui”. Quando o “Doutor Rui” telefonava, era preciso passar imediatamente ao governador, pois todos sabiam da importância da amante. Durante a cerimônia fúnebre, Ana Capriglione, que fora quem cuidara do translado do corpo de Paris para o Brasil, fez questão de velar o morto até o fim, causando desconforto à viúva, Leonor Mendes de Barros, e aos filhos. O impasse foi resolvido quando se chegou ao acordo inusitado de que as duas mulheres dividiriam o tempo no velório. Ana Capriglione permaneceria até o início da madrugada e, em seguida, cederia à família. O trajeto final até o cemitério foi feito pela família do morto.

O Caso do Cofre do Adhemar

Quatro meses depois da morte de Adhemar de Barros, um novo e definitivo escândalo histórico envolveria o seu nome. Em julho de 1969 surgia a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), resultado da fusão entre o Comando de Libertação Nacional (Colina) com a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), comandada por Carlos Lamarca. É desta organização de esquerda que virá a ação que seria conhecida como o Caso do Cofre do Adhemar.
Por detrás da lenda da caixinha do Adhemar, havia a certeza das suas negociatas obscuras e do hábito do velho político guardar o resultado delas em dinheiro vivo. Mas onde estaria o dinheiro? Comentava-se que estava espalhado por vários cofres.
Através de um militante da VAR-Palmares, Gustavo, soube-se do paradeiro de dois dos cofres com o dinheiro da caixinha do Adhemar. Um deles estava na casa e Ana Gimol Benchimol Capriglione, que morava com o irmão, o cardiologista Aarão Benchimol. O outro estaria na casa de José Benchimol. O jovem Gustavo sabia o que dizia, pois era sobrinho de Ana Capriglione, e de Aarão e José Benchimol. Através das revelações do jovem militante, a VAR-Palmares desenvolveu uma minuciosa e bem planeada ação, que envolveria treze guerrilheiros de várias regiões, identificados apenas pelos seus codinomes. Esta ação teria tido como cérebro a guerrilheira Estela (Dilma Rousseff).
No dia 18 de julho de 1969, a ação para expropriar o cofre herdado por Ana Capriglione foi posta em execução. A ex-amante de Adhemar de Barros vivia em uma luxuosa mansão do bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Às 15:30 horas, três guerrilheiros, de codinomes Leo (o sargento Darcy Rodrigues), Mariana (a estudante Sônia Lafoz) e Maurício (o professor Reinaldo José), estacionaram uma Aero Willys próxima à entrada da mansão. Leo desceu do carro, deixando Maurício ao volante e ao seu lado, a bela Mariana de fuzil e granadas à mão. Dois outros veículos, uma Veraneio C-14 e uma Rural Willys, encostavam ao lado, trazendo mais dez guerrilheiros.
Da Veraneio C-14, desceram os guerrilheiros Justino (o estudante Wellington Moreira Diniz), Alberto (o sargento José de Araújo Nóbrega) e Juvenal (o sociólogo Juarez Guimarães de Brito), todos vestindo paletó e gravata. Os três foram até a guarita, apresentaram ao vigia um falso mandado de busca e apreensão, supostamente expedido por um general, que estaria atrás de documentos subversivos em poder do doutor Aarão Benchimol. Justino carregava duas pistolas 45 e uma metralhadora, pronto para dispará-las, mas não foi preciso. Após desarmarem o vigia, a Veraneio C-14 e a Rural Willys subiram a alameda, estacionando em frente da escadaria. De acordo com os planos, eles têm 30 minutos para executar a ação.
Já dentro da mansão, os guerrilheiros renderam onze empregados da casa, trancando-os na despensa. O irmão do guerrilheiro Gustavo, Sílvio Schiller, é algemado, ficando preso na despensa, ao lado dos empregados. Os fios dos telefones da casa foram cortados. Seguindo as indicações de Gustavo, eles encontraram em um armário, um cofre de 350 quilos. Tentaram descer o cofre pela escadaria, deslizando-o em cima de um carrinho de rolimãs. No meio da operação, perderam o controle do carrinho, que desceu bruscamente, quebrando degraus de granito, tombando o cofre quando chegou ao fim das escadas. Usando da força bruta, conseguiram levantar o precioso e pesado objeto. Por fim, puseram o cofre dentro da Veraneio C-14, deixando a mansão.
Já no meio do caminho, a Veraneio C-14 parou em um sinaleiro, um guarda de trânsito, vendo a traseira do veículo arriada pelo excesso de peso, comentaria:
O defunto que vocês estão carregando está pesado mesmo!”
Todos já de armas em punho, ouviram quando Leo, mantendo uma calma disciplinar, falou friamente ao guarda, quase gracejando:
“É um cofre que acabamos de roubar. Quer ver?”
Ao que o guarda teria, inocentemente, respondido:
Não, façam bom proveito. Tomara que esteja cheio!”
Mais tarde, Gustavo, o sobrinho de Ana Capriglione, seria preso e torturado. Ele manteria sempre a versão de que existiam oito cofres, que sabia o paradeiro de apenas dois, ambos nas casas dos tios. Quando a polícia investigou o caso, ouviu a versão de que o cofre na casa de José Benchimol estava vazio. Ana Capriglione, para safar-se de um inquérito aberto, manteve a versão de que o cofre levado da sua casa também estava vazio, que tudo não passara de um grande equívoco dos guerrilheiros.
Ao contrário do que foi declarado pela ex-amante de Adhemar de Barros, os guerrilheiros, numa ação que duraria exatos 28 minutos (2 a menos dos 30 que haviam planejado), puseram as mãos em mais de 2,5 milhões de dólares. Como se fosse um Robin Hood tupiniquim, Carlos Lamarca, dirigente da VAR-Palmares, declararia à agência France Press:
Esse dinheiro, roubado do povo, a ele será devolvido.”Assim, parte do dinheiro da famosa caixinha do Adhemar, ele um fervoroso inimigo do comunismo, ironicamente serviu para financiar a resistência comunista e as guerrilhas contra a ditadura militar no Brasil.

 
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Segunda-feira, 9 de Março de 2009

EROS E PSIQUÊ, ENCONTRO DO AMOR COM A ALMA

 

 

Por representar o princípio universal que liga os homens e o universo, o mito de Eros, o amor, tem várias versões apresentadas. Se Afrodite (Vênus) é a deusa do amor, Eros é o próprio amor, a essência do sentimento criador de toda a vida, força poderosa que não se tem domínio, muito menos origem, visto que ele é o próprio princípio de tudo. Eros é um deus ordenador que surgiu do Caos, definindo e harmonizando o universo, trazendo paz a ele, mas mantendo aceso o fogo do conflito. É da sua inteligência voluntariosa que os deuses e os mortais são gerados.
Eros não faz parte do conselho dos deuses do Olimpo, tão pouco se sabe ao certo, a qual geração de deuses ele pertence, mas a sua influência é mais poderosa do que a do próprio Zeus (Júpiter), visto que o amor muda o destino até do poderoso pai dos deuses. A origem de Eros é contada pelas mais diversas lendas dentro da mitologia grega. Nos primórdios do povo helênico, o deus era cultuado em Tépsias, na Beócia, onde nasceu o poeta Hesíodo. Era cultuado apenas como deus fecundador do gado e deus dos matrimônios. Hesíodo, no século VII a.C., daria ao mito a dimensão universal do amor.
Às vezes tido como filho de Zeus e Afrodite, de Poros (Recurso) e Pênia (Pobreza), da Noite e da Luz, de Zéfiro e Íris, ou ainda de Afrodite e de Ares (Marte), a sua origem é sempre repleta de um grande significado alegórico. O Amor era tido sempre como filho de duas forças antagônicas, ou seja, Afrodite e Ares, ela deusa do amor e da beleza, ele o deus da guerra e do horror. Ou da Noite e da Luz. Não importa a origem, o importante é a alegoria simbólica em torno do amor, princípio de todo o universo.

As Várias Lendas das Origens de Eros

Afinal de qual geração dos deuses nasceu Eros? Se os povos primitivos da Grécia não lhe atribuíam uma árvore genealógica, considerando-o filho do mistério e do infinito, cabe aos poetas e filósofos dar pais ao mito. Para Hesíodo Eros é uma divindade primordial, que surgiu logo depois do Caos, no mesmo instante que surgiu Gaia (Terra). Como o amor é fundamental para o princípio de todas as criações, Hesíodo, em sua obra Teogonia, põe o nascimento de Eros primeiro que o de todos os outros deuses, ele é filho do próprio Caos, e virá, ao lado da força procriadora de Gaia, harmonizar e povoar o universo.
Para o filósofo Parmênides de Eléia (século VI a.C.), Eros é filho de dois princípios contrários, da Luz e da Noite, o que proporcionaria a todas as coisas um equilíbrio mesclado pelas diferenças, antagônicos e fundamentais um ao outro.
Em O Banquete, Platão descreve Eros como filho de Pênia, a Pobreza e de Poros, o Recurso. Na festa que o Olimpo dava para comemorar o nascimento de Afrodite, Pênia decide unir-se a Poros, ao encontrá-lo embriagado. Em um canto do Olimpo, entrega-se a ele. Da união entre a pobreza e o recurso nasceria Eros, o amor. Gerado no dia do nascimento de Afrodite, a deusa da beleza, Eros será para sempre, companheiro e servo da beleza. Eros traz para si a dualidade dos pais, de Poros herda a decisão e a coragem, ávido do belo e do bom; de Pênia herda a carência perene e o destino andarilho. Eros, o amor, germina e vive quando enriquece, morre e renasce quando tudo parece perdido.
Alceu, poeta lírico do século VII a.C., descreve Eros como filho nascido de Zéfiro e de Íris, sendo o mais temido dos deuses. Eurípides (480?-406 a.C.), descreve Eros como um deus dúbio, que quando usa o seu poder moderadamente, leva os homens e os deuses à virtude, ou, quando usa toda força do seu poder, levo-os perniciosamente à ruína.
Aristófanes (448?-388? a.C.) descreve um Eros dotado de asas de ouro, veloz como o vento. É a partir dessa figura alada de Eros, que na época alexandrina, passa a ser descrito como um menino travesso, portando flechas e asas, que a todos atinge com as suas setas. Eros passa a ser o inconseqüente Cupido, em muitas versões, filho de Afrodite e Ares, ou de Afrodite e Hermes (Mercúrio).
A mais famosa versão sobre o mito de Eros é a do poeta romano Apuleio, do século II d.C., que criou a história de Eros e Psiquê, a Alma. É este relato belíssimo, romântico, épico, de profundo significado alegórico, onde só o amor pode fazer a alma feliz, que será contado a seguir. Eros e Psiquê, o Amor e a Alma, encontro do princípio universal que rege o mundo.

O Amor Apaixona-se Pela Alma

Em um dos muitos templos gregos dedicados a Afrodite, um mortal comentou que uma das filhas do rei era mais bela do que a própria deusa do amor. Tratava-se da princesa Psiquê (Alma). Logo o boato da sua formosura espalhou-se por toda a Grécia. Homens de todas as partes vinham para contemplar a beleza da mortal, abandonando de vez o templo de Afrodite.
Ao saber do abandono do seu templo às ruínas, em prol da beleza de uma simples mortal, Afrodite é acometida de uma violenta cólera e desejo de vingança. Decide que a princesa Psiquê, responsável pelo desvio dos homens, deverá ser punida. A deusa pede ao filho Eros, que vá até a mortal, que com a suas flechas do amor, fira-a de maneira que se apaixone pelo ser mais desprezível de toda a Grécia, fazendo-a uma mulher infeliz.
Eros desce do Olimpo, com a perversa missão de envolver Psiquê na mais triste e destruidora das paixões. Mas Eros, ao deparar-se com mulher tão bela, é ferido pelas próprias setas, apaixonando-se perdidamente por ela. Vencido pelo sentimento inesperado, Eros volta ao Olimpo, mentindo para a mãe, dizendo à deusa que cumprira a missão. Afrodite sente-se vingada.
Apaixonado pela bela princesa, Eros não sabe como viver o seu amor por ela sem que a mãe fique sabendo. Envolto pela paixão, ele confessa os sentimentos ao deus Apolo, que promete ajudá-lo.
De longe, Eros faz com que a amada não goste de mais ninguém. Apesar de ser a mais bela das três irmãs, Psiquê não se apaixona por pretendente algum. Vê as irmãs desposarem homens ricos, mas não se convence a amar ninguém. Ela não sabe da existência do amor de Eros, mas pressente-o. A alma sente o amor invisível e próximo, e mesmo sem o conhecer ou ver, aguarda e chama por ele. A princesa torna-se prisioneira de uma solidão voluntária.
Preocupados com o destino da filha, os pais procuram o oráculo de Apolo. Ali vem a revelação: Psiquê deverá ser vestida em trajes de núpcias, depois conduzida para o alto de uma colina, aonde um terrível monstro, mais poderoso que os próprios deuses do Olimpo, virá buscá-la e fazê-la a sua esposa.
Diante de tão terrível revelação, os pais de Psiquê levam a filha ao local ordenado pelos deuses. Aos prantos e protestos das irmãs, Psiquê é deixada sozinha no local indicado pelo oráculo. Corajosamente espera que se cumpra o seu destino. Espera por horas que lhe venha buscar o monstro que se tornará o seu marido.

O Amor Não Vive Sem Confiança

Sozinha, Psiquê espera pelo monstro que a irá desposar. Cansada da espera, a princesa adormeceu. Zéfiro, o vento suave, transportou a bela princesa adormecida para um bosque cheio de flores.
Quando Psiquê despertou, viu à sua volta, um riacho de águas límpidas, as mais belas flores, e um imenso e imponente castelo. De repente, uma voz quente e agradável convidou a princesa para entrar no castelo. Conduzida pela voz, ela percorre várias salas e corredores. Pára em uma sala, envolvida por uma música suave. Senta-se à mesa, aonde um farto jantar a espera. Não vê ninguém. Aparentemente está sozinha, mas sente-se observada.
Assim, solitária, após alimentar-se e a banhar-se, vê a noite chegar. Recolhe-se ao leito e espera que o terrível monstro venha fazê-la sua esposa. Protegido pela escuridão, Eros aproxima-se da bela princesa. Envolve-a em ternas carícias, tomando-a para si de forma ardente. Nos braços quentes do amante, Psiquê sente-se tranqüila, dissipa-se o medo. Não lhe vê o rosto, mas sente-lhe o corpo viril e apaixonado. Psiquê sente-se feliz como nunca ousara ser.
Assim passaram-se os dias. Psiquê recebe todas as noites a visita ardente do amado. Não tem medo dele, pelo contrário, mesmo sem ver-lhe o rosto, ama-o cada vez mais. No imenso castelo não há mais vestígios da solidão, do medo ou dos conflitos dos sentimentos. No meio daquela felicidade, Eros fez a mulher jurar que jamais lhe veria o rosto, teria que confiar apenas no seu amor. Apaixonada, não foi difícil para Psiquê fazer o juramento.
A bela mulher viveu feliz até o dia que pediu a Eros para que pudesse receber as irmãs no castelo, pois as pobres mulheres viviam atormentadas com o triste destino que pensaram, tinha ela seguido. Eros, mesmo contrariado, permitiu que as cunhadas visitassem a mulher. Quando as duas irmãs encontraram Psiquê tão feliz, baniram imediatamente dos seus corações, a tristeza pelo destino da irmã. Sucederam-se outras visitas. A cada uma delas, as princesas viam a irmã mais feliz. Esta felicidade passou a incomodá-las profundamente. Tanto, que passaram a pôr dúvidas no coração de Psiquê. Como poderia saber quem dormia ao seu lado, se nunca lhe tinha visto o rosto? E se fosse o mais terrível dos monstros? Afinal o oráculo de Apolo previra que ele seria um monstro. E se esse monstro a matasse um dia? Apesar de garantir às irmãs que o marido não lhe parecia um monstro, elas perguntava-lhe se ele era belo e jovem, por que não lhe mostrava o rosto?
A cada visita das irmãs, uma nova dúvida era posta na mente de Psiquê, até que ela deixou o veneno da desconfiança tomar-lhe o coração. Orientada pelas irmãs, Psiquê deveria preparar uma faca afiada e uma lâmpada de azeite, esperar que o marido adormecesse, iluminasse a sua face com a lâmpada, se fosse um monstro, matá-lo com a faca. Invadida pela dúvida, assim agiu a atormentada princesa. Após uma longa noite de amor, Eros adormeceu exausto. Psiquê aproveitou o sono do amado, para acender a lâmpada e ver o seu rosto. Quando a luz iluminou a face do amante, Psiquê pôde contemplar não um monstro, mas o mais belo de todos os deuses, o belo filho de Afrodite! Emocionada, lágrimas rolaram pelo rosto da mulher. Sentia-se culpada por ter quebrado a promessa que fizera ao marido. Sem querer, Psiquê entornou o azeite quente da lâmpada nas costas de Eros. O deus do amor acordou com a dor que lhe causara o azeite. Viu o seu rosto iluminado por Psiquê, percebendo o que se tinha sucedido. Triste, Eros levantou-se e partiu, deixando a mulher. Psiquê ainda correu atrás do marido, mas ouviu-lhe a voz, ao longe, a dizer-lhe:
“O Amor não vive sem confiança.”

A Alma Sacrifica-se Pelo Amor

Eros recolheu-se no castelo de Afrodite, para que ela lhe curasse a ferida feita nas costas. Ao saber da verdade, do amor do filho pela mortal, a deusa sentiu-se traída, jurando que Psiquê jamais viria o filho outra vez.
Abandonada por Eros, Psiquê percorreu todos os oráculos da Grécia, a procura do paradeiro do amado. Mas todos os deuses, temendo à fúria de Afrodite, nada revelaram à bela princesa. Por fim, Psiquê decidiu buscar a ajuda da própria Afrodite. Foi recebida com escárnio pela deusa do amor. Para dar notícias do filho, Afrodite impôs à triste mulher, várias tarefas impossíveis de serem cumpridas. A primeira foi a de que, até o fim do dia, Psiquê trouxesse um grande número de grãos de todas as sementes do mundo. A infeliz mulher saiu desesperada em busca dos grãos. Ao ver quão impossível era a tarefa para uma mortal, os deuses do Olimpo ficaram comovidos. Apolo ordenou às formigas que juntassem os grãos em volta da princesa. Assim, após a fadiga da tarefa, Psiquê cumpriu o que lhe ordenara a deusa da beleza.
Afrodite ficou furiosa, pois tinha certeza que Psiquê fora ajudada. Como punição, fez com que ela, a partir daquele dia, passasse a dormir no chão frio, sem qualquer proteção, e como alimento, teria apenas a côdea de um pão duro e velho, para que assim, definhasse e perdesse a beleza. Psiquê submeteu-se sem pestanejar, a mais esta prova.
Sucessivas e perigosas tarefas foram impostas por Afrodite à pobre Psiquê, que cumpriu obstinada a cada uma delas, sempre ajudada pela compaixão dos deuses, que veladamente vinham em socorro da apaixonada princesa.
Por fim, Afrodite ordenou que Psiquê fosse ao Hades, o mundo dos mortos, e pedisse a rainha daquele reino, Perséfone (Prosérpina), que pusesse numa caixa um pouco da sua beleza, para que se recuperasse a deusa do amor das longas noites de vigília a cuidar da ferida do filho. Psiquê levou dias para descobrir o caminho dos infernos. Com perseverança, contou com a ajuda de todos aqueles que lhe cruzavam o caminho. Comovida com o sofrimento da jovem, Perséfone, a rainha dos infernos, entregou a caixa da beleza a ela, para que a levasse até Afrodite.
Quando voltou ao mundo dos vivos, Psiquê sentiu-se esgotada. Olhou-se em uma fonte. Estava fraca, envelhecida, perdera a beleza. Pensou que Eros jamais voltaria a olhar para ela vendo-a daquele jeito. Atormentada por esta idéia, Psiquê decidiu não cumprir aquela tarefa imposta por Afrodite. Abriu a caixa que trazia um pouco da beleza de Perséfone, para que pudesse recuperar um pouco da sua, pensando assim, evitar que Eros a abandonasse quando a visse outra vez. Ao abrir a caixa, uma grande maldição pousou sobre a infeliz princesa, que foi acometida de um sono profundo, caindo adormecida sobre as flores do bosque.
Recuperado da ferida, Eros fugiu à vigilância de Afrodite, decidido a procurar pelo amor perdido. O deus encontrou Psiquê adormecida no bosque, ao lado de uma fonte. Aproximou-se dela, aprisionando o sono da morte que a envolvia, dentro da caixa de Perséfone. Depois tocou a amada com uma das suas flechas de ouro, fazendo com que despertasse. Ao ver novamente o rosto do amado, Psiquê sorriu-lhe emocionada, atirando-se nos seus braços. Ao saber de todos os sacrifícios que ela fizera pelo seu amor, Eros decidiu desposá-la para sempre. Pediu a Zeus que tornasse a mulher imortal. O senhor do Olimpo atendeu ao pedido do deus, dando ele mesmo a ambrosia da imortalidade para que a bela jovem bebesse. Quando Afrodite quis impedir a união do filho, já era tarde. Psiquê tornara-se imortal, e já nada se poderia fazer contra ela. O Amor cobiçara a mortalidade da Alma, apaixonando-se por ela, fazendo-a imortal. Amor e Alma estavam unidos para sempre, imortais que eram, só um poderia fazer o outro feliz e completo. Da união dos dois nasceu a Volúpia.
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Sexta-feira, 6 de Março de 2009

MANOEL CARLOS - O PAI DAS HELENAS

 

 
Há pouco mais de trinta anos estreava como autor de telenovelas, um dos maiores nomes da teledramaturgia brasileira, Manoel Carlos. Ator, adaptador de diversos teleteatros, diretor e escritor de programas humorísticos, variedades e musicais, Manoel Carlos tornou-se novelista aos 45 anos de idade. Começou com a novela “Maria Maria”, na TV Globo, em 1978. Aos poucos, construiu uma carreira sólida e respeitada tanto pela crítica, como pelos atores, diretores e, principalmente, pelo público.
Trazendo uma linguagem centrada no perfil psicológico das personagens, Manoel Carlos é tido como o dramaturgo da alma feminina. Suas mulheres são mais ricas e interessantes do que as suas personagens masculinas. É através das mulheres que o autor imprime a sua mensagem, o universo feminino surpreende diante das emoções. À mulher é permitida a expressão de todos os sentimentos. As telenovelas de Manoel Carlos giram em torno de uma Helena (nome que o autor batiza às suas personagens centrais) e das mulheres à sua volta. Os homens no universo das Helenas são meros coadjuvantes dos caprichos delas, dos seus sonhos, da sua evolução como mulher. Inconfundivelmente um mestre que desvenda a alma feminina, Manoel Carlos é o autor preferido das atrizes, fazer uma Helena é a ambição máxima de qualquer estrela de telenovelas. Conhecer um pouco do universo de Manoel Carlos é mergulhar em uma riqueza de conteúdo cada vez mais raro de ser encontrado nas novelas brasileiras.

A Estréia nas Novelas das 18 Horas

Manoel Carlos Gonçalves de Almeida, nascido em São Paulo, em 1933, passou a maior parte da vida dedicando-se à televisão. Dirigiu, escreveu e produziu programas que fazem parte da história da televisão brasileira, como “Fantástico”, “O Fino da Bossa” e “A Família Trapo”, só para citar alguns exemplos.
Sua carreira como autor de telenovelas começou quando adaptou, em 1978, o romance “Maria Dusá”, de Lindolfo Rocha, escritor que desde o princípio do século estava em completo ostracismo. A partir da obra de Lindolfo Rocha surgiu “Maria Maria”, novela das 18 horas, protagonizada por Nívea Maria e Cláudio Cavalcanti. Ao contrário da teledramaturgia urbana que se tornaria uma característica das novelas de Manoel Carlos, “Maria Maria” era uma novela rural, centrada no sertão e no garimpo brasileiros. Nívea Maria, numa das melhores composições da sua carreira, fazia as gêmeas Maria Alves e Maria Dusá, separadas quando crianças, vendidas pelo pai por um saco de grãos durante a seca que matou de fome muitos nordestinos, em 1860. A novela tornou-se um sucesso, assumindo dimensões e diálogos que faziam lembrar o filme “... E o Vento Levou”. As palavras finais de Maria Dusá eram uma adaptação da personagem de Scarlet O’Hara. Na trilha sonora da novela foi incluída “Romaria”, na voz do seu autor, Renato Teixeira, que serviu para criar belas cenas e consolidar a canção no imaginário da MPB.
Com o sucesso de “Maria Maria”, no ar até junho de 1978, Manoel Carlos teve uma folga de pouco mais de três meses, e a sua segunda novela, “A Sucessora”, estreou em outubro daquele ano. Na época, o horário das novelas das 18 horas na TV Globo era dedicado às adaptações de obras da literatura brasileira. “A Sucessora” não fugia à regra, baseava-se no romance homônimo de Carolina Nabuco. A curiosidade a respeito deste romance, é que ele teria sido plagiado pela escritora britânica Daphné Du Maurier, dando origem ao romance “Rebecca”, que por sua vez foi adaptado para o cinema por Alfred Hitchcock, em 1940: “Rebecca, a Mulher Inesquecível”. Apesar de conservar os nomes das personagens do livro de Carolina Nabuco, a adaptação da novela é toda feita em cima do romance “Rebecca” e do filme de Hitchcock. O resultado foi uma das melhores novelas do horário das 18 horas da TV Globo. A história de Marina Steen (Suzana Vieira) e a sua luta psicológica para conquistar o marido Roberto Steen (Rubens de Falco), apagando a memória da mulher morta, empolgou o Brasil. “A Sucessora” consolidava o estilo de Manoel Carlos. Marina Steen lutava com uma morta, Alice Steen, personagem que só aparecia na novela através de um imenso quadro na parede. Quanto mais a sucessora da mulher do quadro parecia absurda, mais ela era verdadeira e a única a desafiar o absurdo. Suzana Vieira cita a personagem desta novela como uma das melhores que ela já fez. “A Sucessora” transformou Paulo Figueiredo, que conquistou o Brasil vivendo o carrancudo Miguel, em galã da Globo. Ao viver a governanta Juliana, Nathália Timberg despertou ódio e comoção. Era uma vilã com características humanas, típica da obra de Manoel Carlos. Suspense romântico e psicológico, digno dos filmes de Hitchcock, “A Sucessora” foi uma das mais bem-sucedidas novelas da história da teledramaturgia brasileira.

O Salto Para o Horário Nobre

Depois do sucesso de “A Sucessora”, Manoel Carlos só voltaria a escrever novelas em 1980, quando foi convidado por Gilberto Braga para ajudá-lo a terminar a novela “Água Viva”. Antes Manoel Carlos fez parte da equipe de criação do seriado “Malu Mulher”, para o qual escreveu alguns episódios, acontecendo o primeiro encontro do autor com a atriz que mais interpretaria as suas Helenas, Regina Duarte.
Em 1981 a Rede Globo, que teve Janete Clair no ar no horário nobre por dez anos consecutivos, começava a dar maior fôlego à autora, buscando novos autores para o horário mais importante da emissora. Manoel Carlos estreava uma história totalmente sua em horário nobre: “Baila Comigo”. O nome da novela foi um jogo de marketing da emissora e da sua gravadora Som Livre, para promover o disco de Rita Lee. Recorrendo ao folhetim tradicional, novamente a história dos gêmeos separados ao nascer, desta vez João Victor e Quinzinho (Tony Ramos), filhos gêmeos de Helena (Lílian Lemmertz) e de uma aventura com o seu patrão Quim (Raul Cortez), casado com Marta (Tereza Raquel), que não podia ter filhos. Quim fica com João Victor, criando-o com a mulher, e Quinzinho com Helena, que se casa com Plínio (Fernando Torres). Ao contrário do que se propunha, a história fugia do melodrama, trazendo personagens ricos e de forte presença psicológica. “Baila Comigo” trazia a primeira Helena de Manoel Carlos, trabalho primoroso da saudosa Lílian Lemmertz, que concorreu com esta personagem, a todos os prêmios daquele ano, alcançando na sua estréia na Globo, o apogeu de popularidade da sua carreira. A personagem Helena era para ser vivida pela atriz Fernanda Montenegro, há muitos anos afastada da televisão, mas a produção decidiu escalar Lílian Lemmertz para viver o papel. Diante do imprevisto, Manoel Carlos criou outra personagem para Fernanda Montenegro viver, o da atriz Silvia. Três cenas antológicas de “Baila Comigo” entraram para a história das telenovelas: a de Helena e Plínio, já velhos, indo ao motel, descobrindo as faces do sexo na maturidade; a cena do corno magnífico Mauro (Otávio Augusto), que cansado das traições da mulher Paula (Suzana Vieira), num gesto de vingança suicida, atira um monomotor sobre amante da mulher Caio (Carlos Zara). A cena foi feita ao som da voz de Cauby Peixoto cantando “Loucura”, que se tornaria um grande sucesso nas rádios. E por fim, a cena do encontro dos gêmeos, que valeu a Tony Ramos todos os elogios e reconhecimentos da crítica e do público. “Baila Comigo” foi o maior sucesso da televisão em 1981. Historicamente marcou pelo surgimento da primeira Helena de Manoel Carlos. Pelo encontro do autor com Tony Ramos, que se tornaria por muitos anos, o ator predileto dele. Primeira aparição em novelas do autor da atriz Beatriz Lyra, que se tornaria uma presença obrigatória em quase todas as suas obras; além da atriz Natália do Valle, que passaria a ser uma presença constante na obra de Manoel Carlos.
Após o grande sucesso de “Baila Comigo”, Manoel Carlos escreveria outra história para o horário nobre, “Sol de Verão”, que estreou no final de 1982, obtendo de imediato, um grande sucesso. Desta vez o protagonista de Manoel Carlos não é o galã perfeito das telenovelas, mas um surdo-mudo, Abel (Tony Ramos). A personagem central é Rachel, que marcaria a estréia de Irene Ravache na TV Globo. Rachel quebra os tabus e preconceitos criados em torno do mito da mulher e, de maneira livre e consciente, arrisca a ser feliz. Mulher de classe média alta, ela deixa o marido Virgílio (Cecil Thiré) e o suposto casamento perfeito. Na procura de um sentido para si mesma, ela se envolve com o rude mecânico Heitor (Jardel Filho). O romance de Heitor e Rachel agrada o grande público. Também o de Abel e Clara, aqui uma adolescente Débora Bloch vivendo a sua primeira protagonista. O sucesso imenso da novela foi interrompido por uma tragédia: a morte do ator Jardel Filho, em 19 de fevereiro de 1983. O ator sofreu um ataque cardíaco fulminante, nas gravações dos capítulos que precederam à sua morte, ele se queixava de imensa fadiga, transpirava muito, o que dificultava a maquiagem para esconder esta transpiração. Revoltado e abalado, Manoel Carlos abandonou a novela, dizendo-se impossibilitado de terminá-la. Esta atitude provocou duras críticas, inclusive de Janete Clair, que o acusou de falta de profissionalismo. Com o afastamento de Manoel Carlos e a morte de um dos protagonistas da história, a Globo optou por sumir com a personagem, encurtando a novela. Mais 17 capítulos seriam escritos por Lauro César Muniz, com a colaboração de Gianfrancesco Guarnieri e Paulo Figueiredo, atores que participavam da trama. O que começara com um grande sucesso, terminara em um fracasso trágico, o público desistiu de “Sol de Verão”. A Globo desistiu de Manoel Carlos, que deixou a emissora, só a ela retornando nos anos 90.

Seriados e Séries na Década de 80

Longe do horário nobre, Manoel Carlos escreveu episódios do seriado “Joana”, uma produção independente do diretor Guga de Oliveira, protagonizada por Regina Duarte. O seriado era quase que um remake de “Malu Mulher”. A primeira temporada foi vendida em 1984, para a TV Manchete, e a segunda para o SBT, em 1985. No seriado o ator que interpretava o ex-marido de Joana era Umberto Magnani. Este ator é ícone na obra de Manoel Carlos, que declararia anos depois, que não escreve uma história sem ter uma personagem para o ator viver.
Ainda em 1984, Manoel Carlos escreveria para a Manchete a minissérie “Viver a Vida”, com inspiração no livro de Theodore Dreiser, “Uma Tragédia Americana”. A história obteve uma boa audiência na emissora. Trazia como protagonistas Paulo Castelli, Louise Cardoso e Claudia Magno.
Manoel Carlos voltaria a escrever novela em 1986, “Novo Amor”, desta vez para a TV Manchete. A novela teve apenas 59 capítulos, tendo como protagonista a atriz Renée de Vielmond, ladeada por Carlos Alberto, Nuno Leal Maia, Nathália Timberg, Esther Góes, Beatriz Lyra, entre outros.
Após um afastamento de três anos, Manoel Carlos escreveria uma minissérie para a TV Bandeirantes, “O Cometa”, em 1989, uma adaptação do romance “Ídolo de Cedro”, de Dirceu Borges. Aqui Manoel Carlos contou com a colaboração do filho Ricardo de Almeida, que viria a falecer anos mais tarde.

A Volta das Helenas

Quase uma década se passou, quando Manoel Carlos voltou a escrever uma telenovela para a TV Globo. Em 1991, baseado em tramas e histórias de Aníbal Machado, escreveu “Felicidade”. Voltava à emissora carioca no horário que começara em 1978, às 18 horas. Nascia a sua segunda Helena, desde então o nome foi dado a todas as suas protagonistas. Vivida por Maitê Proença, Helena é uma mulher bela, que atrai o interesse e o amor dos homens que a ladeiam, mas o seu amor por Álvaro (Tony Ramos), com quem teve uma filha no passado, continua velado, platônico, fazendo com que ela menospreze todos os pretendentes e centralize a sua vida no amor à filha Bia (Tatyane Goulart). A novela trouxe de volta o universo psicológico de Manoel Carlos, mais maduro, mais seguro. Revelou para o país a atriz Vivianne Pasmanter, que estreava na pele da neurótica Débora. Umberto Magnani e Ariclê Perez comoveram o país como os pais de Helena, desde então, Magnani nunca mais saiu de uma trama do autor.
Em 1995 Manoel Carlos criaria um delicioso folhetim, “História de Amor”. Produção delicada, marcava a estréia de Regina Duarte como protagonista de uma novela das 18 horas, e como uma Helena de Manoel Carlos. Na sinopse original Helena disputaria o amor de Carlos (José Mayer) com a filha Joice (Carla Marins), mas devido à leveza do horário de exibição da história, o autor modificou a história. A novela abordava com profundidade e extrema delicadeza a gravidez na adolescência; o câncer de mama, momento antológico vivido por Marta (Bia Nunes); a deficiência física do malgrado atleta Assunção (Nuno Leal Maia). “História de Amor” marcou a última participação em novelas da atriz Yara Cortes, que viveu a carismática Dona Olga, uma senhora de 90 anos, uma personagem sob medida para esta atriz inesquecível. Destaque ainda para os trabalhos de Eva Wilma e Cláudio Corrêa e Castro, que viveram um casal falido que emocionou o Brasil. “História de Amor” trouxe para o universo de Manoel Carlos o ator José Mayer, que se tornaria uma constante em sua obra.
Em 1997 Manoel Carlos voltaria ao horário nobre com a novela “Por Amor”. Desta vez Helena (Regina Duarte) representa o sacrifício máximo que uma mãe faz em prol da filha Eduarda (Gabriela Duarte). Mãe e filha engravidam ao mesmo tempo, dando à luz no mesmo dia. Eduarda tem uma saúde frágil e não poderá mais ser mãe, para piorar as coisas, o filho dela morre horas depois de ter nascido. Para poupar a filha de tão duro sofrimento, Helena troca, às escondidas, as crianças, tomando para si o filho morto, entregando o seu para a filha criar. A novela tocou em várias feridas de temas considerados tabus, como o alcoolismo de Orestes, criação magistral de Paulo José, seu relacionamento com a filha Sandrinha (Cecília Dassi) lembravam um Chaplin vagabundo e carismático. Homossexualismo, preconceito racial, aborto, vários foram os temas polêmicos traçados. A novela teve cenas de sensualidade e torpor com o casal Nando (Eduardo Moscovis) e Milena (Carolina Ferraz) de grande beleza e impacto, que valeu aos atores passaporte para protagonizarem o remake de “Pecado Capital”. O grande destaque foi para a personagem vilã Branca, uma das melhores criações da atriz Suzana Vieira.
Em 2000 “Laços de Família” trazia a quinta Helena de Manoel Carlos, desta vez vivida pela belíssima Vera Fischer. A personagem serviu para reabilitar de forma decisiva, a imagem da atriz, bastante atingida nos anos 90 pela droga e pelo fiasco do fim do seu casamento com o ator Felipe Camargo. O tema da disputa entre mãe e filha pelo amor do mesmo homem é finalmente explorado pelo autor. Camila (Carolina Dieckmann) apaixona-se pelo namorado da mãe, Edu (Reynaldo Gianecchini). Diante do amor da filha, Helena abre mão do namorado. “Laços de Família” registrou mais uma cena que se tornou antológica, Camila, lutando contra uma leucemia, tem o cabelo raspado, a cena comoveu o Brasil, subindo aos picos a audiência da novela. Tony Ramos criou um sofrido e sensível Miguel, ganhando alguns prêmios por esta interpretação. Destaque para a prostituta Capitu, vivida por Giovanna Antonelli. Primeiro trabalho como ator do então modelo Reynaldo Gianecchini. “Laços de Família” abordou com seriedade e delicadeza o tema da impotência masculina, através da personagem Viriato (Zé Victor Castiel). “Laços de Família” marcou a estréia da atriz Juliana Paes, trouxe de volta o ator Flávio Silvino, que sofreu um acidente no início da década de 90, que lhe afetou para sempre a fala e os movimentos, vivendo uma personagem que passou pelo mesmo drama.
Mulheres Apaixonadas”, de 2003, trouxe Christiane Torloni no papel de Helena. A atriz estava escalada para fazer a novela de Antonio Calmon, “O Beijo do Vampiro”, diante do convite de Manoel Carlos, foi liberada, sendo substituída por Claudia Raia. Christiane Torloni tinha interpretado a filha da primeira Helena (Lílian Lemmertz), em 1981. De todas as Helenas criadas até então, esta foi a menos marcante. Uma das características das Helenas de Manoel Carlos sempre foi a maternidade e os sacrifícios que elas faziam em prol dos filhos. Faltou isto à Helena de “Mulheres Apaixonadas”, o que a tornou uma personagem sem objetivos e sem o carisma das anteriores. Pela primeira vez as tramas paralelas foram tão ou mais importantes do que a trama da Helena. Grande destaque para a personagem Heloísa (Giulia Gamm), que mostrou a psicologia de mulheres que não sabem amar, dilaceradas pelo ciúme doentio. Também o drama de Rachel (Helena Ranaldi) e do seu marido Marcos (Dan Stulbach), um homem violento, deixou o telespectador sem fôlego. Nunca a violência contra a mulher foi tão visceralmente retratada como aqui. A cena que Marcos bate em Rachel com uma raquete de tênis foi de grande impacto dramático e visual. Outro drama que causou polêmica foi a dos avós que eram maltratados pela neta. Carmen Silva, então com 84 anos, e Oswaldo Louzada, com 90 anos (ambos falecidos em 2008), emocionaram o país, e a atriz Regiane Alves, intérprete da neta, tornou-se a vilã mais odiada da novela. A novela mesclou ficção e realidade, a personagem Fernanda (Vanessa Gerbelli) morria nas ruas do Rio de Janeiro vítima de bala perdida. Aproveitando o drama da personagem, a novela registrou a passeata “Brasil Sem Armas”, feita nas ruas da cidade maravilhosa em um domingo de setembro.
Em 2006 Regina Duarte viveria a sua terceira Helena, em “Páginas da Vida”. Foi a novela em que Manoel Carlos mais tratou de temas específicos, como homossexualismo, Aids, síndrome de Down, traição, sexo, enfim, foram tanto os temas, que a trama passou superficialmente por todos eles. O excesso de personagens prejudicou a evolução psicológica delas, dando a sensação de que a novela ainda não tinha começado, quando já estava no seu final. A própria Helena, que começou a novela em uma cena clássica de Manoel Carlos, traída pelo marido Greg (José Mayer), separava-se após uma grande discussão dramática, que prometia um grande papel, tornou-se decorativa, assim como a maioria das personagens que muito prometiam, como Carmem (Natália do Valle), Olívia (Ana Paula Arósio) ou Tereza (Renata Sorrah). Frustrante foi a tão aguardada volta de Sonia Braga às novelas. Sua personagem Tônia não aconteceu. Estava destinado um caso de amor entre Tônia e o patriarca Tide, personagem de Tarcísio Meira, mas uma virose deixou o ator sem voz, longe da novela por dois meses. O romance de Tônia e Tide só aconteceu na última semana de exibição da novela. Diante de tantas tramas mornas, o grande destaque da novela ficou para o folhetim tradicional, a menina pobre Telma (Grazielli Massafera) que conquista o coração do rapaz rico Jorge (Thiago Lacerda). Destaque também para Marina (Marjorie Estiano) e seu drama com o pai alcoólico (Eduardo Lago). Mas a novela foi de Nanda (Fernanda Vasconcelos) que morre na primeira fase e permanece como fantasma no resto da trama, e da sua mãe Marta (Lília Cabral), a grande e excepcional vilã da novela. “Páginas da Vida” perdeu-se nas propostas das personagens, pecou pelo excesso de tramas, tornando-se uma das novelas menos marcante de Manoel Carlos.
A dramaturgia de Manoel Carlos é voltada para a família, retratada nos bairros da zona sul do Rio de Janeiro, evidencia os seus problemas, a renovação constante dos seus valores, os tabus permanentes criados pela evolução social do ser humano, sempre centrados na figura da mulher. As tramas acontecem no cotidiano, à mesa, no café da manhã, na cozinha da casa, nos quartos, na conversa dos criados. A ação não está concentrada nos atos, mas nas palavras. Fazer uma Helena de Manoel Carlos é a realização máxima de uma atriz, que proporciona sempre grandes momentos vividos nas pequenas telas da televisão brasileira.

OBRAS

Telenovelas:

1978 – Maria Maria –TV Globo
1978/1979 – A Sucessora – TV Globo
1980 – Água Viva (colaborador de Gilberto Braga) – TV Globo
1981 – Baila Comigo – TV Globo
1982/1983 – Sol de Verão – TV Globo
1986 – Novo Amor – TV Manchete
1991/1992 – Felicidade – TV Globo
1995/1996 – História de Amor – TV Globo
1997/1998 – Por Amor – TV Globo
2000/2001 – Laços de Família – TV Globo
2003 – Mulheres Apaixonadas – TV Globo
2006/2007 – Páginas da Vida – TV Globo

Seriados:

1979/1980 – Malu Mulher (co-autor) – TV Globo
1984/1985 – Joana (co-autor) – TV Manchete, SBT

Mini-Séries:

1984 – Viver a Vida – TV Manchete
1989 – O Cometa – TV Bandeirantes
2001 – Presença de Anita – TV Globo
2009 – Maysa – TV Globo
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Segunda-feira, 2 de Março de 2009

OS MESES DO ANO - OUTUBRO

 

 
Outubro é o segundo mês do outono no hemisfério boreal e da primavera no hemisfério austral. É o mês que encerra as vindimas (iniciadas em setembro) no hemisfério norte, começando a produção do vinho. No Brasil é o mês da colheita das jabuticabas, fruta típica do país.
Décimo mês do ano do Calendário Gregoriano, possui 31 dias. Outubro inicia no mesmo dia da semana que inicia Janeiro, com exceção para os anos bissextos. Tem o seu nome derivado do latim October (octo significa oito), no antigo Calendário Romano Outubro era o oitavo mês do ano, que se iniciava em Março. Com a reforma do Calendário Juliano, Janeiro passou a ser o primeiro mês do ano. Originalmente Outubro tinha 30 dias, com a transformação do mês de Sextilis em Agosto e este passar a ter 31 dias, Outubro e Dezembro mudaram a disposição que alternavam os dias dos meses, passando ambos a ter 31 dias.
Outubro inicia-se astrologicamente com o Sol no signo de Libra (Balança) e termina no signo de Escorpião. Astronomicamente, o Sol inicia-se na constelação de Virgem (Virgo) e termina na constelação de Libra (Balança).
Outubro entrou para a história como o mês da Revolução Bolchevique (1917) e como o mês da criação oficial da Organização das Nações Unidas (ONU), ocorrida em 24 de Outubro de 1945.

Outubros na História do Mundo

01 de Outubro
331 a.C. – Travada a Batalha de Gaugamela, com a vitória de Alexandre, o Grande, sobre Dario III da Pérsia (na foto, A Batalha de Gaugamela, pintado por Jan Brueghel, 1602).
1946 – Doze ex-líderes nazistas são condenados à morte pelo Tribunal de Nuremberg.
1962 – É fundada, em Londres, Inglaterra, a Anistia Internacional.

02 de Outubro
1910 – Acontece o primeiro acidente aéreo da história da aviação, entre dois aviões, em Milão, Itália.
1941 – Iniciada a primeira etapa da invasão alemã sobre Moscou, durante a Segunda Guerra Mundial.
1985 – Morre, nos Estados Unidos, o ator Rock Hudson, primeira personalidade pública no mundo a reconhecer ter o vírus da Aids.

03 de Outubro
1792 – Lançada a pedra fundamental na Casa Branca, em Washington.
1932 – O Iraque declara a sua independência da Grã-Bretanha.
1990 – A Alemanha é reunificada, adotando Berlim como capital.

04 de Outubro
1830 – A Bélgica torna-se independente da Holanda.
1910 – Uma revolução republicana em Portugal derruba o rei Manuel II, que é obrigado a fugir para a Inglaterra.
1957 – Lançado no espaço, pela União Soviética, o primeiro satélite artificial, o Sputnik 1.

05 de Outubro
1582 – O papa Gregório XIII faz reformas no calendário, substituindo o antigo, o calendário Juliano, por um que passará a chamar Gregoriano.
1908 – Fernando I declara a independência da Bulgária, que se separa do Império Otomano.
1910 – Proclamada a República em Portugal.

6 de Outubro
1927 – Estréia, no teatro Warner, em Nova York, o primeiro filme comercial sonoro, “O Cantor de Jazz”.
1973 – Deflagrada a Guerra do Yom Kippur, após um ataque do Egito e da Síria a Israel durante as comemorações do feriado do calendário judaico.
1981 – Assassinado, no Cairo, durante um desfile militar, o presidente egípcio Anwar Sadat.

07 de Outubro
1949 – Fundada a República Democrática Alemã (RDA), na zona ocupada pelo exército soviético durante a ocupação à Alemanha nazista.
1985 – Comando terrorista palestino seqüestra, no Mar Mediterrâneo, o transatlântico italiano Achille Lauro, com 454 pessoas a bordo.
2001 – Estados Unidos e Grã-Bretanha iniciam ataques ao Afeganistão, em represália aos atentados terroristas em 11 de setembro, que derrubaram as torres do World Trade Center, em Nova York (na foto, soldado confirmam a invasão).

08 de Outubro
1912 – Conflito nos Bálcãs gera uma guerra que confronta a Bulgária, a Grécia, o Montenegro e a Sérvia contra a Turquia.
1967 – Che Guevara é capturado e executado nas selvas bolivianas.
1998 – José Saramago vence o Prêmio Nobel de Literatura, sendo o primeiro escritor de língua portuguesa a ser laureado com este galardão.

09 de Outubro
1874 – Fundada em Genebra, Suíça, a União Postal Internacional.
1962 – Declaração de independência do Uganda.
1985 – Termina com um morto, o seqüestro do transatlântico Achille Lauro, por terroristas palestinos.

10 de Outubro
1911 – Revolucionários liderados por Sun Yat-Sen, começam a revolução que derrubaria a dinastia Manchu.
1944 – Crianças ciganas são exterminadas na câmara de gás em Birkenau, na Polônia.
1964 – Iniciados os Jogos Olímpicos de Tóquio, no Japão.

11 de Outubro
1928 – O dirigível Conde Zeppelin, levanta vôo, rumando pela primeira vez, da Alemanha aos Estados Unidos.
1962 – O papa João XXIII abre o Concílio Vaticano II, na basílica de São Pedro.
1963 – Morre a cantora francesa Edith Piaf.

12 de Outubro
1492 – Cristóvão Colombo aporta em uma das ilhas das Bahamas, descobrindo um novo continente, pensando ser a Índia.
1964 – Leonid Brejnev substitui Nikita Khrushchev como secretário-geral do Partido Comunista da União soviética (PCUS).
1971 – Realizada uma faustosa celebração em Persépolis, no Irã, governado pelo xá Reza Pahlavi, para a comemoração dos 2.500 do Império Persa.

13 de Outubro
54 a.C. – Cláudio, imperador romano, morre envenenado por sua mulher Agripina, mãe de Nero.
1884 – Determinada a linha imaginária do Meridiano de Greenwich como ponto de referência para a determinação dos fusos horários.
1952 – Inaugurada a sede definitiva da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.

14 de Outubro
1923 – Implantado o calendário Gregoriano na União Soviética, substituindo o antigo calendário Juliano.
1964 – Martin Luther King é laureado com o Prêmio Nobel da Paz, por sua luta pelos direitos dos negros nos Estados Unidos.
1994 – O Gabão é atingindo por um surto epidemiológico causado pelo vírus ebola, morrendo 90% dos infectados nas primeiras horas (na foto, vítima do ebola sendo tratada).

15 de Outubro
1582 – França, Espanha, Portugal e Estados Italianos adotam o calendário Gregoriano.
1917 – Executada em Vincennes, próximo a Paris, Mata Hari, acusada de espionagem durante a Primeira Guerra Mundial.
1979 – Carlos H. Romero, presidente de El Salvador, é derrubado por uma junta militar.

16 de Outubro
1311 – Extinta em Portugal, a Ordem dos Cavaleiros do Templo, os Templários.
1769 – O Conde de Oeiras, Sebastião José de Carvalho e Melo, é feito marquês de Pombal.
1793 – No decurso da Revolução Francesa, a rainha Maria Antonieta é executada na guilhotina.

17 de Outubro
1849 – Morre o compositor polonês Fredéric Chopin.
1904 – Assinado um tratado de paz e amizade entre a Bolívia e o Chile.
1923 – Deflagrado um levantamento popular nas Filipinas contra o domínio dos norte-americanos nas ilhas.

18 de Outubro
1685 – O rei da França, Luís XIV, revoga o dito de Nantes, o que provoca a fuga dos protestantes franceses.
1931 – Morre, aos 84 anos, nos Estados Unidos, Thomas Edison, o inventor da lâmpada.
1991 – Reatadas as relações diplomáticas entre Israel e a União Soviética, rompidas desde 1967.

19 de Outubro
1469 – Casamento de Fernando de Aragão e Isabel de Castela, selando a unificação dos reinos espanhóis.
1994 – A explosão de uma bomba dentro de um ônibus, em Tel Aviv, Israel, mata 22 pessoas.
1999 – Ratificação da independência de Timor Leste da Indonésia.

20 de Outubro
1918 – Declarado o fim da Primeira Guerra Mundial, um dos conflitos mais sangrentos da história.
1935 – Fim da Longa Marcha, de mais de 9 mil quilômetros, realizada pelo exército do Partido Comunista Chinês.
1968 – Casamento do magnata grego Aristóteles Onassis, aos 68 anos, com Jacqueline Kennedy, de 39 anos, viúva do malogrado presidente John Kennedy.

21 de Outubro
1805 – Travada a Batalha de Trafalgar, em que a armada franco-espanhola é derrotada pela frota do almirante Nelson, da Inglaterra (na foto, The Battle of Trafalgar, de Clarkson Stanfield).
1963 – Começa o julgamento de Nelson Mandela, líder da luta negra contra o apartheid na África do Sul, preso numa manifestação.
1982 – Gabriel Garcia Márquez, escritor colombiano, é laureado com o Prêmio Nobel de Literatura.

22 de outubro
1383 – Morte do rei dom Fernando, de Portugal, dando origem a uma crise política pela sucessão, só resolvida com a subida ao trono de dom João, Mestre de Aviz.
1938 – Feita, nos Estados Unidos, a primeira cópia xerográfica.
1967 – Diversas manifestações de protestos contra a Guerra do Vietnã são realizadas nos Estados Unidos e no mundo.

23 de Outubro
1956 – Eclode uma revolta popular na Hungria, contra o regime comunista stalinista apoiado pela União Soviética e vigente no país.
1969 – O presidente Richard Nixon anuncia a retirada de tropas norte-americanas do Vietnã.
1998 – A queda da bolsa de valores de Hong Kong atinge todos os mercados financeiros do mundo.

24 de Outubro
1929 – Início do “crash” na Bolsa de Nova York leva o mundo à depressão e milhões de pessoas à falência e à miséria.
1945 – Fundação da Organização das Nações Unidas (ONU), formada por 51 países.
1999 – Fernando de La Rua é eleito presidente da Argentina.

25 de Outubro
1936 – Assinatura de um tratado de amizade entre a Itália fascista e a Alemanha nazista, que daria origem ao Eixo Roma-Berlim, durante a Segunda Guerra Mundial.
1951 – Morre exilada na França, dona Amélia de Orleans e Bragança, última rainha de Portugal, viúva do rei dom Carlos.
1983 – Tropas norte-americanas invadem a ilha de Granada.

26 de Outubro
1905 – Suécia e Noruega, unidas desde 1814, separam-se pacificamente.
1967 – Coroação oficial, após um adiamento de 26 anos, do xá do Irã, Reza Pahlavi.
1980 – Morre, exilado no Brasil, Marcelo Caetano, último presidente do Conselho do regime ditatorial de Portugal, instaurado em 1933 e findado em 1974.

27 de Outubro
1505 – Morre Ivan, o Grande, duque de Moscou e primeiro czar da Rússia.
1986 – Ato ecumênico, liderado pelo papa João Paulo II, reúne representantes das principais religiões do mundo, em Assis, Itália, para rezar pela paz mundial.
1994 – Após o término de uma guerra civil que durou 16 anos, com 600 mil mortos, Moçambique realiza as suas primeiras eleições gerais.

28 de Outubro
1886 – Inaugurada em Nova York, pelo presidente Grover Cleveland, a estátua da Liberdade (na foto, detalhe da estátua).
1918 – Criada a República da Tchecoslováquia, unificando três províncias do antigo Império Austro-Húngaro, a Boêmia, a Moravia e a Eslováquia.
1922 – Mussolini lidera a “Marcha Sobre Roma”, iniciada em Nápoles, dando origem ao regime fascista na Itália.

29 de Outubro
1923 – Fim do Império Otomano e fundação da República da Turquia.
1929 – Continua o colapso na bolsa de valores de Nova York, passando este dia para a história como a “Terça-feira Negra”.
1936 – Prisioneiros políticos portugueses são enviados, pela primeira vez, para a prisão do Tarrafal.

30 de Outubro
1500 – O rei dom Manuel I, de Portugal, depois de ficar viúvo de Isabel de Aragão, casa-se com a irmã da falecida, Maria de Aragão.
1905 – Lançado o Manifesto de Outubro, pelo czar da Rússia, Nicolau II, prometendo uma constituição representativa.
1995 – Plebiscito realizado no Canadá diz não à separação do Quebeque.

31 de Outubro
1517 – Martinho Lutero prega as suas 95 teses na porta do Palácio de Wittenberg, marcando o inicio da Reforma protestante na Alemanha.
1984 – Assassinada a tiros, no jardim da sua casa, a primeira-ministra indiana, Indira Gandhi.
1992 – O papa João Paulo II reconhece que a condenação de Galileu foi injusta.

Outubros na História do Brasil

01 de Outubro
1777 – Assinado entre a Espanha e Portugal o Tratado de Santo Ildefonso, que garante à Espanha a posse da Colônia do Sacramento e dos Sete Povos das Missões, na região do Prata (foto).
1821 – Cortes Constituintes de Portugal ordenam a volta do príncipe dom Pedro a Portugal.

02 de Outubro
1947 – Fundado o Museu de Arte de São Paulo (MASP), por Assis Chateaubriand.
1950 – Morre José Carlos de Brito e Cunha, no Rio de Janeiro, que era conhecido como o chargista J. Carlos.

03 de Outubro
1930 – Iniciado no Rio Grande do Sul, o movimento que derrubaria o presidente Washington Luís e levaria Getúlio Vargas ao poder por 15 anos, conhecido como Revolução de 1930 (foto).
1953 – A lei 2.004 cria a Petrobrás.

04 de Outubro
1838 – Encenada pela primeira vez no Teatro São Pedro, no Rio de Janeiro, a peça Juiz de Paz da Roça, de Martins Pena, primeira comédia brasileira de costumes.
1879 – Morre no Rio de Janeiro, o general Manuel Osório, figura de destaque na Guerra do Paraguai (1864-1870).

05 de Outubro
1897 – Cercados por 5 mil soldados legalistas, caem os últimos combatentes do arraial de Canudos, na Bahia. São eles: dois homens adultos, um idoso e uma criança.
1988 – Promulgada a 7ª Constituição brasileira, a 6ª do regime republicano.

06 de Outubro
1916 – Nasce em Rio Claro, São Paulo, Ulysses Guimarães, um dos políticos brasileiros mais atuantes do século XX.
1963 – Exército ocupa Recife para impedir manifestação de 30 mil trabalhadores rurais.

07 de Outubro
1905 – Morre na Itália, o pintor Pedro Américo, famoso pelo quadro Independência ou Morte!, de 1888.
1932 – Plínio Salgado cria a Ação Integralista Brasileira, agremiação política de inspiração no fascismo italiano.

08 de Outubro
1892 – Inaugurado o bonde elétrico, no Rio de Janeiro.
1907 – Encerrada em Haia, Holanda, a Conferência de Paz que reconheceu o Brasil como a 9ª potência do mundo.

09 de Outubro
1953 – Governo Vargas decide taxar bens de produção importados para favorecer a indústria brasileira.
1970 – Iniciada a construção da Rodovia Transamazônica.

10 de Outubro
1711 – O governador Francisco de Castro Morais assina a capitulação do Rio de Janeiro frente ao corsário francês Dunguay-Trouin, que havia tomado a cidade.
1911 – Iniciada no Rio de Janeiro, a demolição do Convento da Ajuda, construção do século XVIII.

11 de Outubro
1890 – Decreto nº 848 cria o Supremo Tribunal Federal.
1905 – Circula no Rio de Janeiro, pela primeira vez, a revista infantil O Tico-Tico (foto).

12 de Outubro
1798 – Nasce no Palácio da Ajuda, em Portugal, o príncipe Pedro de Alcântara de Bragança e Bourbon, futuro dom Pedro IV de Portugal e I do Brasil.
1822 – Dom Pedro I é aclamado imperador do Brasil.

13 de Outubro
1823 – Circula em Ouro Preto, o Compilador Mineiro, primeiro periódico de Minas Gerais.
1968 – Morre o poeta Manuel Bandeira.

14 de Outubro
1835 – Inaugurado o transporte de barcas ligando o Rio de Janeiro a Niterói.
1968 – São presos em Ibiúna, os participantes do congresso da UNE.

15 de Outubro
1864 – Casamento da princesa Isabel, herdeira do trono do Brasil, com o conde d’Eu.
1957 – Quatrocentos mil trabalhadores em greve durante 11 dias em São Paulo, conquistam reajuste salarial de 25%.

16 de Outubro
1609 – Para aumentar a população branca do Brasil, Filipe II de Portugal (III da Espanha) proíbe a fundação de conventos no Brasil.
1873 – Dom Vital de Oliveira, bispo de Olinda, é denunciado pelo solicitador-geral da Coroa por ter imposto restrições religiosas a membros da Maçonaria.

17 de Outubro
1710 – Iniciado em Pernambuco, o conflito entre os senhores donos dos engenhos açucareiros de Olinda e os comerciantes de Recife, que ficaria conhecido como a Guerra dos Mascates.
1711 – Eclode em Salvador, a Revolta do Maneta, contra o aumento dos impostos.

18 de Outubro
1739 – Condenado pela Inquisição, é executado em Lisboa, Antônio José da Silva, “o Judeu”, dramaturgo nascido no Rio de Janeiro.
1825 – Tratado assinado no Rio de Janeiro entre Brasil e Inglaterra reconheceu a independência brasileira.

19 de Outubro
1901 – Santos Dumont, com o seu dirigível nº 6, contorna a Torre Eiffel (foto).
1913 – Nasce no Rio de Janeiro, Vinícius de Moraes, “o poetinha”, autor em parceria com Tom Jobim, do grande clássico da MPB, Garota de Ipanema.

20 de Outubro
1947 – O Brasil alia-se aos Estados Unidos e rompe relações com a União Soviética.
1991 – Ayrton Senna conquista no Japão, pela terceira vez, o campeonato mundial de Fórmula 1.

21 de Outubro
1838 – Instalado no Rio de Janeiro, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
1889 – Morre em Petrópolis, Irineu Evangelista de Sousa, o visconde de Mauá, um dos responsáveis pela modernização do Brasil no século XIX.

22 de Outubro
1807 – Assinado em Londres um acordo secreto que prevê a transferência da sede do governo português para o Rio de Janeiro.
1823 – Presas no porão do brigue Palhaço, 252 lideranças de uma rebelião no Pará contra o governo provincial são mortas com cal, em episódio conhecido como “Massacre do Palhaço”.

23 de Outubro
1853 – Nasce em Maranguape, Ceará, Capistrano de Abreu, autor de um clássico da historiografia brasileira, Capítulos de História Colonial, de 1907.
1891 – Vetado pelo presidente Deodoro da Fonseca (foto) o projeto da Lei de Responsabilidades, que reduzia as atribuições do presidente.
1906 – Santos Dumont realiza o primeiro vôo em aeroplano, pilotando o 14 Bis.

24 de Outubro
1943 – Manifesto dos Mineiros, assinado por políticos e intelectuais, exige o fim da ditadura de Getúlio Vargas.
1975 – O jornalista Vladimir Herzog é procurado por militares, antes de ser assassinado nas dependências do exército.

25 de Outubro
1917 – O presidente Venceslau Brás comunica ao Congresso o afundamento na Espanha, pela marinha alemã, do navio brasileiro Macau.
1969 – O Congresso, controlado pelos militares, elege o general Emílio Garrastazu Médici presidente da República.

26 de Outubro
1917 – O Brasil declara guerra à Alemanha.
1976 – Presidente Geisel admite a existência de tortura no Brasil.

27 de Outubro
1645 – Carta patente declara que todo príncipe herdeiro do trono português receberá o título de “príncipe do Brasil”.
1733 – Dom João V, rei de Portugal, proíbe a abertura de novas rotas para as minas do interior do Brasil.

28 de Outubro
1924 – Luiz Carlos Prestes comanda levante tenentista no Rio Grande do Sul.
1937 – A escritora Rachel de Queiroz é presa pela polícia política de Getúlio Vargas, acusada de subversão.

29 de Outubro
1810 – Fundação da Real Biblioteca, atual Biblioteca Nacional.
1945 – Movimento militar depõe Getúlio Vargas, no poder desde 1930.

30 de Outubro
1964 – Presidente Castelo Branco nega, em entrevista, denúncias de tortura.
1969 – Emilio Garrastazu Médici, general do exército, toma posse com presidente do Brasil, após ser eleito pelo Congresso.

31 de Outubro
1860 – Morre em Londres, lord Cochrane, organizador da marinha imperial na época da independência.
1902 – Nasce em Itabira, Minas Gerais, o poeta Carlos Drummond de Andrade.
1904 – Aprovada no Congresso lei que tornava obrigatória a vacina antivariólica no Brasil.

Nascidos em Outubro

01 de Outubro
George Peppard, ator norte-americano
Jimmy Carter, ex-presidente norte-americano
Julie Andrews, atriz britânica
Laurence Harvey (foto), ator norte-americano nascido na Lituânia
Richard Harris, ator irlandês
Stella Stevens, atriz norte-americana
Walter Matthau, ator norte-americano

02 de Outubro
Don McLean, cantor e compositor norte-americano
Groucho Marx, ator comediante norte-americano
Mahatma Gandhi, idealista indiano
Norma Blum, atriz brasileira
Sting, músico e cantor britânico

03 de Outubro
Adriana Calcanhoto, cantora e compositora brasileira
Clive Owen, ator britânico
Gore Vidal, escritor norte-americano
José Mayer, ator brasileiro
Márcia de Windsor, atriz brasileira
Orlando Silva, cantor brasileiro
Zé Ramalho, cantor e compositor brasileiro

04 de Outubro
Armand Assante, ator norte-americano
Assis Chateaubriand, jornalista e empreendedor brasileiro
Buster Keaton, ator norte-americano
Charlton Heston, ator norte-americano
Lúcia Alves, atriz brasileira
Prudente de Morais, ex-presidente do Brasil
Susan Sarandon, atriz norte-americana

05 de Outubro
Denis Diderot, filósofo e escritor francês
Iran Malfitano, ator brasileiro
João Lagarto, ator português
Kate Winslet, atriz britânica
Tarcísio Meira, ator brasileiro

06 de Outubro
Altemar Dutra, cantor brasileiro
Britt Ekland, atriz sueca
Carole Lombard (foto), atriz norte-americana
Elisabeth Shue, atriz norte-americana
Renato Corte Real, ator e humorista brasileiro
Roland Garros, tenista e aviador francês
Samara Felippo, atriz brasileira
Ulysses Guimarães, político brasileiro
Zé Kety, músico, cantor e compositor brasileiro

07 de Outubro
Desmond Tutu, bispo e político sul-africano
Heinrich Himmler, nazista alemão
June Allyson (foto), atriz norte-americana
Kalju Lepik, poeta estoniano
Nádia Maria, atriz e comediante brasileira
Vladimir Putin, político russo

08 de Outubro
Chevy Chase, ator norte-americano
Cristina Mullins, atriz brasileira
José do Patrocínio, jornalista, escritor e político brasileiro
Juan Perón, político argentino
Matt Damon, ator norte-americano
Sigourney Weaver, atriz norte-americana

09 de Outubro
Jacques Tati, ator e diretor francês
John Lennon, cantor e compositor britânico
Maria Cláudia, atriz brasileira
Mário de Andrade, poeta e romancista brasileiro
Taiguara, cantor brasileiro nascido no Uruguai

10 de Outubro
Giuseppe Verdi, compositor de óperas italiano
Helen Hayes, atriz norte-americana
Jacqueline Laurence, atriz brasileira nascida na França
Miguel Falabella, ator, dramaturgo e diretor brasileiro

11 de Outubro
Cartola, cantor e compositor brasileiro
François Mauriac, escritor francês
Joan Cusack, atriz norte-americana
Tom Zé, cantor e compositor brasileiro

12 de Outubro
Cláudia Abreu, atriz brasileira
Fernando Sabino, escritor brasileiro
Fúlvio Stefanini, ator brasileiro
Luciano Pavarotti, cantor lírico italiano
Pedro I do Brasil e IV de Portugal, rei e imperador luso-brasileiro

13 de Outubro
Cornel Wilde, ator norte-americano
Fagner, cantor e compositor brasileiro
Margaret Thatcher, política britânica
Nana Mouskouri, cantora grega
Paul Simon, cantor e compositor norte-americano
Yves Montand (foto), ator e cantor franco-italiano

14 de Outubro
Carla Camurati, atriz brasileira
E. E. Cummings, poeta, dramaturgo e pintor norte-americano
Lílian Gish, atriz norte-americana
Roger Moore, ator britânico

15 de Outubro
Agustina Bessa-Luís, escritora portuguesa
Denise Fraga, atriz brasileira
Flávio Migliaccio, ator brasileiro
Friedrich Nietzsch, filósofo alemão
Giuseppe Oristanio, ator brasileiro
John Kenneth Galbraith, economista norte-americano
Manuel da Fonseca, escritor português
Mario Puzo, escritor norte-americano

16 de Outubro
Angela Lansbury, atriz britânica
Carlos Casagrande, ator e modelo brasileiro
Eugene O’Neill, dramaturgo norte-americano
Fernanda Montenegro, atriz brasileira
Leila Pinheiro, cantora brasileira
Oscar Wilde, escritor irlandês
Suely Franco, atriz brasileira
Tim Robbins, ator norte-americano

17 de Outubro
Arthur Miller, dramaturgo norte-americano
Chiquinha Gonzaga, compositora brasileira
João Paulo I, papa italiano
Montgomery Clift (foto), ator norte-americano
Nuno Leal Maia, ator brasileiro
Rita Hayworth (foto), atriz norte-americana

18 de Outubro
George C. Scott, ator norte-americano
Grande Otelo, ator brasileiro
Jean-Claude Van Damme, ator belga
Klaus Kinski, ator alemão
Melina Mercouri, atriz grega

19 de Outubro
Dias Gomes, dramaturgo e novelista brasileiro
Elza Gomes, atriz brasileira nascida em Portugal
Glória Menezes, atriz brasileira
Paulo César Pereio, ator brasileiro
Raul Solnado, ator português
Rubens de Falco, ator brasileiro
Vinícius de Moraes, poeta, compositor e cantor brasileiro

20 de Outubro
Arthur Rimbaud, poeta francês
Bela Lugosi, ator norte-americano nascido na Romênia
Eliane Giardini, atriz brasileira
Maria Zilda, atriz brasileira
Rodrigo Faro, ator brasileiro

21 de Outubro
Alfred Nobel, químico e inventor sueco
Benjamin Netanyahu, político israelense
Dóris Monteiro, cantora brasileira
Lílian Witte Fibbe, jornalista brasileira
Marisa Orth, atriz brasileira
Walter Hugo Khouri, cineasta brasileiro

22 de Outubro
Catherine Deneuve (foto), atriz francesa
Franz Liszt, músico compositor teuto-húngaro
Jeff Goldblum, ator norte-americano
Joan Fontaine, atriz norte-americana nascida no Japão
Juca Chaves, músico e humorista brasileiro
Rolando Boldrin, ator, cantor e apresentador brasileiro
Sarah Bernhardt, atriz francesa

23 de Outubro
Ang Lee, cineasta chinês (Taiwan)
Bianca Byington, atriz brasileira
Pelé, jogador de futebol brasileiro

24 de Outubro
F. Murray Abraham, ator norte-americano
Kevin Kline, ator norte-americano
Odilon Wagner, ator brasileiro
Rosamaria Murtinho, atriz brasileira
Ziraldo, cartunista, escritor e desenhista brasileiro

25 de Outubro
Georges Bizet, compositor francês
Johann Strauss Filho, compositor austríaco
Pablo Picasso, pintor espanhol
Roberto Menescal, músico brasileiro

26 de Outubro
Belchior, cantor e compositor brasileiro
Bob Hoskins, ator britânico
Darcy Ribeiro, antropólogo, escritor e economista brasileiro
François Mitterrand, político francês
Hilary Clinton, política norte-americana
Jaclyn Smith, atriz norte-americana
Milton Nascimento, cantor e compositor brasileiro
Nélia Paula, atriz e vedete brasileira

27 de Outubro
Bruce Lee, ator sino-americano
Dylan Thomas, poeta britânico
Erasmo de Rotterdam, filósofo holandês
Graciliano Ramos, escritor brasileiro
Jean-Pierre Cassel, ator francês
John Cleese, ator britânico
Luís Inácio Lula da Silva, político brasileiro
Mauricio de Sousa, cartunista brasileiro
Roberto Benigni, ator e diretor italiano
Roy Lichtenstein, pintor norte-americano
Theodore Roosevelt, político norte-americano

28 de Outubro
Bill Gates, empresário norte-americano
Dina Sfat, atriz brasileira
Diogo Vilela, ator brasileiro
Eros Ramazotti, cantor italiano
Francis Bacon, pintor irlandês
Garrincha, jogador de futebol
Heloísa Helena, atriz brasileira
Joaquin Phoenix, ator norte-americano nascido em Porto Rico
Julia Roberts, atriz norte-americana
Myriam Muniz, atriz brasileira
Nelson Cavaquinho, músico brasileiro
Rogério Samora, ator português
Ronaldo Bôscoli, compositor, músico e jornalista brasileiro
Zélia Duncan, cantora brasileira

29 de Outubro
Geraldo Del Rey, ator brasileiro
Kate Jackson, atriz norte-americana
Lídia Brondi, atriz brasileira
Nelson Motta, compositor e jornalista brasileiro
Richard Dreyfuss, ator norte-americano
Winona Ryder, atriz norte-americana

30 de Outubro
Ezra Pound, poeta e músico norte-americano
Diego Maradona, jogador de futebol argentino
Gael Garcia Bernal (foto), ator mexicano
Harry Hamlin, ator norte-americano
Louis Malle, cineasta francês
Paul Valéry, poeta francês
Ruth Gordon, atriz norte-americana

31 de Outubro
Barbara Bel Geddes, atriz norte-americana
Bud Spencer, ator italiano
Carlos Drummond de Andrade, poeta brasileiro
Claudette Soares, cantora brasileira
John Keats, poeta britânico
Michael Landon, ator norte-americano
Raphael Rabello, músico e violenista brasileiro
Stephen Rea, ator irlandês
Walderez de Barros, atriz brasileira

Datas Comemorativas

01 de Outubro – Dia Internacional da Terceira Idade
01 de Outubro – Dia do Vendedor
01 de Outubro – Dia Nacional do Vereador
03 de Outubro – Dia Mundial do Dentista
03 de Outubro – Dia do Petróleo Brasileiro
03 de Outubro – Dia das Abelhas
04 de Outubro – Dia da Natureza
04 de Outubro – Dia do Barman
04 de Outubro – Dia do Cão
04 de Outubro – Dia do Poeta
04 de Outubro – Dia de São Francisco de Assis
05 de Outubro – Dia das Aves
05 de Outubro – Dia da Proclamação da República Portuguesa
05 de Outubro – Dia Mundial dos Animais
07 de Outubro – Dia do Compositor
08 de Outubro – Dia do Nordestino
09 de Outubro – Dia do Açougueiro e Profissionais do Setor
10 de Outubro – Semana da Ciência e Tecnologia
10 de Outubro – Dia Mundial do Lions Clube
11 de Outubro – Dia do Deficiente Físico
11 de Outubro – Dia do Teatro Municipal
12 de Outubro – Dia de Nossa Senhora Aparecida
12 de Outubro – Dia da Criança
12 de Outubro – Dia do Atletismo
12 de Outubro – Dia do Engenheiro Agrônomo
12 de Outubro – Dia do Mar
12 de Outubro – Dia do Descobrimento da América
12 de Outubro – Dia do Corretor de Seguros
13 de Outubro – Dia do Terapeuta Ocupacional
13 de Outubro – Dia do Fisioterapeuta
14 de Outubro – Dia Nacional da Pecuária
15 de Outubro – Dia do Normalista
15 de Outubro – Dia do Professor
16 de Outubro – Dia Mundial da Alimentação
16 de Outubro – Dia da Ciência e Tecnologia
16 de Outubro – Dia do Anestesiologista
17 de Outubro – Dia da Indústria Aeronáutica Brasileira
17 de Outubro – Dia do Eletricista
18 de Outubro – Dia do Médico
18 de Outubro – Dia do Estivador
18 de Outubro – Dia do Securitário
18 de Outubro – Dia do Pintor
19 de Outubro – Dia do Profissional da Informática
20 de Outubro – Dia Internacional do Controlador de Tráfego Aéreo
20 de Outubro – Dia do Arquivista
21 de Outubro – Dia do Contato
22 de Outubro – Dia do Contador
23 de Outubro – Dia da Aviação e do Aviador
24 de Outubro – Dia das Nações Unidas – ONU
25 de Outubro – Dia da Democracia
25 de Outubro – Dia do Dentista Brasileiro
25 de Outubro – Dia do Sapateiro
28 de Outubro – Dia de São Judas Tadeu
28 de Outubro – Dia do Funcionário Público
29 de Outubro – Dia Nacional do Livro
30 de Outubro – Dia do Balconista
30 de Outubro – Dia do Comerciário
30 de Outubro – Dia do Fisiculturista
31 de Outubro – Dia Mundial do Comissário de Vôo
31 de Outubro – Dia das Bruxas (Halloween)
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